Alienware 15: laptop gamer com preço de outro planeta
Custando pelo menos R$ 8 mil, notebook é bom, mas ainda não roda tudo no máximo
Custando pelo menos R$ 8 mil, notebook é bom, mas ainda não roda tudo no máximo
Há cerca de dois meses, a Dell relançou a marca Alienware no Brasil. A empresa é uma subsidiária da Dell nos Estados Unidos e não trazia nada ao Brasil há pelo menos quatro anos, desde que foi desaparecendo do mercado brasileiro, em 2012.
Agora, em 2016, o Brasil passa por uma grande crise econômica, mas isso não desmotivou a empresa: segundo a Dell, há 33 milhões de gamers no país, e a fabricante está de olho no pessoal que está disposto a desembolsar uma boa quantia para se divertir com seus jogos preferidos.
Essa ideia fica clara no preço dos notebooks. O Alienware 15, modelo que o Tecnoblog testou, começa em R$ 8 mil, mas o nosso sai por R$ 12 mil. Já o modelo de 17 polegadas custa a partir de R$ 13,3 mil e vai a quase R$ 20 mil. Vale a pena gastar tudo isso?
Assim como a maioria dos produtos da Dell, o Alienware 15 te lembra diariamente que você pagou por um produto premium. O acabamento é de primeira e a ergonomia do produto ajuda a trazer essa ideia de “mercadoria alienígena”, tradução literal do nome Alienware.
O notebook, em vez de recorrer ao simples acabamento retangular, traz várias pontas triangulares e chanfradas. A traseira tem três linhas iluminadas que se encontram e conduzem o olhar para a cabeça alienígena (também iluminada) que fica na parte de trás.
Mais do que um detalhe, a iluminação é parte do acabamento do Alienware. O laptop vem com o software AlienFX, que permite ao usuário escolher entre 20 cores para decorar o notebook, dentre as dez zonas programáveis, sendo cinco só no teclado. Você pode definir cores fixas, pulso (a cor fica piscando) e transição (entre duas cores).
Dá para definir todas de uma vez:
Ou escolher uma por uma:
Pesando 3,2 kg e 15 polegadas de tela, parece que você não vai conseguir tirar o notebook da sua mesa — mas na prática é diferente. O peso do Alienware é muito bem distribuído, então até que eu consegui movê-lo por aí sem problemas. Ele até coube na minha mochila!
Se você leu o review do Inspiron 15 7000, outro notebook gamer da Dell, viu que reclamei do peso de 2,5 kg do produto. Mesmo testando o Alienware, continuo com essa afirmação. O Inspiron é bem mais denso, enquanto o Alienware parece mais leve quando você o pega na mão ou deixa no seu colo. Talvez seja pelo acabamento diferenciado, o que definitivamente é um ponto positivo para a Dell.
Se você preferir deixá-lo na mesa, poderá conectar um cabo Ethernet para ter conexão de maior velocidade, mas há apenas uma porta HDMI, a única de vídeo. Queria deixar o Alienware no meio dos meus outros dois monitores em 1080p para ter uma experiência melhor, mas… não dá. É um limite que com certeza te empurra um acessório chamado Amplificador Gráfico Alienware.
De qualquer forma, é meio frustrante pagar todo esse preço por um laptop já potente e precisar desembolsar mais R$ 1.299 em um amplificador, que traz mais quatro portas USB 3.0 (sem contar as três já inclusas no laptop) e um conector PCI-e para uma placa de vídeo de desktop. Ou seja: mais uma boa grana em hardware. Tudo bem que a mobilidade é ponto-chave num laptop gamer, mas esse limite diminui as fronteiras entre esse tipo de produto e um desktop comum.
Custava incluir só mais uma saída de vídeo?
Pelo menos, arranjei um jeito de aproveitar bem a única porta. A Dell enviou junto com o Alienware seu monitor sugerido na compra, o S2716DG, que tem 27 polegadas e resolução de 2560×1440 pixels (2K). Com taxa de atualização de 144 Hz e latência de 1 ms, os jogos ficaram bem mais imersivos. Pelo preço, de R$ 3,6 mil, talvez valha considerar pegar esse UltraSharp que também é UltraWide, com mais espaço de tela (mas você perde na taxa de atualização e latência).
