Este rapaz viveu mais de um ano sem coração

Com coração artificial levado na mochila, Stan Larkin pôde ter uma vida quase normal enquanto aguardava transplante

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 2 semanas
Stan Larkin

Stan Larkin, 25 anos, gosta de jogar basquete. Na quadra, o rapaz se comportava como qualquer outro jogador, exceto por um detalhe: ele usava o tempo todo uma mochila. Quando as pessoas descobriam o motivo ficavam ainda mais espantadas. Ali dentro estava o SynCardia Freedom, coração artificial que o mantinha vivo.

Assim como seu irmão, Stan Larkin foi diagnosticado com miocardiopatía dilatada, condição que, como o nome indica, causa dilatação progressiva do coração. As paredes das cavidades do órgão vão se tornando espessas de tal forma que o bombeamento de sangue acaba não sendo mais feito de maneira eficaz.

Se a enfermidade não estiver muito evoluída, é possível tratar os sintomas com medicamentos para controle de pressão ou com mudanças no estilo de vida, por exemplo. No entanto, a miocardiopatía dilatada é uma das principais causas de insuficiência cardíaca, razão pela qual muitos pacientes acabam tendo como uma única opção o transplante de coração.

SynCardia Freedom

Era o caso dos irmãos Larkin. O problema é que as filas para recebimento desse órgão são grandes em todas as partes do mundo e, assim como acontece com tantos outros pacientes, a espera poderia ser fatal para eles.

Jonathan Haft, professor de cirurgia cardíaca da Universidade de Michigan, recebeu a missão de tratar os irmãos Larkin. Como os casos eram muito graves e não havia coração disponível, o médico ofereceu uma opção temporária pouco usual: colocar Stan Larkin e o irmão entre as primeiras pessoas a usarem o SynCardia Freedom Portable Driver.

Você pode entender o aparato como um dispositivo que usa ar comprimido para bombear sangue para o corpo. As cavidades artificiais que fazem as vezes do músculo cardíaco ficam dentro do tórax. Já o compressor é um equipamento de seis quilos alimentado com duas baterias recarregáveis que, obviamente, fica do lado de fora. Daí a necessidade da mochila.

Stan Larkin com o SynCardia Freedom

Funciona?

E como! Os irmãos passaram pela cirurgia para implantação do SynCardia Freedom em dezembro de 2014. O irmão conseguiu um transplante poucos dias depois. Stan Larkin, porém, ficou muito mais tempo com o equipamento: ele só conseguiu um coração para ser transplantado em maio deste ano.

O SynCardia Freedom foi criado justamente para servir de solução temporária para pacientes em situação crítica na fila de transplante de coração. Mas nem os médicos esperavam que o rapaz pudesse passar tanto tempo com o coração artificial.

Há uma série de complicadores aqui. O fato de dois tubos saírem do corpo para conexão a um equipamento externo pode favorecer um quadro de infecção, por exemplo, mesmo havendo bastante cuidado com a higiene. Além disso, há a questão de o SynCardia Freedom ser um equipamento novo e, portanto, sujeito a problemas não detectados na fase de desenvolvimento.

Mas deu tudo certo. Larkin usou o equipamento por quase 18 meses — 555 dias, para ser exato — e, dentro do que é possível fazer com uma mochila que pesa seis quilos e dois tubos saindo do corpo, ele pôde viver uma vida normal — até jogar o seu sagrado basquete o rapaz conseguiu, para espanto dos médicos.

Um mês após receber um coração de verdade — o transplante foi realizado em 9 de maio —, Larkin segue se recuperando. Ele teve que dar uma pausa no basquete, é claro, mas está em seus planos voltar a jogar e até conhecer a família do doador para agradecê-la pessoalmente.

Partiu do próprio Larkin a decisão de compartilhar o caso publicamente. David J. Pinsky, diretor do Centro Cardiovascular Frankel, elogiou a iniciativa: para ele, a história do rapaz pode ajudar a aumentar as doações de órgãos.

Com informações: CNET

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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