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Você pode até achar que o tempo parou, mas a telefonia móvel mudou tanto nos últimos anos que até ficamos assustados quando pensamos como era o serviço antigamente. Em um passado não muito distante, era comum que cada estado tivesse sua própria empresa de celular ou que as mensagens de texto só pudessem ser enviadas para clientes da mesma operadora.

Em comemoração aos 10 anos de vida do Tecnoblog, embarque numa viagem ao tempo e relembre como era o serviço móvel antigamente.

1. Ligações para celular eram bem caras e comunicar-se era muito mais difícil

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Por muito tempo, fazer ligação de celular era um ato de coragem: as chamadas tinham tarifação por minuto, que passavam de R$ 1 nos planos pré-pagos. Não fazia diferença ligar para um cliente da mesma operadora ou de outra, porque em ambos os casos as chamadas eram bem caras.

Com o tempo foram surgindo promoções que permitiam aos clientes falarem a uma tarifa muito baixa para números da mesma operadora, o que acabou criando o efeito clube, no qual as pessoas mantinham chips de diferentes operadoras para aproveitar as melhores tarifas. Deu certo por muito tempo, só que na era do WhatsApp algumas companhias já se tocaram que é melhor ter uma tarifa mais baixa e permitir que o cliente ligue para qualquer número.

2. A internet móvel era lenta, cara e sem muito conteúdo

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Num passado não muito distante, a principal forma de acessar a internet com mobilidade era por meio de serviços discados. As operadoras cobravam por tempo de conexão, com velocidade de até 9,6 kb/s na tecnologia CSD. Era lento, mas suficiente para carregar os pouquíssimos portais WAP disponíveis.

Com a chegada do GSM, em 2002, a velocidade saltou para até 48 kb/s com a tecnologia GPRS e a tarifação passou a ser de acordo com o tráfego de dados. Durante muito tempo, pacotes de dados eram algo completamente utópico e as empresas cobravam mais de R$ 40 por um mísero megabyte de dados. Não, você não leu errado.

3. Usávamos bastante SMS e pagávamos para cada mensagem enviada

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Quando as mensagens de texto chegaram no Brasil, era comum que as operadoras não cobrassem pelo serviço. No entanto, o SMS normalmente era restrito para assinantes de planos pós-pagos e só era possível se comunicar com clientes da mesma operadora. Isso não demorou muito tempo: os SMSs chegaram ao pré-pago pouco tempo depois e cada torpedo enviado custava cerca de R$ 0,30.

Hoje em dia quase todos os planos dispõem de SMS ilimitado, mas pouco ligamos para isso: com WhatsApp, Telegram e outros comunicadores via internet, o serviço oferecido pelas operadoras serve basicamente para receber spam e mensagens de banco.

4. Cada estado brasileiro tinha sua própria operadora celular

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Antes das privatizações, celular era objeto de luxo. Operadoras cobravam milhares de reais por aparelhos analógicos que não faziam nada além de ligações, e o serviço era fornecido por uma operadora estatal, que variava de acordo com cada estado (e dependendo, até de acordo com o DDD).

Em São Paulo existia a Telesp Celular, enquanto no Rio de Janeiro havia a Telerj Celular. Cada estado possuía sua própria operadora, que posteriormente foram vendidas para grupos conhecidos atualmente como Claro, Vivo e TIM. Logo após as privatizações começaram a surgir operadoras regionais, como Americel, ATL e Maxitel, por exemplo.

Por causa disso, roaming nacional era algo que até fazia sentido: você utilizava a rede de uma operadora diferente da sua e deveria arcar com os custos de deslocamento. Hoje em dia continuamos pagando por isso durante nossas viagens… sendo que utilizamos a mesma operadora.

5. As operadoras faziam muito dinheiro vendendo ringtones e papéis de parede

As operadoras fizeram a festa quando os celulares se tornaram um pouco mais modernos, com tela colorida e toques polifônicos. Era bastante comum que as pessoas comprassem ringtones das músicas mais badaladas da época, ou mesmo uma imagem de papel de parede com o escudo do time ou algo do tipo.

Os preços variavam bastante, mas manter o celular o mais personalizado possível era algo de extrema importância para as pessoas (sobretudo os jovens) na época. Os celulares se modernizaram, receberam câmera e conectividade com computador e logo as pessoas pararam de gastar dinheiro com isso (apesar dos serviços continuarem existindo).

