O Spotify estava tentando matar o SSD do seu computador há meses

Spotify para Windows, macOS e Linux gravou terabytes de informações desnecessárias em SSDs

Paulo Higa
Por
• Atualizado há 1 semana
spotify

As memórias flash têm vida limitada; elas aguentam um determinado número de ciclos de escrita antes de não conseguirem mais gravar dados. Em regra, você não precisa se preocupar com isso: é quase certo que você já tenha trocado seu computador muito antes do SSD morrer. Exceto se você é uma das milhões de pessoas que costuma ouvir músicas pelo Spotify no desktop.

Uma falha no Spotify estava fazendo os aplicativos para Windows, macOS e Linux gravarem quantidades absurdas de dados sem necessidade. Usuários mais atentos começaram a reclamar ao Spotify em junho, e o Ars Technica conseguiu reproduzir o bug com sucesso: o aplicativo gravava entre 5 e 10 GB de dados em menos de uma hora, chegando a 700 GB (!) quando deixado em plano de fundo por mais de um dia.

O pior é que a falha acontecia mesmo se o aplicativo estivesse completamente ocioso, e mesmo se você não armazena nenhuma música offline. Ou seja, é muito provável que o Spotify tenha gravado terabytes de informações inúteis no seu SSD, reduzindo drasticamente a vida útil do drive — é difícil saber quantos anos de vida foram tirados, ou quantos SSDs já morreram por culpa do Spotify.

Aparentemente, o bug estava relacionado a um arquivo chamado mercury.db, que era reescrito pelo Spotify a cada cinco minutos. Se você reinstalasse o aplicativo do Spotify, o banco de dados era limpo e o problema era amenizado. No entanto, à medida que você ouvisse mais músicas e o banco de dados fosse crescendo, a quantidade de bytes gravados subia.

Um usuário do Hacker News relata que o Spotify para macOS gravou 168 GB no mesmo período em que o Chrome gravou 51 GB. Outro diz que o aplicativo gravou 44 GB, mesmo gastando apenas 176 MB de tráfego de internet após ouvir “10 ou 20 músicas”. E outro confirma a fome do Spotify quando ocioso: “Abri o Spotify e fechei a janela. Nada tocando, nenhuma interação de usuário, nenhuma interface para exibir. 25 minutos depois, o Monitor de Atividade mostra que foi escrito 1,05 GB no disco”.

Quem possui apenas HD não precisa se preocupar com o bug do Spotify, já que a vida útil dos discos rígidos não é tão influenciada pela quantidade de escrita como no SSD. E quem ouvia músicas no computador apenas pelo player web do Spotify não foi afetado pelo bug. Ainda assim, é um problema sério para um serviço que é utilizado por mais de 100 milhões de pessoas.

Em nota, o Spotify se limitou a dizer que a falha foi consertada na versão 1.0.42, que está sendo distribuída automaticamente para todos os usuários. ¯_(ツ)_/¯

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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