A engenharia de plantas pode amenizar o aquecimento global

E de quebra ajudar a alimentar a população

Henrique Tozzi
Por
• Atualizado há 2 semanas

Os níveis atuais de dióxido de carbono na atmosfera nunca foram observados em nenhum período da história. Muito se discute sobre a redução desses níveis através de acordos famosos como o Protocolo de Kyoto e outras medidas que visam a redução da emissão de CO2 da queima de combustíveis fósseis. Mas parece que a solução para este problema também pode estar nas plantas.

Um estudo publicado recentemente na Science mostrou que, por meio da engenharia de plantas (conhecida nas paradas de sucesso como plantas transgênicas), os pesquisadores conseguiram aumentar a fotossíntese e, por consequência, a absorção de CO2 por plantas de Tabaco (Nicotiana tabacum).

Apesar de ser o processo que permite que a vida aconteça no Planeta Terra como a conhecemos – convertendo energia luminosa em energia química – a fotossíntese é um processo de baixa eficiência. Então a ideia dos pesquisadores do grupo de Stephen Long, da Universidade de Illinois em Urbana, foi de aumentar esta eficiência. Simples no papel, difícil na execução.

A baixa eficiência da fotossíntese faz com que o excesso de luz seja prejudicial, podendo danificar moléculas importantes. A planta então dissipa este excesso de luz através de processos chamados de extinção não-fotoquímica. Uma vez iniciados, eles demoram a ser desligados, causando um atraso na retomada da fotossíntese. Calcula-se que a perda de absorção de carbono em razão desta demora seja da ordem de 30%.

A sacada dos pesquisadores foi fazer com que esse lag da extinção não-fotoquímica fosse diminuído, inserindo genes que expressam uma maior quantidade de enzimas intermediárias à esse ciclo, permitindo à planta de tabaco retomar a fotossíntese mais rapidamente sob condições variáveis de luz. Assim, estas plantas geneticamente modificadas tiveram um aumento de 20% na sua produção de biomassa, indicando também que sua absorção de CO2 da atmosfera foi maior do que o normal.

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Aumento esperado da população mundial até 2050. Fonte: “How to feed the World in 2050”.

Além da consequência do aumento na absorção de CO2 da atmosfera, este procedimento pode levar ao maior salto de produtividade agrícola que tivemos desde a década de 70. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em 2050 a produtividade de alimentos deverá ser 70% maior do que é hoje para alimentar a população, se o ritmo de crescimento continuar igual ao atual.

Se há uma solução que pode aumentar a produtividade das plantas em geral e, por consequência, aumentar a retirada de CO2 da atmosfera, com certeza este é um assunto que merece um bom debate e uma atenção especial.

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