Galaxy Note 7: os olhos da cara

Por 4.299 reais, smartphone de 5,7 polegadas entrega leitor de íris, tela impecável e câmera impressionante

Paulo Higa
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• Atualizado há 10 meses

Pouca gente acreditava no celular grande e desengonçado que a Samsung apresentou em 2011, mas ele fez sucesso e acaba de chegar à sexta geração. O Galaxy Note 7 se baseia nos acertos do Galaxy S7 Edge e traz belos refinamentos em relação ao antecessor, com bateria maior, design bem acabado e câmera que não tem medo do escuro.

Com leitor de íris, 64 GB de armazenamento e hardware poderoso da Samsung, o Galaxy Note 7 será lançado no Brasil nas próximas semanas por 4.299 reais, mas eu já dei uma olhada nele para descobrir o que há de interessante. Será que é uma boa opção de compra? Eu conto tudo neste review completo.

Review em vídeo (em 4K!)

Design

O Galaxy Note 7 se parece bastante com o Galaxy S7 Edge, o que é bom e ruim. Ruim porque, especialmente nas cores prata e dourado, a carcaça de vidro brilhante da Samsung é um ímã de impressões digitais. Quem se incomoda com as marcas de dedo vai ficar esfregando o aparelho na roupa a todo momento.

Mas o design é bom porque é confortável. O Galaxy Note 7 tem bordas arredondadas que tornam a pegada mais segura, com uma traseira de vidro que oferece boa aderência, apesar de não parecer à primeira vista. Claro que a tela de 5,7 polegadas não permite o manuseio com apenas uma mão, mas quem compra um Galaxy Note já sabe da desvantagem de ter uma tela grande para consumir conteúdo.

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A falha de design no Note 5, que danificava o compartimento da S Pen quando a caneta era inserida ao contrário, não existe no Note 7. Agora, o único acessório que pode ser encaixado em qualquer direção é o cabo USB: temos um conector USB-C, que traz boas vantagens em relação ao Micro-USB. A Samsung manteve a entrada de 3,5 mm para fones de ouvido (obrigado!) e manda um adaptador de USB-C para Micro-USB na caixa, que pode ser útil quando você não estiver com o cabo novo por perto.

O leitor de impressões digitais, que continua desbloqueando rapidamente o aparelho, agora é complementado pelo leitor de íris. Para fazer o reconhecimento, o Galaxy Note 7 emite uma luz infravermelho na sua direção; basta olhar para o aparelho a uma distância de aproximadamente 25 centímetros e ver o smartphone sendo desbloqueado.

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Comigo, o leitor de íris tem funcionado muito bem. Mesmo na escuridão, o Galaxy Note 7 não tem problemas em ler meus olhos, seja com óculos, sem óculos, com lentes de contato ou sem lentes de contato. Como você precisa mirar o aparelho no seu olho, trata-se de uma forma mais lenta de autenticação biométrica em relação ao sensor de impressões digitais, mas que ainda pode ser útil — caso seu dedo esteja molhado, por exemplo, é só usar o leitor de íris que o Galaxy Note 7 sempre vai te reconhecer.

Tela

Talvez o Galaxy Note 7 tenha a melhor tela de smartphone do mercado — ainda estou para conhecer uma melhor. Todas as qualidades de um bom painel estão ali: o brilho é altíssimo, o contraste é forte, as cores são vivas, mas sem exagerar na saturação, o ângulo de visão é amplo e a definição é impecável, com 2560×1440 pixels distribuídos em 5,7 polegadas.

A tela com laterais curvadas também colabora com a beleza do aparelho, que não lembra em nada os tempos sombrios da Samsung, quando a empresa vendia smartphones caros de plástico com construção questionável. Desta vez, o Galaxy Note não tem nenhuma variante com tela plana, o que não fez falta nenhuma. Não seria surpresa se um futuro Galaxy S8 também abandonasse o modelo não-Edge.

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A Samsung tem produzido telas Super AMOLED muito boas desde, pelo menos, o Galaxy S5. O Galaxy Note 7 consolida essa ideia e adiciona o Gorilla Glass 5, o mais recente da Corning, que protege o smartphone contra quedas de alturas maiores. Além disso, quando está “desligada”, a tela se tornou mais útil que no Galaxy S7 devido a uma atualização no recurso Always On Display, que agora também exibe ícones de notificações de aplicativos de terceiros.

Um ponto bacana, ainda relacionado ao software, é que a Samsung incluiu um filtro de luz azul na central de notificações. O recurso é bastante parecido com o Modo Noturno do iOS e já estava presente em algumas interfaces, como a da Asus — basicamente, ele deixa a tela mais amarelada à medida que for anoitecendo, para diminuir o esforço ocular e melhorar a qualidade do seu sono.

