Faltam dois dias para você cancelar seu Apple Music

A não ser que você pretenda continuar usando o serviço depois do período de degustação, mas...

Paulo Higa
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• Atualizado há 1 ano
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O Apple Music foi lançado em 30 de junho, com direito a um período de degustação de três meses. Isso significa que, caso você esteja experimentando o serviço de streaming de músicas da Apple desde o primeiro dia, tem até quarta-feira (30) para cancelar sua assinatura, antes que a primeira mensalidade seja cobrada. A não ser que você queira continuar no serviço, mas…

Cancelei minha assinatura do Spotify há três meses e passei a usar exclusivamente o Apple Music para escutar músicas, tanto no iPhone quanto no Mac, para formar uma opinião a respeito do serviço e aproveitar para economizar alguns reais. A experiência com o Apple Music foi um misto de sensações boas e ruins — mas o fato é que não houve nenhum motivo para preferir o serviço da Apple.

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Do lado positivo, o Apple Music ganha pontos pela integração com o iOS que apenas a própria Apple poderia desenvolver. Você pode perguntar para a Siri que música está tocando no ambiente e salvar a canção rapidamente no Apple Music. Cansou do toque do seu alarme? Tudo bem: escolha alguma das milhões de músicas disponíveis no serviço. Passou os últimos anos organizando sua própria coleção de MP3? No aplicativo Música, o Apple Music e suas músicas são uma coisa só.

Mas as vantagens não vão muito além disso. A característica que mais senti falta nos últimos três meses foi o fator social. No Apple Music, a experiência é bastante solitária: você escuta o que já conhece, tenta ouvir as playlists pouco inspiradas da Apple e, no final das contas, continua consumindo a mesma coisa de sempre. Afinal, a exemplo do que acontece na Netflix, quando há muitas opções para escolher, entramos no modo automático e partimos para o que é familiar.

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No Spotify, consigo ver rapidamente o que meus amigos estão recomendando e escutando em tempo real. Além disso, cada usuário tem um perfil, que mostra os artistas mais consumidos. Eu descobri uma penca de músicas nos últimos quatro anos, desde quando usava o Rdio, justamente por causa desse fator social. Meu gosto musical se renovou (e continua se renovando) bastante devido aos serviços de streaming.

As playlists criadas pelos especialistas da Apple (se é que é possível ser especialista em gosto musical) são uma ideia bacana, mas não deveriam ser a única fonte; não é possível compartilhar uma playlist sua com todos os usuários do Apple Music, por exemplo. E as recomendações não se mostram tão interessantes: elas se baseiam especialmente em listas de 10 ou 15 músicas com nomes como “Introdução a Coldplay”, “Red Hot Chili Peppers: joias ocultas” e “Elton John: os anos 70” — ou seja, apresentam algo que você já conhece.

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Uma das características mais atraentes do Spotify é justamente a existência de playlists para qualquer ocasião, montadas tanto pelo serviço quanto pelos próprios usuários, inclusive seus amigos (e até algumas empresas), facilmente acessíveis pela busca. Dá para escutar playlists longas e variadas, como “Deixe o Trabalho Mais Rock”, “Feche a Porta” e “Chegando em Casa”, além de temas como “Supernerd” (trilhas de filmes, games e séries), “Deep Focus” (músicas para melhorar a concentração) ou “Top hits para estudar” (do Vestibular FGV).

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Pela minha experiência, o Apple Music também tem decepcionado quanto aos servidores: as músicas constantemente demoram para começar a tocar (ou ficam carregando eternamente) mesmo em conexões rápidas. No 3G ou 4G, elas frequentemente travam no meio, indicando que a Apple ainda precisa melhorar o streaming adaptativo — o Spotify faz um bom trabalho em variar o bitrate da música de acordo com o humor da conexão no momento.

Por fim, tem a questão do preço. O Apple Music cobra em dólares, o que significa uma assinatura individual mais cara: são US$ 5,31 (considerando o IOF de 6,38%, que todos pagam), o que dá em torno de R$ 21 a 23, dependendo do dólar do seu cartão de crédito, enquanto os concorrentes custam R$ 14,90. O plano família do Apple Music, que custa entre R$ 34 e 36, é mais vantajoso apenas se você e no mínimo mais três pessoas compartilham a mesma conta; caso contrário, o Spotify ainda é mais barato.

Eu não tenho dúvidas de que o Apple Music pode se tornar um grande sucesso, embora um estudo mostre que metade dos usuários que testaram o serviço já deixaram de usá-lo. É cômodo, bem integrado nativamente ao player de música do iOS (e ao resto do sistema) e pode ser assinado com um simples toque na tela; não é necessário instalar nada. Mas ele ainda não mostrou a que veio.

Bem-vindo de volta, Spotify. Apple Music, continuaremos nos falando.

Você pretende continuar usando o Apple Music depois do período de degustação?

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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