Google Chromecast (2015): o disco voador que transforma a sua TV

Jean Prado
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• Atualizado há 11 meses
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Não é com tanta frequência que se atualiza uma set-top-box. A primeira geração do Chromecast já fazia um bom trabalho quando foi lançada. A segunda geração continua com o mesmo propósito: transformar sua televisão em um receptor de mídia, controlado pelo computador ou smartphone.

Mas o que exatamente há de novo? Em tempos de Smart TVs mais acessíveis do que nunca, qual o propósito de um dispositivo que realiza funções parecidas? O que eu posso fazer de interessante com um Chromecast? Tenho a primeira geração, deveria comprar a nova? Respondo a essas perguntas nos próximos parágrafos.

O que mudou?

Essa é a pergunta que eu mais recebi quando avisei que o review estava a caminho. A resposta curta é: não muita coisa. Além do design, que detalharei mais à frente, não há muitos recursos novos na segunda geração do Chromecast ― o software continua basicamente o mesmo. Apesar de terem anunciado o suporte ao Spotify na apresentação, a novidade também funciona na primeira geração do dispositivo.

As mudanças verdadeiras são mais profundas: o modem Wi-Fi agora tem antena dual band de 2,4 e 5 GHz e suporta o padrão 802.11ac. Essas especificações, quando combinadas com o sistema de três antenas que funciona de forma adaptativa, garantem que o Chromecast sempre escolha a melhor condição para se conectar ao sinal wireless.

Na prática, isso significa que você deverá ter uma conexão mais estável. Como o Chromecast faz exclusivamente streaming, é importante que ele tenha sempre a melhor conexão para a reprodução do conteúdo continuar sem aquelas pausas irritantes.

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Observe o gráfico acima para ver a diferença, conforme o sinal do Wi-Fi fica mais fraco ou mais forte. Essa mudança deve favorecer quem deixa o Chromecast a uma distância razoável do roteador e ainda assim quer ter uma boa experiência com os serviços de streaming.

Não senti muita diferença na conexão aqui, já que minha rede é de 2,4 GHz e o roteador fica próximo do Chromecast, então a primeira geração já faria um bom trabalho em reproduzir o conteúdo. Acredito que quem tiver um roteador que esteja mais longe do dispositivo ou queira tirar proveito da frequência de 5 GHz ficará mais feliz com essa novidade.

Na parte do software, mais desempenhada pelo smartphone, também houve novidades. Uma delas é o recurso Fast Play, que diminui o tempo de carregamento das séries e filmes que você pretende assistir no Chromecast. O aplicativo da Netflix, por exemplo, detecta que o Chromecast está ativo e prepara a conexão, reduzindo o tempo de carregamento do app em 80%.

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Ele também carrega automaticamente conteúdo que você pode querer assistir no dispositivo. Parece impossível, mas na verdade é bem fácil: se você assistiu a um episódio de How To Get Away With Murder na Netflix, o serviço pode carregar automaticamente o segundo, sem que você precise esperar muito para ver o que acontece nessa série maravilhosa. Quando você estiver terminando o segundo episódio, o aplicativo já estará carregando o terceiro ― afinal, quem quer esperar para chegar no último episódio?

Nos meus testes, o Fast Play funcionou bem ― episódios de séries que eu já havia assistido carregaram mais rápido do que se eu escolhesse alguma outra série aleatória para assistir, por exemplo. De qualquer forma, o carregamento não passa de cinco segundos. O Google confirmou ao Android Police que o Fast Play também estará disponível na primeira geração do Chromecast.

O hardware do Chromecast não é tão potente assim para rodar jogos, como acontece na nova Apple TV. O Google então decidiu usar o smartphone ― que é sempre a extensão do Chromecast para reproduzir vídeos ― e integrar o conteúdo do jogo com a TV. Dessa forma, o controle fica na tela do celular, enquanto o jogo é exibido na televisão.

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Não é como se você estivesse apenas espelhando a tela do celular no Chromecast, uma vez que isso resultaria em alguns segundos de atraso. O jogo é renderizado com o hardware do smartphone, mas o Chromecast reproduz o conteúdo, integrando com os controles e reduzindo o atraso. O acelerômetro, giroscópio, touch e câmera podem ser usados como extensão do game.

