Sony Xperia X: o smartphone discreto em quase tudo

Por 3.799 reais, smartphone da Sony esbarra no desempenho e na forte concorrência dos topos de linha

Paulo Higa
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• Atualizado há 10 meses
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A Sony continua focando em topos de linha no Brasil. O último lançamento da marca é o Xperia X, que aposta no conjunto de câmeras de alta resolução, no design caprichado e na bateria de longa duração para conquistar usuários. Por 3.799 reais, ele compete na mesma faixa de preço de aparelhos como Galaxy S7, iPhone 6s e G5 SE. Será que é uma boa opção de compra?

O Xperia X foi meu smartphone principal na última semana e conto os detalhes neste breve review.

Review em vídeo

Design e tela

Pegue um Xperia Z1, Z2, Z3, Z3+ ou Z5. Troque o vidro da traseira por metal. Pronto, temos um Xperia X. O design da Sony continua basicamente o mesmo das gerações anteriores, mas isso não é um grande problema porque, afinal de contas, ele funciona. Com tela de 5 polegadas, o Xperia X é um smartphone confortável de segurar e conta com um eficiente leitor de impressões digitais, posicionado de forma estratégica na lateral. Essa localização combina estética (nada de coisas estranhas na frente) com conveniência (não precisa levantar o aparelho toda hora).

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No modelo com suporte a dois chips, você precisa escolher entre colocar um chip e um microSD ou dois chips e nenhum microSD, o que é um pequeno inconveniente. No entanto, como o Xperia X Dual tem 64 GB de armazenamento, o dobro da versão normal, isso não é tão ruim. Outro detalhe negativo é que a Sony removeu a proteção contra água, portanto, é bom tomar cuidado para evitar o contato com líquidos.

A tela do Xperia X não tem a melhor definição do mercado, mas os pixels são indistinguíveis no painel de 1920×1080 pixels, que possui alto brilho e boa relação de contraste. Por padrão, a Sony ativa uma tecnologia chamada X-Reality for Mobile, que faz pós-processamento em determinados aplicativos (na galeria de fotos, por exemplo) para melhorar nitidez e contraste. Particularmente, não sou fã dessas tecnologias, mas elas fazem um bom trabalho em impressionar o usuário à primeira vista.

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Software

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Eu nunca falei muito bem do software da Sony porque a personalização da empresa sempre parecia feita às pressas, com partes do sistema meio inacabadas ou inconsistentes entre si. Mas os japoneses fizeram um ótimo trabalho no Xperia X: com Android 6.0.1 Marshmallow, ele roda uma interface limpa, com aplicativos bem desenvolvidos e telas bem trabalhadas.

Entre os diferenciais de software estão o modo Stamina, que reduz o consumo de bateria ao limitar conexões móveis em plano de fundo e o desempenho do processador; uma secretária eletrônica, que atende suas chamadas e grava os recados; e os conhecidos aplicativos da Sony, como o TrackID (identifica músicas), o Lifelog (registra suas atividades físicas) e o software de integração com o PlayStation.

Câmera

A câmera do Xperia X me surpreendeu positivamente. Embora ela não entregue os melhores resultados do mercado, as fotos da câmera de 23 megapixels são boas — especialmente para a Sony, que costumava decepcionar muito no pós-processamento nos topos de linha passados.

As fotos do Xperia X têm boa definição e cores vivas, mas equilibradas. O ruído, bastante característico das fotos de aparelhos da Sony, continua presente mesmo em fotos bem iluminadas, mas não chega a incomodar. Eu percebo um sharpening bastante agressivo quando olho a imagem de perto, mas como o arquivo é gigante e provavelmente será redimensionado, isso não chega a ser um grande problema.

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À noite, o nível de ruído sobe um pouco, mas o algoritmo é capaz de manter uma boa quantidade de detalhes. O resultado é interessante se considerarmos que o Xperia X fica em desvantagem por ter uma lente de abertura menor (f/2, enquanto os concorrentes trazem f/1,8 ou até f/1,7).

Hardware e bateria

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A Sony adotou a mesma estratégia da LG e trouxe apenas um modelo com CPU mais humilde. No Xperia X, temos um processador hexa-core Snapdragon 650 (ainda mais simples que o Snapdragon 652 do G5 SE), acompanhada da GPU Adreno 510 e 3 GB de RAM.