Com um monitor premium ao lado do Alienware, pude comparar a qualidade do display do notebook. De fato, a Dell compartilhou boa parte da tecnologia, porque a tela do Alienware não deixa a desejar. Ele tem resolução de 1920×1080 pixels (ou 4K e touch por mais R$ 829). A saturação é excelente e o brilho alcança ótimos níveis, tanto altos quanto baixos. Mesmo sem monitor adicional, você estará bem servido com a tela do Alienware.
Ainda na parte de fora: o hardware é de ponta, fazendo jus ao preço. O teclado é extremamente confortável, pois as teclas, em vez de planas, são mais fundas no centro. Esse design, combinado com o acabamento, faz parecer que estou digitando em pequenas almofadas pressionáveis. Sério, é muito bom.
O touchpad (que também acende!) tem os botões de clique fora da área de deslize para o dedo, o que pode dividir muita gente. Parece estranho, mas a navegação é tão suave que dá para se acostumar.
Por fim, os alto-falantes, que ficam na “frente” do notebook (logo abaixo da base com o touchpad), não parecem acompanhar a qualidade que a Dell tentou manter no resto do notebook. Comparei-os com o Inspiron, cujo som foi destaque no hardware, e os do notebook mais simples são bem mais potentes, além de terem uma qualidade melhor. Os do Alienware ainda são meio abafados (e podiam ter mais destaque no chassi).
É complicado avaliar o desempenho da linha como um todo, pois não existem só os dois modelos Alienware 15 e Alienware 17. Dentro do próprio Alienware 15, há variações significativas de GPU, que definitivamente farão diferença no seu jogo.
A que oferece o maior desempenho só vem no modelo superior, custando R$ 13,5 mil, que é a GTX 980M de 8 GB GDDR5. Ela tem 75% do poder de processamento da versão de desktop, e é cerca de 33% mais rápida que a placa do Alienware intermediário-superior, a GTX 970M de 3 GB GDDR5, também padrão nos modelos americanos.
Nós testamos o Alienware 15 com a 970M, que não está disponível logo de cara no site: é preciso pagar R$ 1,5 mil a mais no modelo intermediário, totalizando quase R$ 11 mil no notebook. Ainda que seja bastante, recomendo-a fortemente sobre o modelo mais básico, que tem uma GTX 965M de 2 GB GDDR5. Não se engane com a numeração de modelo: o 970M tem desempenho 41% melhor (!) que a 965M.
Mais upgrades precisam ser feitos para alcançar o modelo que a Dell vem distribuindo à imprensa. Nosso modelo tem SSD da Samsung (!) de 128 GB (+ R$ 609) para o sistema junto com um HD de 1 TB de 7200 RPM para você guardar os jogos. Esse conjunto fez com que o sistema e o boot ficassem muito mais rápidos (em um notebook desse porte, considero imprescindível um SSD), mas não fez com que Battlefield 4 (característico por ocupar um enorme espaço em disco) iniciasse mais rápido.
Os modelos mais básicos vêm com 8 GB de RAM por padrão, mas testamos um com 16 GB DDR4 (+ R$ 614) de 2.133 MHz, excelente para multitarefa. Todos esses upgrades fizeram o preço do modelo intermediário subir 30%, custando apenas R$ 1,5 mil a menos que a versão com a GTX 980M (lembrando: desempenho 33% melhor).
Mas será que a melhoria é necessária? Testamos quatro jogos diferentes com as configurações recomendadas, alguns na resolução 2K e outros em Full HD, e registramos os frames por segundo. Confira:
BioShock Infinite foi lançado em março de 2013, então conseguimos jogá-lo nas configurações máximas (qualidade ultra e resolução 2K) sem nenhum engasgo. Ele teve o melhor desempenho. Star Wars: Battlefront (novembro de 2015), apesar de ter a menor média de fps, também não deu dor de cabeça para o Alienware. Rodado nas mesmas configurações, o desempenho foi parecido (parece que o jogo trava a taxa de atualização de quadros).