Nos Estados Unidos, o novo aplicativo do Chromecast também é capaz de recomendar o que você deveria assistir na aba What’s On. Ele mostra os últimos filmes que estão sendo alugados no Google Play Filmes, o que as pessoas estão assistindo no YouTube e as séries mais populares da Netflix, por exemplo. Aqui, infelizmente, nada disso funciona.

Ao menos, o aplicativo serve para controlar as fotos que são exibidas no Chromecast. É possível puxar suas fotos do Google Fotos, Facebook, Flickr e outros feeds, assim como do repositório do Google e da NASA. As imagens também são exibidas no aplicativo com informações como o fotógrafo, local que foram publicadas e a localização da captura.

Por fim, o que não mudou: a resolução, que continua em 1920×1080 pixels. Algumas pessoas ficaram chateadas, uma vez que o 4K está ganhando espaço. Não sei se faria muita diferença por aqui: pouquíssimas pessoas têm TVs com suporte à resolução Ultra HD e o conteúdo ainda é escasso. Ainda não senti falta de uma resolução maior que 1080p.

Design

A mudança mais perceptível do Chromecast de segunda geração em relação ao modelo anterior se deu no design. O dispositivo, que antes parecia um pen drive que se conecta na televisão, agora parece um disco voador com uma cauda. Há quem estranhe, mas até que eu achei ele bonito ― de qualquer forma, o dispositivo ficará escondido atrás da sua televisão a maior parte do tempo.

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Agora, quando você conecta o Chromecast na TV, ele fica pendurado pelo cabo HDMI “flexível”. Para alguns isso pode ser um tanto quanto estranho: por que o Google não manteve o design rígido da geração anterior? Para eliminar a necessidade do extensor caso o Chromecast não se encaixe em alguma televisão. E o buscador também disse que o fato dele ficar mais afastado de outros componentes da TV ajuda a reduzir as interferências.

Ah, e vale lembrar que o Chromecast ainda precisa de uma fonte de alimentação para funcionar (a não ser que a sua entrada HDMI seja versão 1.4 ou superior). Então pode se preparar para usar uma entrada USB da sua televisão ou conectá-lo em uma tomada próxima (ambos os acessórios vêm incluídos na caixa).

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No geral, o novo Chromecast é muito bem construído. A parte da frente é de plástico e reflete bastante luz, além de sujar facilmente com impressões digitais. Não acho que isso seja um problema, no entanto: o visual é bonito e ele vai ficar a maior parte do tempo na parte de trás da sua TV, sem ser tocado.

O resto do corpo também é de plástico, mas tem um acabamento em cinza fosco. O cabo HDMI é emborrachado, assim como a base do conector; me sinto muito mais seguro para plugar esse conjunto na televisão que um dispositivo em formato de pen drive que pode entortar ou quebrar facilmente. E, como sabemos, nenhum dos dois são fáceis de consertar.

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Se você quiser levar o Chromecast para algum lugar, é só prender o cabo HDMI na base do dispositivo pelo ímã que está presente em ambas as partes. Ele se encaixa muito bem e, por ser pequeno, cabe até no bolso. É uma adição muito útil e me surpreende que um dispositivo de US$ 35 tenha uma qualidade de construção tão boa.

Software

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Não há muito o que falar do sistema em si do Chromecast ― a tela inicial mostra o horário, fotos bonitas, a rede Wi-Fi na qual você está conectado e a previsão do tempo para a sua localização. De resto, o que faz o Chromecast funcionar são os aplicativos, instalados no Chrome ou em seu smartphone.

Se você quer ver algumas possibilidades (são muitas!) do que fazer com o seu novíssimo (ou futuro) Chromecast, eu preparei um especial mostrando os principais aplicativos úteis para o gadget. Basta clicar aqui.

Conclusão

É estranho recomendar um produto que ainda não é vendido oficialmente no Brasil, ainda mais em tempos de dólar beirando os 4 reais. Nos Estados Unidos, a resposta é óbvia: por US$ 35, é claro que o Chromecast vale a pena. O grande acervo de aplicativos abre inúmeras possibilidades e ele funciona excepcionalmente bem.

No Brasil, a história é outra. O Google, questionado pelo Tecnoblog se pretende trazer o novo Chromecast para o Brasil, afirmou que não tem previsão alguma. Não me surpreende: a resposta é a mesma para os novos Nexus e o Chromecast da primeira geração mal é vendido no varejo brasileiro atualmente (sendo que já foi vendido por um bom tempo na maioria dos sites).