6. Para mudar de operadora era necessário trocar de número

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A portabilidade numérica só chegou ao Brasil em setembro de 2008. Antes disso, mudar de operadora também implicava a troca de um número. Por isso, diversas empresas (sobretudo as entrantes no mercado) faziam promoções na época consideradas imperdíveis: a oferta tinha que ser muito boa para convencer o cliente a abandonar seu número com anos de existência.

Uma das promoções mais marcantes foram os 31 anos grátis de ligações da operadora Oi. Clientes do pós ou pré-pago podiam falar de graça com qualquer cliente Oi durante o final de semana. Em uma época na qual as tarifas de ligações ultrapassavam R$ 1 por minuto, poder falar no final de semana sem pagar uma fortuna era algo extremamente valioso. Hoje em dia qualquer plano faz isso.

7. Os celulares vinham bloqueados para determinada operadora

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Com a chegada do GSM, trocar de operadora era algo extremamente simples: bastava comprar um chip numa banca de jornal e você já tinha um novo número. Acontece que as companhias ficaram com medo de perder seus clientes. A solução para isso? Bloquear os celulares para funcionarem apenas com SIM cards da companhia de origem.

Quem começou com o bloqueio no Brasil foi a própria Oi, em 2002, quando ainda não existia outra operadora GSM no Brasil. Claro, TIM e Vivo também aplicaram os bloqueios, e nessa época a internet era repleta de tutoriais para desbloqueio ou assistências técnicas especializadas na prática.

O bloqueio de SIM card morreu no Brasil por determinação na Anatel, mas a Oi se antecipou ao fenômeno ao lançar a campanha “Quem Ama Bloqueia”, que prometia vender celulares desbloqueados e até mesmo remover as restrições de dispositivos vendidos por outras companhias.

8. A Vivo usava a tecnologia CDMA e custou a migrar para GSM

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Enquanto toda a concorrência se esbaldava no GSM, a Vivo era a única operadora que utilizava o padrão CDMA em sua rede celular. A tecnologia tinha suas vantagens, como acesso à internet em maiores velocidades, mas nada disso adiantava por causa dos bloqueios estabelecidos pela operadora: os celulares só podiam acessar o site móvel da própria Vivo.

A operadora também fazia bloqueios de outros tipos em seus aparelhos: o Bluetooth só servia para fones de ouvidos, não funcionando para compartilhar fotos e músicas. Em vez de jogos e aplicativos em Java, os celulares rodavam apenas aplicações em BREW, que eram caríssimas e restritas.

Apenas em 2007 a operadora passou a desligar suas redes TDMA e AMPS, liberando o espectro para a construção de rede GSM em 850 MHz – o que foi um problema para clientes de outras operadoras, visto que era necessário um celular quadriband para funcionar na Vivo. A rede CDMA foi completamente desligada em 2012.

9. O iPhone 3G foi lançado no Brasil custando R$ 1.899

Foto: Feureau/Wikimedia Commons

Com direito a uma grande festa com celebridades que achavam que iriam ganhar a novidade de presente, o iPhone 3G foi lançado em setembro de 2009 no Brasil custando R$ 1.899 nos planos pré-pagos. Considerando uma fidelização com operadora, o aparelho poderia sair até mesmo por R$ 899, algo impensável para os dias de hoje: o iPhone 6s custa a partir de R$ 3.999 quando comprado avulso.

Bons tempos.

10. Em menos de 10 anos tivemos duas evoluções nas redes móveis

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Parece que foi há muito tempo, mas em 2007 a Telemig Celular (atual Vivo) foi a primeira operadora a lançar comercialmente uma rede 3G no padrão UMTS. Logo depois, Claro e TIM também lançaram suas redes 3G em algumas localidades, utilizando a frequência de 850 MHz.

Nesse mesmo ano ocorreu o leilão da Anatel que vendeu licenças de operação para a principal frequência de 3G utilizada no Brasil (2.100 MHz), sendo que em 2008, todas as principais operadoras já possuíam a nova tecnologia.

A evolução não parou por aí. Em dezembro de 2012, a Claro lançou a primeira rede LTE para celulares nas cidades de Búzios (RJ), Campos do Jordão (SP), Paraty (RJ) e Recife (PE). A tecnologia permite maior velocidade de acesso, podendo chegar até 100 Mb/s, ao menos na teoria.

Até abril de 2013, as quatro principais operadoras já ofereciam rede 4G em todas as cidades-sede da Copa das Confederações. Em maio de 2014, todas as capitais e municípios com mais de 500 mil habitantes também já tinham o serviço disponível. Atualmente existem 410 municípios com cobertura com 4G no Brasil.

Este post faz parte das comemorações do aniversário de 10 anos do Tecnoblog.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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