Este algoritmo que prevê interações humanas sabe o que você vai fazer no próximo segundo

Com mais de 600 horas assistidas e muita inteligência artificial envolvida, o robô é 43% preciso (e isso é ótimo)

Jean Prado
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• Atualizado há 3 semanas
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Mais um item na lista de “coisas assustadoras que a inteligência artificial consegue fazer”. Pesquisadores do MIT conseguiram criar um algoritmo de inteligência artificial capaz de prever a interação humana. Ou seja, a partir da análise de um vídeo ou imagem, ele sabe dizer o que as duas pessoas envolvidas vão fazer depois: se beijar, abraçar ou apertar as mãos. Medo.

O algoritmo usou a aprendizagem profunda da IA para entender como os humanos se comportam. Nesse caso, ele assistiu 600 horas de séries no YouTube, como The Office, Desperate Housewives e The Big Bang Theory. Isso dá cerca de 25 dias de maratona (!) — muito mais do que eu e você já conseguimos assistir de uma vez, provavelmente. Essas séries foram selecionadas com base na avaliação e porque mostram pessoas realizando ações bem cotidianas, como as do exemplo acima.

Todo o projeto durou cerca de dois anos, foi comandado pelo doutorando Carl Vondrick, que estuda visão computacional, e conseguiu até subsídio do Google. A intenção era criar um algoritmo que pudesse mimetizar a intuição humana e descobrir o que aconteceria depois que duas pessoas se conhecessem. Os vídeos foram convertidos no que eles chamam de “representação visual”, uma interpretação numérica dos pixels que o algoritmo pode ler e procurar por padrões.

No total, ele acertou 43% das vezes. Parece pouco, mas os robôs que já tentaram fazer isso antes conseguiram uma taxa de sucesso de no máximo 36%. Nós, humanos, também não somos perfeitos nesse aspecto: nossa precisão é de aproximadamente 71%. Os resultados podem ser vistos no vídeo abaixo. Como informado, é só dar um frame para o algoritmo que ele diz o que duas pessoas vão fazer logo em seguida. Logo no final, dá para ver que nem toda ação é previsível.

Mas qual é exatamente a utilidade disso? Em entrevista à Associated Press, Vondrick informou que pode ser usado para deixar o movimento dos robôs menos estranhos. “Pode fazer com que um robô se movimente de uma forma mais fluída ao seu redor. Por exemplo, ele não vai começar a colocar leite num copo se ele percebeu que você está tirando o copo da mesa”, disse.

Também existem aplicações médicas. Se o algoritmo consegue saber que um paciente vai desmaiar ou fazer algo letal a si mesmo, por exemplo, daria para ganhar alguns segundos e possivelmente evitar algo bem grave. Para melhorar a precisão, os pesquisadores vão continuar treinando o sistema. 600 horas pode parecer muito, mas, em dez anos de vida, nós adquirimos mais de 60 mil horas de experiência. Imagina se ele consegue acertar tanto quanto a gente?

Com informações: International Business Times.

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Jean Prado

Jean Prado

Ex-autor

Jean Prado é jornalista de tecnologia e conta com certificados nas áreas de Ciência de Dados, Python e Ciências Políticas. É especialista em análise e visualização de dados, e foi autor do Tecnoblog entre 2015 e 2018. Atualmente integra a equipe do Greenpeace Brasil.

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