Outros dois mais pesados, o Battlefield 4 (outubro de 2013) e o Far Cry 4 (novembro de 2014), não ficaram em seu máximo. Apesar de ambos já terem um bom tempo no mercado, são reconhecidamente pesados. Até consegui aumentar a qualidade do Battlefield 4 além da configuração recomendada (médio e resolução 2K) para alta. O ultra, que tinha uma média de 37 fps, travava muito e não seria recomendado para tal jogo (até pelas explosões constantes, que fazem a taxa descer frequentemente).
Far Cry 4 foi o jogo que deu mais trabalho para o Alienware. O jogo não ficou bem na resolução 2K, por isso preferi deixar em Full HD e na qualidade recomendada, alta. Na muito alta, a média ficou em 52 fps, o que eu consideraria jogável, mas perigoso para cair bem mais em cenas com mais detalhes e explosões. A ultra ficou por volta dos 42 fps, mas com travamentos constantes.
Particularmente, acho que o desempenho foi um pouco decepcionante para um jogo de 2014, ainda que ele seja bem pesado. Médias de 60 fps são alcançadas no desktop (na resolução 2K e qualidade ultra) com a GTX 780, comparável com a GTX 980M. Esta parece ser a única placa confiável para o gamer que quer um laptop que com certeza aguenta jogos que ainda nem foram lançados. Veja a comparação das placas dentro do Battlefield 4 feito pelo DigitalFoundry:
Por fim, o resultado do notebook no 3DMark foi bem satisfatório. Eis os gráficos:
Junto com configurações impressionantes, há de se colocar uma bateria impressionante. A Dell diz que o Alienware 15 consegue ficar até 7 horas fora da tomada graças à bateria de 8 células (!) de 92 WHr. Promissora no papel, ela também se mostra boa na prática: consegui não plugar o notebook por cerca de 5 horas em uso moderado.
Isso inclui a própria escrita deste review, com mais de 20 abas abertas no Chrome, além de Telegram, Twitter, Spotify e Slack abertos. O playback de vídeo em 1080p também teve duração parecida — tudo na configuração de Alto desempenho do Windows e com o AlienFX ligado. Dá para conseguir uma autonomia maior se você souber como economizar.
Mas em jogo, é claro, a situação é bem diferente. Com esse mesmo número de abas e aplicativos abertos, resolvi carregar a bateria até 100% e ver quanto durava uma gameplay do Far Cry 4. Em pouco mais de 1 hora, o notebook já pedia para eu plugá-lo na tomada. Certamente, se você quiser jogar, precisará fazer isso perto de uma fonte de energia.
Em meio a números exorbitantes, tanto no hardware quanto no preço, é preciso escolher com cautela o melhor Alienware para comprar. O que considero essencial para um notebook gamer (16 GB de RAM e SSD) aumenta significativamente o preço do notebook, sem contar que não vejo motivos para ter esse hardware todo com as placas 965M e 970M. A GTX 980M é a única que faz jus ao slogan “tão poderoso, quase injusto” da marca no Brasil.
O problema é que toda essa combinação sai por volta de R$ 14 mil (com o SSD adicionado), preço que é quase o dobro do modelo de entrada no Brasil. Mas eu não me sentiria confortável em recomendar uma GTX 965M por R$ 8 mil só pelo acabamento de ponta. A Powernote, por exemplo, que compra um chassi pronto e coloca um hardware parrudo, vende o 965X por R$ 5 mil. Esse preço junto a um i7 e 4 GB de memória na placa de vídeo (o Alienware de entrada tem um i5 e 2 GB, respectivamente).
Esse dilema também assombra os modelos mais caros: o Powernote 6980, com i7-6700K e GTX 980M, sai por cerca de R$ 11 mil com upgrade para 32 GB de RAM e SSD de 240 GB. A diferença é que o Alienware é visivelmente premium por fora, não só por dentro. A questão é: será que toda essa experiência adicional (um corpo menos grosso e mais bem acabado) vale o dinheiro a mais e o hardware a menos?
Fica ao seu critério. Mas não há dúvidas de que o preço a ser pago vai ser visível todos os dias — para o bem ou para o mal.