Descanse em paz: Rdio entra com pedido de falência e será desativado

O que sobrar do Rdio será comprado pelo Pandora por US$ 75 milhões

Paulo Higa
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• Atualizado há 1 semana

O Rdio foi um dos primeiros serviços estrangeiros de streaming de música a chegar ao Brasil, em 2011, sob o nome Oi Rdio. Ele também foi o primeiro serviço do gênero que assinei, numa época em que o Spotify ainda não operava no país e praticamente não existiam alternativas para ouvir música legalmente sem gastar o salário inteiro comprando álbuns em MP3.

Com o tempo, mesmo sendo pioneiro, o Rdio teve dificuldade de competir com os outros serviços de música, como Spotify e Deezer, que se expandiram mais rapidamente e captaram mais assinantes, inclusive no Brasil. O resultado não poderia ser outro: nesta segunda-feira (16), o Rdio anunciou que entrou com pedido de falência e vai descontinuar seus serviços nas próximas semanas.

As cinzas do Rdio, como as tecnologias e propriedades intelectuais, serão adquiridas pelo Pandora, outro grande serviço de streaming de música, por US$ 75 milhões. Parece até bastante dinheiro, mas o Rdio não lucrava e sobrevivia com grana de investidores, que já injetaram pelo menos US$ 125 milhões na companhia, segundo o TechCrunch. Nos bons tempos, ele chegou a ser avaliado em US$ 500 milhões — pouco perto dos atuais US$ 8 bilhões do Spotify, mas ainda assim bastante.

Os assinantes do Rdio não serão “transferidos” para os novos donos: o Pandora comprou a tecnologia, não o negócio. Mas a aquisição das propriedades intelectuais pode ser uma boa estratégia de expansão: aos investidores, o Pandora afirmou que deseja passar a oferecer não apenas seu serviço de rádio online, mas também streaming de música sob demanda e venda de ingressos para shows.

Esta também pode ser uma boa experiência internacional para o Pandora: atualmente, o serviço de rádio online funciona apenas nos Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia, enquanto o Rdio está presente em mais de 80 países.

Mas é válido lembrar que nem o Pandora está bem das pernas: no último trimestre, o serviço teve prejuízo de nada menos que US$ 86 milhões (sim, mais do que eles pagaram pelo Rdio). Essas perdas são constantes entre os serviços do gênero: o Spotify sangra dinheiro até hoje e continua tendo prejuízos a cada trimestre, também sobrevivendo com dinheiro de investidores. E o Deezer “adiou” por tempo indeterminado seus planos de abrir o capital na bolsa, devido a “condições do mercado”.

Espero que o Spotify, Deezer ou Pandora não sejam os próximos a fechar as portas.

E obrigado pelos peixes, Rdio!

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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