Abrir o YouTube na televisão: recurso que a maioria das Smart TVs também tem.
Abrir o YouTube na televisão: recurso que a maioria das Smart TVs também tem.

Por isso, precisamos recorrer a sites de venda não oficiais. Alguns vendedores oferecem o produto por cerca de R$ 240, um preço mais salgado, se você comparar com a primeira geração (de R$ 90 a R$ 160) e até mesmo próximo ao da Apple TV de 3ª geração, que custa R$ 319 em algumas lojas do varejo.

Atualização em 26 de abril de 2016: o novo Chromecast foi lançado oficialmente no Brasil, com preço sugerido de 399 reais.

Vou montar alguns cenários em que eu recomendaria ou não a compra do Chromecast de segunda geração:

Se você tem uma Smart TV, mas acha que a oferta de aplicativos da sua fabricante é baixa ou tem vontade de espelhar a tela do seu smartphone com Android para a televisão. Muita gente me pergunta “qual é o propósito de ter um Chromecast se você já tem uma Smart TV?”. Acredito que o maior ponto positivo do Chromecast nesse quesito é facilitar a reprodução do conteúdo na televisão.

Se você quer assistir a um vídeo ou exibir uma foto que está armazenada no seu smartphone na televisão, precisará passá-la para o computador. Depois, a Smart TV precisa ter uma boa conexão sem fio ou ter um modem perto para se conectar via Ethernet. Dá um trabalhão. Alguns aplicativos como Netflix, YouTube, Deezer ou Spotify podem ajudar, mas nem sempre eles são tão rápidos quanto os do seu smartphone e a sua TV pode não ter uma antena de Wi-Fi tão boa quanto a do Chromecast.

Com o dispositivo, toda essa tarefa fica mais fácil e você tem certeza de que vai funcionar ― fora que é muito mais cômodo de acessar tudo isso do seu celular, né?

Se você tem um Chromecast de 1ª geração, mas acha a conexão dele muito instável. Acho que esse é o único quesito que define o upgrade para o Chromecast de 2ª geração, aliás. Apesar de ser importante (dual band e o sistema adaptativo funcionam muito bem), não afeta tanta gente assim: quase todas as outras novidades são de software e funcionam com a primeira geração do gadget.

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Se você tem uma TV “burra” e quer deixá-la “inteligente”. Esse, na verdade, é um princípio de muitos equipamentos tecnológicos (vide dumbwatch e smartwatch, dumbphone e smartphone). Considerando o preço, o Chromecast faz um trabalho bem razoável e utilizando o que o seu smartphone tem de melhor, sem que você precise comprar uma TV nova.

Se você usa Mac e iOS, pode ser melhor considerar outras opções. Não que o Chromecast não funcione bem com essas duas plataformas ― vários aplicativos no iOS também têm suporte ao Chromecast e o Chrome para Mac funciona da mesma forma que no Windows (eu testei o Videostream num ambiente com OS X, inclusive).

O ponto é que, por ser da mesma fabricante, a Apple TV de 3ª geração pode entregar um ecossistema mais completo por um preço nem tão maior; para quem usa Mac e iOS, há ainda o bônus de reproduzir conteúdo com o AirPlay, além de espelhar a tela do dispositivo ou usar a TV como um display secundário. Como isso é impossível no Chromecast, é bom balancear essas funcionalidades antes de comprar um Chromecast.

Resumindo: ainda que por R$ 240, o Chromecast de segunda geração só não é uma boa compra se você está completamente satisfeito com a sua Smart TV; tem a primeira geração do Chromecast e uma boa conexão Wi-Fi; ou precisa de um ecossistema integrado com os produtos da Apple.

Caso contrário, não há muito o que errar ao comprar o novo Chromecast. Há uma gama de aplicativos de mídia disponível, o hardware está melhor do que nunca e a qualidade de construção também melhorou. Ainda que por quase o dobro do preço convertido em reais, o novo Chromecast é a melhor opção no mercado.

Carlos Gustavo e Danielle Cassita colaboraram com equipamentos para a elaboração deste review. Muito obrigado!

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Jean Prado

Jean Prado

Ex-autor

Jean Prado é jornalista de tecnologia e conta com certificados nas áreas de Ciência de Dados, Python e Ciências Políticas. É especialista em análise e visualização de dados, e foi autor do Tecnoblog entre 2015 e 2018. Atualmente integra a equipe do Greenpeace Brasil.

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