Como Mario foi parar dentro do mundo do Sonic, com permissão da Sega

Matheus Gonçalves
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• Atualizado há 1 semana
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Eu sou um gamer old school, assoprador de cartuchos, e fiquei extremamente feliz quando vi que a Sega lançou um pacote chamado Sega Genesis & Mega Drive Classics para Steam. Claro, eu conheço os emuladores, as ROMS, a possibilidade de jogar várias das pérolas do console de 16-bit num computador atual, mas nada disso era oficial. Agora é.

E a Sega foi mais longe, de uma forma, digamos… surpreendente: na última semana, a empresa adicionou o suporte a modificações desses jogos no Steam, além de um hub em 3D, que simula um quarto antigo, com uma televisão de tubo, no qual você pode acessar seus games clássicos. É bem legal:

Segundo a empresa: “Cada um dos jogos do Mega Drive terá agora suporte ao Steam Workshop, permitindo a você compartilhar versões modificadas de seus títulos retrôs favoritos.”

Em outras palavras, esse recurso dá acesso para que os jogadores alterem as ROMs dos games, sem a possibilidade de ganhos financeiros, que fique claro. Mas isso acabou por gerar todo um novo universo de títulos baseados em jogos da Sega. Um universo definitivamente divertido, mas muito, muito estranho. E, bem, cheio de violações de direitos autorais.

Por exemplo, quando na sua vida você imaginou ver o Mario, digo, Somari, passeando livremente por Green Hill Zone?

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Outros personagens, da Nintendo ou não, estão neste exato momento inundando universos de títulos da Sega, como se não houvesse amanhã. Alex Kidd in the Enchanted Castle foi transformado em Super Mario World 64, Super Donkey Kong 99, Super Mario World e até mesmo Angry Birds!

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Isso sem contar todas as versões bizarras de Sonic The Hedgehog, agora estreladas por nomes como Kirby, Knuckles, Amy Rose, e Sally Acorn.

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Outro exemplo? Quem não se lembra do lindíssimo Ecco, o golfinho?

Por qualquer motivo que passou na cabeça de um dos modders, Ecco é agora uma orca, afinal, por que não?

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Outra bizarrice aleatória? Jogar Streets of Rage 2 com o Megaman?

Se você não tem ideia de como essas modificações são feitas, como os sprites são alterados, nem a trabalheira que dá fazer um mod assim, esse vídeo de Sonic 1 Boomed mostra um time lapse de quase todo o processo:

Note que uma parte dos projetos já existia de forma clandestina antes da Sega liberar o uso do Steam Workshop. A ferramenta, porém, está permitindo que os mods sejam portados oficialmente para o Steam.

Alguns desenvolvedores defendem que, uma vez que boa parte dos jogos estão sendo reescritos do zero, a única parte que pode vir a infringir de fato direitos autorais é se alguém usar imagens de personagens conhecidos, o que visivelmente está acontecendo.

De qualquer forma, outros usuários com um pouco mais de bom senso já começaram a colocar o seguinte texto na descrição dos mods: “Já que isso foi feito como uma modificação e sendo permitido pela ferramenta o uso de material protegido, entendo que o resultado final pode não se enquadrar na legalidade. Me comprometo a remover esse mod a pedido da Sega ou qualquer outra proprietária dos direitos autorais de qualquer um dos elementos utilizados neste jogo”.

Portanto, aparentemente, esse mundo modificável da Sega está um verdadeiro pandemônio sem controle, que só tende a crescer. Mas não se engane: é questão de tempo até a Nintendo e outras produtoras passarem a tirar tudo isso do ar. Se a Sega, única beneficiada financeiramente por tudo isso, será punida de alguma forma, só o tempo dirá.

Mas o que vocês acham? Os desenvolvedores devem ser livres para modificarem os jogos e exercitarem assim sua criatividade, desde que não ganhem nenhum dinheiro com isso, ou as empresas que detém os direitos autorais não poderiam deixar isso acontecer?

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Matheus Gonçalves

Matheus Gonçalves

Ex-redator

Matheus Gonçalves é formado em Ciências da Computação pelo Centro Universitário FEI. Com mais de 20 anos de experiência em tecnologia e especialização em usabilidade e game development, atuou no Tecnoblog entre 2015 e 2017 abordando assuntos relacionados à sua área. Passou por empresas como Itaú, Bradesco, Amazon Web Services e Salesforce. É criador da Start Game App e podcaster do Toad Cast.

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