Immerge é a super câmera da Lytro que promete deixar a realidade virtual mais… real

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 2 semanas
Lytro Immerge

Você se lembra da Lytro, aquela startup que lançou duas câmeras que permitem mudança de foco nas fotos após estas terem sido registradas? Pois bem, ela está de volta com outro projeto fora do comum: nesta quinta-feira (5), a empresa anunciou a Immerge, uma câmera de 360 graus que promete levar a realidade virtual a outro patamar.

Assim como os produtos anteriores da Lytro, a Immerge tem um formato muito inusitado: o dispositivo se parece com um objeto de decoração moderno, um desumidificador de ar ou uma caixa de som redonda, talvez, mas pouco ou nada lembra uma câmera de vídeo.

O design incomum não é apenas questão de capricho: a Lytro não revelou todos os detalhes, mas já se sabe que, para conseguir fazer filmagens em 360 graus, a Immerge foi equipada com dezenas de conjuntos de lentes e sensores posicionados em anéis ou camadas. O formato circular facilita a distribuição dessas lentes.

Lytro Immerge

Simplificando, dá para imaginar a novidade como sendo uma esfera com câmeras apontando para todos os lados. Cada nível é composto por câmeras de 360 graus com características distintas. Mesmo assim, os controles são de rápida assimilação, assegura a Lytro. Pode-se coordenar tudo (taxa de frames, ISO, balanço de branco, etc.) a partir de um app para iPad, por exemplo.

A ideia da empresa com essa sofisticação toda é viabilizar aplicações de realidade virtual que não esbarram nas limitações que encontramos hoje. A mais expressiva delas é a restrição de movimentos: na maioria das vezes, ao usar dispositivos como o Oculus VR, você até consegue girar a cabeça para olhar ao redor, mas precisa fazer isso sem sair do lugar. Essa limitação pode causar algumas sensações incômodas (o Matheus Gonçalves explica o problema neste post).

Já há técnicas que burlam essa restrição, mas elas podem acabar fazendo com que a impressão de realismo seja prejudicada. Os conjuntos de lentes da Lytro Immerge conseguem captar todo o campo de luz do ambiente: cores, intensidade e também direção. Dessa forma, é possível obter níveis de realismo incríveis até mesmo quando o usuário caminha pelo ambiente.

Mas a proposta da câmera não termina aí. A Lytro quer que a Immerge seja usada para cobrir todas as etapas da produção do conteúdo — ou o máximo possível de etapas. Para tanto, o equipamento também contará com seu próprio servidor de armazenamento (afinal, com tantas lentes e sensores, as gravações ocuparão bastante espaço) e fornecerá ferramentas de edição que podem ser complementadas com extensões.

Com tanto requinte, a Immerge chegará ao mercado com um preço bem elevado. A Lytro ainda não deu estimativa de valores, mas podemos pensar facilmente em algo na casa das dezenas de milhares de dólares. Provavelmente, esse será o tipo de equipamento que será feito sob encomenda.

Por aí você já consegue perceber que a Lytro está dando um passo bem audacioso. Mas é necessário mesmo fazê-lo: a câmera Lytro original e a Lytro Illum (anunciada em 2014) não venderam tanto quanto o esperado, a despeito da proposta inovadora de ambas. Em outras palavras, a Lytro não se deu muito bem no mercado para consumidores finais e pequenos negócios.

A Immerge, por sua vez, abre espaço para a entrada da Lytro em outro nicho: o de aplicações profissionais. A ideia é fornecer a câmera para estúdios de cinema, produtoras de vídeo, empresas de games e por aí vai. Dois modelos de negócio devem ser explorados nesse segmento: vendas do equipamento em si e aluguéis.

Lytro Immerge

É uma aposta alta, mas com boas chances de sucesso por conta de um detalhe: as câmeras anteriores podem não ter vendido bem, mas serviram de chamariz para as tecnologias da Lytro. Isso deve abrir algumas portas.

Outro fator potencialmente facilitador: o projeto está contando com apoio tecnológico de startups como Vrse e WEVR (ambas especializadas em realidade virtual), além de estúdios de cinema como Disney e Warner Bros (que contribuem inclusive financeiramente). Não é pouca coisa, não!

Resta saber se a Immerge cumprirá o que promete. Não demorará muito para descobrirmos: segundo a Lytro, a câmera deve ser lançada no primeiro trimestre de 2016, talvez já em janeiro.

Será que a nova fase representa o fim das câmeras com ajuste de foco após o disparo? Segundo a Lytro, não. A gente só não deve esperar por algum lançamento do tipo para breve. Segundo Jason Rosenthal, CEO da Lytro, a companhia só consegue trabalhar em um único projeto de hardware por vez. Por um bom tempo, o foco ficará todo sobre a Immerge.

Com informações: ExtremeTech, Quartz, Mashable

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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