Software

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O Galaxy Note 7 continua com o Android 6.0.1 Marshmallow, mas a Samsung mudou a interface em relação ao Galaxy S7, agora chamada internamente de Grace UX. O verde característico da Samsung praticamente não existe mais na personalização dos coreanos; os menus estão todos brancos, os ícones estão mais “sérios” e a interface, como um todo, ficou mais limpa.

O menu de configurações está diferente de tudo o que já vimos, seja no Android puro, seja na TouchWiz, o que vai exigir um certo tempo de aprendizado para lidar bem com o Galaxy Note 7. Algumas telas menos utilizadas ficaram bem escondidas, como o botão para restaurar o aparelho para as configurações de fábrica. Na verdade, até agora eu não sei exatamente onde fica essa opção; só consegui acessá-la com a ajuda da busca.

Os recursos dos smartphones Edge estão no Galaxy Note 7. Deslizando o dedo a partir da lateral direita (ou esquerda, isso é configurável para canhotos), é possível ter acesso a atalhos para aplicativos e contatos, além de algumas ferramentas, como régua ou lanterna. Não são recursos inúteis, mas no Galaxy S7 Edge eles mais me atrapalharam do que ajudaram; por várias vezes, ao fazer o gesto de swipe em algum aplicativo, eu acabava acionando o painel acidentalmente, por isso achei melhor desativá-lo.

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O Samsung Notes é um aplicativo exclusivo do Galaxy Note 7, que permite fazer anotações em texto ou manuscritos com a caneta S Pen, que foi atualizada para suportar até 4.096 níveis de pressão (!), o dobro da geração anterior. Uma vantagem de ter software e hardware bem integrados é que desenhar ou rabiscar no Galaxy Note 7 é muito bom — o Samsung Notes só reconhece a caneta, não seu dedo ou punho, tornando a escrita bem parecida com uma caneta num papel de verdade.

Ao remover a S Pen do compartimento, os recursos da caneta já surgem no display. Se o smartphone estiver com a tela desbloqueada, é possível fazer uma anotação, que será salva no Samsung Notes e poderá ser visualizada posteriormente. Se estiver com a tela ligada, dá para acessar ferramentas de ampliação, anotação rápida ou tradução, por exemplo. Nada que seja indispensável.

O modelo brasileiro suportará o Samsung Pay desde o primeiro dia. Eu venho utilizando bastante o serviço no Galaxy S7 Edge e a impressão tem sido bastante positiva. Ainda existe uma certa resistência por parte dos vendedores em aceitar que eu passe um objeto estranho chamado smartphone na maquininha de cartão e alguns se sentem inseguros, mas o pagamento sempre dá certo. Como o Samsung Pay suporta tanto NFC quanto MST (tarja magnética), ele funciona em praticamente qualquer lugar.

Câmera

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Por ter o mesmo módulo de câmera do Galaxy S7, o Galaxy Note 7 captura imagens com a mesma qualidade, o que é ótimo. Ele tem a melhor câmera de smartphone que eu já utilizei.

Um dos pontos mais importantes numa câmera de smartphone é a constância. O Galaxy Note 7 tem uma câmera previsível, que quase sempre vai tirar uma foto boa logo no primeiro clique, evitando que você tenha que capturar várias imagens para tentar aproveitar a “melhorzinha”. As imagens do sensor de 12 megapixels têm ótima definição, e a lente com abertura f/1,7 colabora bastante em situações de baixa iluminação.

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Em boas condições de luz, a exposição é equilibrada e praticamente não existe ruído, como na maioria dos smartphones acima dos 2.000 reais, que já conseguem fazer um trabalho impecável nessas situações. A câmera do Galaxy Note 7 mostra seu poder em ambientes internos ou nas fotos noturnas — as imagens ainda saem com muita nitidez, as cores são boas e o ruído continua baixíssimo.

A câmera frontal de 5 megapixels, embora não seja tão especial, faz bem o serviço:

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Se você se importa muito com fotografia, pegar um topo de linha da Samsung continua sendo a opção mais segura.

Hardware e bateria

Ainda que existam variantes superiores para outros mercados, o Galaxy Note 7 nacional tem um dos melhores conjuntos de hardware do mercado. Ele traz processador octa-core Exynos 8890 e 4 GB de RAM, suficiente para manter um bom desempenho multitarefa. Os 64 GB de armazenamento, que já viraram padrão em alguns concorrentes, finalmente estão na Samsung, o que vai dispensar a necessidade de um cartão de memória para muita gente (mas o slot de microSD continua lá).

As primeiras impressões sobre o desempenho do Galaxy Note 7 na prática não foram muito positivas, devido a alguns engasgos que aconteciam enquanto eu estava configurando tudo e o smartphone estava abrindo vários aplicativos pela primeira vez. Isso levantou suspeitas quanto à personalização da Samsung, que mudou bastante em relação ao Galaxy S7 — e como o Galaxy Note 7 ainda não está nas lojas, poderia muito bem ser falta de otimização, um software não finalizado.

