Moto G4 Play: competente sem custar muito

Custando a partir de 869 reais, modelo básico do Moto G4 tem desempenho consistente e tela de boa qualidade

Paulo Higa
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• Atualizado há 10 meses

A quarta geração do Moto G está completa com a chegada do Moto G4 Play, o modelo mais básico da família. Ele herda o design dos outros Moto G4, mas é bem diferente por dentro, trazendo processador mais simples, tela de 5 polegadas e câmera com resolução mais baixa. Mas o custo também baixou (e muito): ele tem preço sugerido a partir de 869 reais.

Será que é uma boa opção para quem não quer gastar muito? Eu testei o Moto G4 Play durante a última semana e conto minhas impressões neste breve review.

Review em vídeo

Design e tela

O design do Moto G4 Play é semelhante ao dos outros Moto G4, o que é bom e ruim. O corpo é totalmente de plástico e traz uma câmera centralizada na traseira, dentro de algo que lembra um “comprimido”, e apresenta uma leve protuberância, quase imperceptível. A traseira possui a mesma textura escorregadia dos outros membros da família, mas o tamanho menor deixa a pegada mais firme.

Um detalhe curioso é que ele não tem nenhum alto-falante na traseira ou na base, diferente do que estamos acostumados. A Lenovo aproveitou a mesma saída de áudio, na parte superior do Moto G4 Play, para todas as finalidades, seja para ouvir as chamadas telefônicas ou assistir a vídeos. O nível de volume é bem alto, mas a qualidade não vai nada além do esperado.

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Já a tela LCD de 5 polegadas segue o padrão das gerações passadas do Moto G: é muito boa dentro da categoria. A resolução de 1280×720 pixels torna a definição impecável para um smartphone intermediário, o brilho é forte e o ângulo de visão é amplo. As cores são equilibradas, e a Lenovo permite ajustar os tons de acordo com os seus gostos pessoais — por padrão, ele vem no Intensidade, que exibe cores mais vivas.

Software

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O Android mais ou menos puro da linha Moto também está presente no Moto G4 Play. Não há nenhuma modificação profunda na interface, nem aplicativos inúteis pré-instalados: basicamente, além do pacote padrão do Google, ele traz o App Box (loja com aplicativos nacionais criada para atender às exigências de benefícios fiscais), os diferenciais de software da Lenovo e os aplicativos de rádio FM e TV digital (no caso da versão DTV Colors, que custa 899 reais).

Os diferenciais de software da linha Moto estão presentes no Moto G4 Play, mas de maneira tímida. Não há suporte para o Moto Voz, que permite dar comandos de voz mesmo com o aparelho em standby, nem gestos que realmente melhorem a experiência de uso, como aquele “giro de maçaneta” que abre o aplicativo de câmera rapidamente — o único gesto disponível é um que diminui o tamanho da tela, que chega a ser desnecessário para um aparelho de 5 polegadas.

Ao menos a Lenovo manteve o Moto Tela, que mostra prévias de notificações com o smartphone em standby. É um recurso que concorrentes como Samsung e LG passaram a adotar e de fato ajudam bastante — em vez de ficar ligando a tela a todo momento (e gastar bateria) só para ver quem te mandou uma mensagem no WhatsApp, basta um toque rápido na tela.

Câmera

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A câmera de 8 megapixels do Moto G4 Play não é muito diferente do Moto G de 3ª geração, que tinha resolução até maior. É uma câmera de nível mediano para bom dentro da faixa de preço, que sofre dos problemas comuns das câmeras de aparelhos básicos, mas consegue se sair bem quando a iluminação colabora.

Por “problemas comuns”, entenda que o foco é meio lento e impreciso, especialmente em condições de baixa iluminação, o que pode fazer você tirar várias fotos até que o Moto G4 Play consiga acertar na imagem. Além disso, com uma abertura de lente nada especial, de f/2,2, a velocidade do obturador é constantemente mais baixa, o que por vezes resulta em cenas borradas.

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São deficiências até esperadas, mas como o Moto G4 Plus trouxe uma câmera muito boa, ficou a impressão de que a Lenovo podia subir um pouco o nível do irmão caçula também. De qualquer forma, é uma câmera que quebra bem o galho e deve satisfazer a maioria dos compradores.