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Eu me decepcionei com o Xperia X porque, diferente do que aconteceu no G5 SE, a baixa no hardware resultou em problemas já no início da vida útil do aparelho. Houve vários engasgos em momentos pontuais, com demora na alternância entre aplicativos, travadinhas nas animações do sistema e fechamentos forçados de aplicativos em segundo plano, o que não deveria acontecer num smartphone de 3.799 reais. Já nos jogos, o Xperia X apresenta desempenho satisfatório, com gráficos de boa qualidade e taxa de frames constante.

Ao menos o hardware econômico se traduziu em boa autonomia. A bateria de 2.620 mAh do Xperia X pode não encher os olhos pelo número, mas rende bem. Mesmo sem ativar o modo Stamina, cheguei ao final de praticamente todos os dias com pelo menos 30% de carga, uma excelente marca, bem diferente do G5 SE, que traz hardware parecido, mas tela de 2560×1440 pixels.

No meu dia de testes, tirei o Xperia X da tomada às 9h30. Nesse período, ouvi 2h de músicas e podcasts por streaming no 4G e naveguei na internet (entre redes sociais, emails e páginas da web) pela rede móvel por 1h50min. A tela ficou ligada por exatamente 2h07min25s, com brilho no automático. Às 22h48, ainda havia 33% de carga. Em outras palavras, a maioria das pessoas dificilmente ficará sem bateria antes do final do dia.

Conclusão

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O Xperia X tem o mesmo problema do G5 SE: não é ruim, mas o preço é injustificável. Ele custa os mesmos 3.799 reais do principal concorrente, o Galaxy S7, que possui câmera, tela e desempenho superiores. O fato do aparelho da Sony engasgar em determinados momentos conta muitos pontos negativos para um smartphone que se diz topo de linha — o mínimo que se espera de um aparelho dessa categoria é que ele rode tudo com um pé nas costas.

A Sony tem o costume de precificar seus aparelhos acima da concorrência sem, necessariamente, entregar uma experiência melhor (e isso não é uma estratégia específica para o mercado brasileiro). O Xperia X não é exceção. Ele seria uma boa opção de compra se competisse com aparelhos como Moto X Style, Galaxy S6 e LG G4, mas custa quase o dobro desses produtos. O design, a câmera e a tela do Xperia X são discretos, mas o preço é bem chamativo.

Para não ficar batendo na mesma tecla do preço, o Xperia X é um aparelho bacana, que apresenta bom acabamento e resolve pontos fracos de gerações anteriores da Sony. O software está bem cuidado, a câmera recebeu ótimas melhorias no pós-processamento e o design sóbrio me agrada muito. Além disso, a Sony tem otimizações de gerenciamento de energia melhores que os de concorrentes, como a Motorola, entregando boa autonomia sem precisar aumentar tanto a capacidade da bateria.

Mas sério, não tem como entender essa estratégia de preço.

Especificações técnicas

  • Bateria: 2.620 mAh;
  • Câmera: 23 megapixels (traseira) e 13 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11ac, GPS, Bluetooth 4.2, USB 2.0, rádio FM, NFC;
  • Dimensões: 143 x 69 x 7,7 mm;
  • GPU: Adreno 510;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 200 GB;
  • Memória interna: 64 GB;
  • Memória RAM: 3 GB;
  • Peso: 152 gramas;
  • Plataforma: Android 6.0.1 (Marshmallow);
  • Processador: hexa-core Snapdragon 650 de 1,8 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, giroscópio, barômetro, impressões digitais;
  • Tela: IPS LCD de 5 polegadas com resolução de 1920×1080 pixels.

Sony Xperia X

Prós

  • Bateria com boa duração, apesar da capacidade menor
  • Design minimalista e confortável de segurar
  • Software bem trabalhado (que avanço!)
  • Tela de alta qualidade, com boa definição e contraste

Contras

  • Desempenho inconsistente, com engasgos ocasionais
  • Hardware de segunda linha com preço de primeira linha
Nota Final 8.1
Bateria
9
Câmera
8
Conectividade
9
Desempenho
6
Design
9
Software
8
Tela
8

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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