D-Link DIR-890L AC3200: um roteador ou um drone?

Com três bandas de operação simultâneas, DIR-890L entrega velocidade e cobertura, mas prepare-se para abrir o bolso

Lucas Braga
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• Atualizado há 10 meses

Roteador é sempre algo muito discreto, que normalmente fica escondido e ganha pouca atenção no design. Não é o caso do DIR-890L da D-Link, que tem um formato peculiar, uma cor vermelho berrante e uma aparência que chega até a ameaçar quem o olha. Encontrado no varejo por valores acima de R$ 2 mil, será que o roteador da D-Link só intimida ou entrega um bom desempenho?

Design

O DIR-890L tem um formato de pirâmide. Não é pequeno (388x247x120 mm) nem leve, e quando suas seis antenas externas ficam abertas, o produto parece muito mais um drone que um roteador. O acabamento em vermelho glossy (que acumula poeira só de tirar da caixa) dá um ar meio Ferrari ao dispositivo, que tem um rasgo na parte central com as luzes indicadoras brancas. As luzes são discretas o suficiente para não transformar o ambiente em uma balada, o que é uma ótima notícia para quem deixa o roteador no quarto.

Na parte traseira, uma elaborada grade quadriculada permite melhor circulação de ar para evitar superaquecimento. Estão ali duas portas USB, sendo uma 2.0 e outra 3.0, o botão de reset, o botão de WPS, quatro portas LAN e uma porta WAN – todas elas compatíveis com o padrão Gigabit Ethernet. Além disso, há um botão de liga/desliga e a entrada da fonte.

A fonte, por sinal, é bem diferente do que estamos acostumados quando se trata de um roteador. Parece mais um adaptador de tomada de notebook, já que existem dois cabos entre a fonte e o conector no produto – o cabo que entra na tomada tem padrão IEC320 C13, aquele comumente utilizado para ligar fontes de alimentação para desktop.

Isso não deve ser um problema para a maioria das pessoas, mas é uma pena que as antenas não sejam removíveis.

Interface e recursos

A interface do DIR-890L é a mesma já encontrada em outros novos roteadores da empresa, como DIR-822 e DIR-859. Ela é bonita, agradável e bem simples.

A configuração inicial é prática: após plugar o roteador na tomada e o seu modem na porta WAN, basta se conectar à rede Wi-Fi de fábrica do roteador – a senha vem anotada na base do roteador e em um tradicional cartão que acompanha os produtos da fabricante. Depois, é só abrir o painel no IP 192.168.0.1 e executar o assistente, no qual você irá selecionar a forma de conexão (normalmente DHCP ou PPPoE) e escolher nome e senha para sua rede.

Após completar o assistente inicial, é possível configurar o serviço de gerenciamento remoto mydlink (vamos falar mais sobre ele adiante). Depois, você será direcionado para a interface do roteador. Ela traz alguns detalhes interessantes que a maioria dos roteadores não mostra, como a quantidade de pessoas online na rede. Um gráfico de conectividade também ajuda o usuário a corrigir algum possível problema caso sua conexão não esteja funcionando.

Assim como nos outros produtos da empresa, o DIR-890 tem o recurso de priorização de dados por dispositivo (QoS). O roteador é capaz de aferir a velocidade da conexão com a internet, sendo possível fazer o controle de prioridades com maior precisão.

O controle disso é bem simples, bastando arrastar o dispositivo desejado para as opções de prioridade altíssima, alta e média. Também é possível estabelecer a prioridade de acordo com o tipo de conteúdo a ser trafegado, como jogos, streaming de mídia, transferência de arquivos, redes sociais, entre outros.

Algo que está se popularizando em roteadores mais avançados é suporte a VPN. O DIR-890L suporta apenas o padrão L2TP sobre IPSec, sendo útil para acessar sua rede doméstica ou do trabalho enquanto está fora do ambiente local.

Gerenciamento remoto

O DIR-890L se conecta ao serviço mydlink, que permite gerenciar o roteador remotamente. De longe de casa é possível ver o tráfego da rede, quem está conectado, alterar nome e senha da rede Wi-Fi e ainda bloquear o acesso de algum dispositivo.

O único porém de tudo isso é que para acessar o mydlink é necessário instalar um componente em seu navegador ou sistema operacional. No meu caso, não foi possível acessar pelo Safari, uma vez que o plugin disponibilizado pela D-Link simplesmente não funciona. No Chrome, bastou instalar a extensão que tudo funcionou. A verdade é que seria melhor se não precisasse de nada, né?

Servidor de mídia e compartilhamento de arquivos

Um dos maiores diferenciais do DIR-890L (entre roteadores da D-Link, uma vez que isso é super comum na concorrência) é a presença de duas portas USB. Uma delas é USB 2.0 e outra USB 3.0. Fica a dúvida: por que não colocaram as duas portas USB 3.0 logo de uma vez?

A ideia é que você conecte ali um HD externo ou pendrive para compartilhar o conteúdo em rede. Ao contrário do que encontramos nos concorrentes, não é possível ligar ali uma impressora ou mesmo um modem 3G/4G como contingência para a conexão principal de internet.

Quando você liga um dispositivo de armazenamento, o conteúdo fica todo acessível via rede (padrão SMB). Para a tristeza de usuários de Mac, não há suporte para Time Machine por meio desse roteador. Mas quando o assunto é mídia, o DIR-890L tem embutido um servidor DLNA, sendo possível exibir vídeos, músicas e fotos em televisores e outros equipamentos compatíveis. Quanto à reprodução, tudo funcionou de forma fluida e sem travamentos, visto que a velocidade de acesso entre os dispositivos sempre foi muito alta.