Hardware e bateria

Estamos em 2016, mas parece que ainda tem muito Snapdragon 410 (apresentado em 2013) no estoque das fabricantes. O Moto G4 Play é mais um smartphone com o chip popular da Qualcomm. Não que isso seja ruim: ele se dá muito bem no uso diário, e os 2 GB de RAM contribuem bastante com o desempenho. Não há engasgos ao alternar entre aplicativos rapidamente ou navegar em várias abas do Chrome, tarefas que são um sacrifício para aparelhos com menos memória, como o Vibe C2.

Outro ponto positivo é que a capacidade de armazenamento do Moto G4 Play é a mínima para se obter uma experiência boa no Android, de 16 GB — certos fabricantes ainda insistem na metade disso, o que constantemente gera inconvenientes depois de instalar só alguns aplicativos básicos. Quem quiser pode expandir a memória com um microSD de até 128 GB.

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Nos jogos, a Adreno 306 ainda dá conta do recado. A GPU do Snapdragon 410 lida bem com a tela de 1280×720 pixels e mantém gráficos bonitos, com taxa de quadros constante. É possível rodar títulos pesadinhos, como Asphalt 8: Airborne e Unkilled com os gráficos no médio, sem problemas notáveis de desempenho.

A bateria de 2.800 mAh do Moto G4 Play também é boa. Ela é um pouco menor que a dos outros Moto G4, mas como o hardware também é mais simples, o resultado é bom. Nos meus dias de teste, com cerca de 2h de streaming de música e 1h30min de navegação (entre redes sociais, e-mails e páginas da web), o nível constantemente chegava em 50% no final do dia, com brilho no automático.

Quem conseguir zerar a bateria antes do final do dia, pelo menos, ficará bem servido com o carregador rápido de 10 watts, que não leva mais que duas horas para encher o Moto G4 Play.

Conclusão

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O Moto G não tem mais o custo-benefício impressionante de 2013 ou 2014, mas ainda é muito bom para a categoria. E é uma compra bastante segura: ele não possui grandes destaques, mas faz bem o que se propõe a fazer. O desempenho é bom, a bateria dura bastante, a capacidade de armazenamento é suficiente para a maioria das pessoas, a tela é de ótima qualidade e a câmera é satisfatória.

O hardware do Moto G4 Play é o que considero o mínimo para se obter uma experiência completa no Android. Ele é capaz de rodar praticamente qualquer aplicativo sem sofrimentos, sem irritar o usuário com um multitarefa lerdo e sem exibir mensagens chatas de armazenamento cheio, como acontece com os aparelhos só um pouquinho mais baratos, como o Vibe C2 e o Galaxy J3 (2016).

Para quem possui gerações anteriores do Moto G, não haverá diferenças relevantes ao atualizar para o Moto G4 Play. O processador é idêntico ao do Moto G de 3ª geração, a tela possui nível de qualidade semelhante e a câmera continua apenas dentro do que se espera do Moto G. Talvez os 2 GB de RAM deem um gás para quem ainda tem um Moto G com 1 GB — esse é certamente o maior gargalo dos Androids atuais. Ainda assim, o upgrade só vale mesmo a pena para um Moto G4 ou Moto G4 Plus.

Por 869 reais (versão básica) ou 899 reais (com TV digital), ou um pouquinho menos nas promoções do varejo, a Lenovo entrega um bom produto. Se o nível dos Moto G subiu na quarta geração, com preços de lançamento de até 1.499 reais, pelo menos a boa qualidade no modelo mais simples se manteve.

Especificações técnicas

  • Bateria: 2.800 mAh;
  • Câmera: 8 megapixels (traseira) e 5 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, Bluetooth 4.1, USB 2.0, rádio FM, TV digital (na versão DTV Colors);
  • Dimensões: 144,4 x 72 x 9,9 mm;
  • GPU: Adreno 306;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 128 GB;
  • Memória interna: 16 GB;
  • Memória RAM: 2 GB;
  • Peso: 137 gramas;
  • Plataforma: Android 6.0.1 (Marshmallow);
  • Processador: quad-core Snapdragon 410 de 1,2 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade;
  • Tela: LCD de 5 polegadas com resolução de 1280×720 pixels.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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