Asus ZenWatch 3: bonito no pulso

Com belo design, carregamento rápido de bateria e tela de alta qualidade, smartwatch da Asus custa R$ 1.999

Paulo Higa
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• Atualizado há 10 meses

A Asus entrou no mercado brasileiro de relógios inteligentes com não apenas um, mas dois modelos. O mais caro é o ZenWatch 3, voltado ao mercado de luxo. Com preço sugerido de R$ 1.999, ele traz um visor circular, uma bateria de carregamento rápido e um design de aço inoxidável que o transformou num dos smartwatches mais bonitos que já vi.

Será que o ZenWatch 3 é bom? Eu venho utilizando o relógio da Asus nas últimas semanas e conto minhas impressões neste breve review.

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O ZenWatch 3 chama a atenção por um bom motivo: ele é bonito. A minha unidade tem pulseira marrom, quase preta, com estilo esportivo, mas o design é suficientemente neutro para que ele possa ser utilizado em qualquer ocasião, inclusive as mais formais. Embora siga a tendência dos relógios de serem cada vez maiores (45 mm), ele não fica parecendo um trambolho gigante no meu pulso relativamente fino.

A tela AMOLED de 1,39 polegada (400×400 pixels) é circulada por um elegante anel dourado, tem boa definição e se mostrou eficiente em condições de forte luz solar: o sensor de iluminação faz bem o trabalho de elevar bastante o brilho para permitir a visualização do display. O bacana é que a Asus deu um jeito de esconder o sensor, de modo que ele não “rouba” parte da tela, como acontece no Moto 360.

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Três botões físicos estão na lateral do ZenWatch 3. O do meio, também presente em outros smartwatches com Android Wear, funciona como botão de início, enquanto o inferior é um atalho para o Eco Mode — nesse modo, a conectividade é restrita, o que aumenta a duração da bateria. Já o botão superior é personalizável, então você pode configurá-lo para abrir qualquer aplicativo (aqui, escolhi o calendário). Ter um botão físico para acionar um comando é certamente melhor que tocar numa tela minúscula.

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Outro ponto que conta a favor do ZenWatch 3 é a alta capacidade de personalização. A fabricante já coloca dezenas de mostradores no aplicativo ZenWatch Manager, que vão desde temas infantis até alguns mais sérios, que combinam mais com o estilo clássico do relógio.

O legal é que os mostradores suportam até três complicações, portanto, você pode ver o nível de bateria (do relógio ou do smartphone), a previsão do tempo, as calorias queimadas ou o número de passos diretamente da tela inicial.

E embora a bateria seja apenas medíocre, como explicarei adiante, não dá para dizer que você ficará muito tempo sem o relógio no pulso. A Asus incluiu uma tecnologia de carregamento rápido, chamada HyperCharge, que realmente impressiona.

Nos meus testes, o nível foi de zero a 80% em apenas 25 minutos (!), levando cerca de 45 minutos no total para completar a carga. Ainda que a bateria seja pequena (são 340 mAh), o carregamento de relógios inteligentes costuma demorar o dobro do tempo.

O ponto fraco da maioria dos smartwatches está presente no ZenWatch 3: bateria. A autonomia fica apenas dentro da média dos relógios com Android Wear, ou seja, é ruim. No modo com tela sempre ligada, funcionando como um relógio normal, ele dura cerca de 12 a 14 horas — logo, é quase insuficiente para um dia inteiro de uso, considerando que você o vista ao acordar e só o retire do pulso na hora de dormir.

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No modo econômico, deixando a tela ligada só com o movimento do pulso, a duração chega a um dia e meio — na prática, um dia, já que não é muito cômodo carregar o cabo magnético despadronizado do ZenWatch 3 para todo lugar. O problema desse modo é que o acelerômetro do relógio da Asus, além de lento, nem sempre é eficiente: por várias vezes, mesmo virando o pulso de forma mais brusca, a tela não me mostrou as horas.

É bem provável que o Android Wear seja o principal culpado pela autonomia, já que concorrentes como o Gear S2 (com Tizen) possuem capacidade de bateria semelhante e conseguem durar mais longe da tomada. Contribui para essa sensação o fato de que o ZenWatch 3 é um dos primeiros a vir com o Snapdragon Wear 2100, um processador da Qualcomm especificamente voltado para wearables (e para consumir pouca energia).

E falando em Android Wear, fica claro que o sistema operacional para vestíveis do Google ainda está bastante cru, não tendo evoluído muito ao longo dos anos — o Android Wear 2 estava previsto para este ano, mas foi adiado para 2017. Não há um aplicativo realmente interessante e o sistema de notificações é bastante incômodo.

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Num dispositivo com tela minúscula, quase um terço do visor é constantemente ocupado por uma faixa de notificação do Android Wear, que sobrepõe parte do mostrador e atrapalha a visualização. Para tirar a notificação, é necessário deslizar para cima, deslizar para direita e repetir o processo para cada notificação que você tiver. E depois limpar as marcas de dedo da tela.

Também é difícil entender o fato do ZenWatch 3 não ter GPS e nem leitor de batimentos cardíacos, o que o torna pouco útil para quem pratica corrida ou caminhada. Ele é posicionado como um relógio de luxo, mas isso não significa que pessoas que têm R$ 1.999 para gastar num smartwatch não façam atividades físicas. Os principais concorrentes, como Gear S2 (R$ 1.899), Apple Watch Series 1 (R$ 2.199) e Moto 360 Sport (R$ 1.999) têm leitor de batimentos cardíacos — e este último tem GPS também.

Vale a pena?

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Racionalmente, não.

O ZenWatch 3 é um belo relógio, mas o preço de R$ 1.999 afasta até compradores que estão dispostos a gastar muito. Mesmo para quem deseja um smartwatch, o gadget da Asus fica atrás de opções como Moto 360 Sport ou Gear S2 que, embora não tenham um anel dourado bonitão, são mais funcionais — o primeiro leva vantagem na conectividade, e o segundo ainda conta com um aro giratório que melhora a interação com o sistema. Se a questão for só beleza, há dumbwatches espetaculares por esse valor.

Embora a Asus tenha acertado no design elegante e resistente à água, no carregamento rápido e na tela de altíssima qualidade, o ZenWatch 3 sofre dos mesmos problemas de vários concorrentes: o ecossistema está muito longe de ser maduro, o valor ainda é inacessível para quase todo mundo e a bateria não possui uma duração realmente boa. Mesmo com a ajuda do Eco Mode, a duração fica muito atrás da tranquilidade dos sete a dez dias do Pebble, por exemplo.

Além disso, apesar do público-alvo do ZenWatch 3 provavelmente não estar muito preocupado com dinheiro, R$ 1.999 é algo que faz pouco sentido para um dispositivo que nem possui tanta utilidade. Não importa o smartwatch que você comprar, ele estará obsoleto em dois anos, seja por causa do abandono das atualizações de software, seja por causa da limitação do hardware para rodar novos aplicativos, seja por causa da bateria, que tem ciclos limitados de carga, seja porque você certamente vai raspá-lo em algum lugar, danificando seu belo design.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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