No entanto, nos dias seguintes, ele entregou a performance que eu espero de um smartphone caro: é possível abrir e alternar rapidamente entre os aplicativos, e os jogos rodam com boa qualidade gráfica e taxa de quadros constante, mesmo com uma tela de 2560×1440 pixels, que exige bastante da GPU. Dá para imaginar que o hardware do Galaxy Note 7 seja suficiente para aguentar uns dois anos sem apresentar o menor sinal de lentidão.

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A bateria também não decepciona. Em comparação com o Galaxy S7 Edge, ele possui uma tela um pouquinho maior e uma bateria um pouquinho menor, de 3.500 mAh. Na prática, não consegui notar diferença de autonomia; a duração continua sendo suficiente para um dia inteiro de uso, e é um bom avanço em relação aos 3.000 mAh do Galaxy Note 5.

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No meu dia de teste, eu tirei o Galaxy Note 7 da tomada por volta das 9h. Naveguei na web pelo 4G, entre e-mails, redes sociais e páginas da web, por cerca de 1h40min, e ouvi 2h de streaming de música no Spotify, também pelo 4G. A tela, com brilho no automático, ficou ligada por exatamente 2h03min. Por volta das 23h, a carga ainda estava em 36%.

Eu desconsidero os modos de economia de energia nos testes de bateria, mas a Samsung mandou bem nesse ponto: o Galaxy Note 7 não se limita a restringir dados móveis em segundo plano ou reduzir a velocidade do processador. Ele também pode diminuir a resolução da tela para 1920×1080 pixels ou 1280×720 pixels. A quantidade de pixels físicos do painel não é reduzida, claro, mas a GPU é bem menos exigida e fica mais econômica. Muito bom para as situações de aperto.

Se nem isso for suficiente, as opções de bateria incluem um modo de “economia máxima de energia”, que transforma seu Galaxy Note 7 num celular basicão, limitando os aplicativos que podem ser abertos e desativando praticamente todos os recursos de conectividade.

Para a maioria das pessoas, bateria não vai ser um problema. Mesmo se for, não vai ser um problema por muito tempo, já que o Galaxy Note 7 suporta carregamento rápido sem fio e, por meio do cabo, dá para levá-lo de zero a 100% em duas horas. Para uma bateria de 3.500 mAh, é um tempo muito bom.

Conclusão

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A conclusão do Galaxy Note 7 é bem parecida com a do Galaxy S7. É mais simples falar primeiro para quem o Galaxy Note 7 não é uma boa compra.

O preço é, obviamente, muito alto. Quando o Galaxy Note 7 começar a ser vendido nas lojas brasileiras, no dia 23 de setembro, vai custar nada menos que 4.299 reais. Felizmente, como estamos falando de um smartphone da Samsung, o preço deve baixar com o tempo — o que pode torná-lo um custo-benefício muito bom no futuro, se você considerar que o aparelho quase não tem defeitos.

E o segundo ponto é o software. Para quem acompanha o Tecnoblog de perto, gosta de Android puro e tem aquela ansiedade por receber logo a nova versão do Android, o Galaxy Note 7 pode não ser uma boa opção de compra. Hoje eu não trocaria um hardware bom, uma tela boa e uma câmera boa pelo Android puro, mas há quem ainda considere isso muito importante.

Tirando essas duas exceções, o Galaxy Note 7 é o melhor smartphone que o dinheiro pode comprar hoje. Isso pode mudar em breve, já que vários smartphones bons devem ser lançados nos próximos meses, como o Moto Z e o próximo iPhone, mas por enquanto a Samsung continua no lugar mais alto do pódio. Ele tem a melhor tela do mercado, a melhor câmera do mercado, um hardware muito bom, uma bateria que dura bastante e um design que agrada aos olhos.

Ele pode não ser uma compra certa devido ao preço, mas, com certeza, não há o que criticar sobre a qualidade do Galaxy Note 7.

Especificações técnicas

  • Bateria: 3.500 mAh;
  • Câmera: 12 megapixels (traseira) e 5 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11ac, GPS, Bluetooth 4.2 LE, USB 3.1, NFC, MST;
  • Dimensões: 153,5 x 73,9 x 7,9 mm;
  • GPU: Mali-T880MP12;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 256 GB;
  • Memória interna: 64 GB;
  • Memória RAM: 4 GB;
  • Peso: 169 gramas;
  • Plataforma: Android 6.0.1 (Marshmallow);
  • Processador: octa-core Exynos 8890 de 2,3 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, bússola, giroscópio, barômetro, batimento cardíaco, impressões digitais, íris;
  • Tela: Super AMOLED de 5,7 polegadas com resolução de 2560×1440 pixels e proteção Gorilla Glass 5.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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