É triste notar que faltou um pouco de atenção nessa parte. Apesar de ser possível gerenciar tudo pelo Windows Explorer ou Finder, a D-Link incluiu um gerenciador de arquivos para utilizar no navegador. O problema é que a interface é, digamos, pré-histórica – e desenvolvida para utilização em celulares provavelmente na época do Android 2.2 ou iOS 4.0.

A D-Link também disponibiliza uma versão do mydlink Cloud para que você acesse o conteúdo de mídia por meio do seu dispositivo iOS ou Android. O app é velho (a última atualização foi em maio de 2012), confuso e feio. Ele não chegou nem a ser adaptado para iPhone 5. Faltou certo cuidado da D-Link nesse aspecto, uma vez que o smartphone passou a ter mais importância do que os computadores nos dias atuais.

Essas bordas existem porque o app não foi adaptado para iPhone 5. Já faz mais de 4 anos que o iPhone 5 foi lançado.

Desempenho

O DIR-890L tem um processador Broadcom BCM4709A0, o mesmo encontrado em outros roteadores mais avançados como Asus RT-AC3200 ou TP-Link Archer D9. Trata-se de um chip dual-core com 1 GHz. Ele também possui 256 MB de RAM, muito mais do que os 16 ou 64 MB que se encontra na maioria dos roteadores de operadoras.

As seis antenas emitem sinal em três bandas, sendo uma de 2,4 GHz e outras duas de 5 GHz. Como o marketing soma a velocidade de todas as bandas disponíveis, o DIR-890L “alcança” 3.200 Mb/s. Na prática, um dispositivo só consegue conectar a uma banda por vez, tendo a velocidade máxima teórica de conexão de 1.300 Mb/s. Ter duas bandas de 5 GHz significa ter mais capacidade para um maior número de dispositivos. Por conta disso, o DIR-890L aguenta perfeitamente tarefas mais pesadas, como streaming de vídeo em 4K.

O sinal de 5 GHz não surpreende, algo que é comum para essa frequência. No entanto, a rede de 2,4 GHz tem um ótimo alcance: minha casa tem dois pavimentos e um anexo, que fica abaixo do primeiro pavimento. Outros roteadores entregavam um sinal muito baixo ou nenhum, dependendo da localização interna. Com o DIR-890L, iPhones e Androids mostravam a barra de sinal cheia.

É óbvio que nesse caso a velocidade de acesso não era a mesma do cômodo onde o roteador estava localizado, mas era possível navegar na internet com velocidade suficiente para streaming de vídeos. Aliás, devo dizer que ao chegar no quarteirão da minha casa o celular já se conectava à rede. Com sinal baixo, mas conectava.

Para medir a velocidade de conexão utilizei meu MacBook Pro, compatível com o padrão 802.11ac com velocidade de até 1.300 Mb/s. Foi feita uma transferência de dados de um arquivo com pouco mais de 4 GB para um WD My Cloud, um HD externo que se conecta à rede doméstica. A D-Link até enviou um adaptador USB compatível com 802.11ac (o DWA-171), mas a velocidade de transferência máxima suportada é de 433 Mb/s. Com esse adaptador, não seria possível aferir corretamente a velocidade máxima suportada.

Veja os resultados:

Rede de 2.4 GHz

  • Menor distância: 118 Mb/s
  • Maior distância (pavimento inferior ao roteador): 32 Mb/s

Rede de 5 GHz

  • Menor distância: 545 Mb/s
  • Maior distância (quarto ao lado, uma vez que no pavimento inferior a rede de 5 GHz já não funcionava mais): 434 Mb/s

Pontos positivos

  • O design agrada bastante e torna o produto uma peça de decoração
  • Alcance de sinal acima da média
  • Velocidade de transferência corresponde à categoria do produto

Pontos negativos

  • O controle de dispositivos por USB é bem primitivo
  • A interface de controle remoto exige plugins e é ultrapassada
  • Preço muito fora da realidade para um roteador
  • Aplicativos de controle via smartphone são velhos e desatualizados

Conclusão

É um belo objeto de decoração, vai.

Como roteador, o DIR-890L está muito acima da média em relação ao que se encontra na maioria das casas de hoje: a velocidade de acesso é ótima e o sinal é absurdo de tão forte. A interface é simples o suficiente para um leigo conseguir configurar o dispositivo e as funções de QoS devem acabar com a briga entre pais e filhos para que todos possam navegar sem prejudicar ninguém.

No entanto, é preciso ponderar que o DIR-890L tem preço sugerido que beira os 3 mil reais. Hoje, já é possível encontrá-lo no varejo na faixa de R$ 1,7 mil, o que ainda é bem caro para um roteador que tem um suporte deficiente a dispositivos USB. Se seu problema é cobertura, chega a ser financeiramente melhor comprar cabo de rede, passar por toda a tubulação da residência e utilizar dois ou três roteadores medianos.

O DIR-890L é uma ótima solução para quem tem conduítes obstruídos para passagem de cabo ou rede elétrica onde a tecnologia Powerline não funciona muito bem. Se esse é o seu caso, vá em frente, mas esteja preparado para tirar muito dinheiro do seu bolso.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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