O Google vem fazendo de tudo para tornar o YouTube rentável: mesmo com usuários assistindo um bilhão de horas de vídeo por dia, o serviço nunca deu lucro. Aí entra o YouTube TV, um serviço de TV por assinatura nos EUA com alguns diferenciais que gostaríamos de ver também no Brasil.

O YouTube TV custará US$ 35 mensais quando for lançado nos próximos meses, sem fidelidade mínima – será possível cancelar a qualquer momento.

São quarenta canais, incluindo TV aberta americana, esportes (ESPN, Fox Sports), notícias, entretenimento (FX, USA, Syfy), infantis (Disney Channel, Disney XD), entre outros. Além disso, o serviço inclui as 28 séries originais do YouTube Red.

Cada assinatura dá direito a seis contas distintas, com recomendações de conteúdo personalizadas; e o streaming pode ser feito em até três dispositivos ao mesmo tempo. O YouTube TV estará disponível para Android, iOS, Chromecast e web. Inicialmente, ele não será compatível com dispositivos como Apple TV, PlayStation 4 e Xbox One, mas o Google indica ao Engadget que levará o serviço a mais plataformas.

Um dos diferenciais do YouTube TV é o “cloud DVR”: o usuário terá espaço ilimitado na nuvem para gravar transmissões ao vivo de programas, e depois assistir via streaming na TV, smartphone ou tablet. Será possível gravar mais de um programa ao mesmo tempo, e eles permanecerão disponíveis por nove meses.

Outro diferencial é o atendimento ao cliente, que geralmente deixa a desejar nos EUA (e também no Brasil). O Google promete excelência nessa área, e o usuário poderá entrar em contato através do app – por chat ou voz – sempre que encontrar algum problema. A empresa já tem um bom histórico de atendimento em serviços como Google Fiber (internet de 1 gigabit por segundo) e Project Fi (operadora móvel).

E, como se trata de um produto do Google, o YouTube TV conta com recursos de busca e personalização de conteúdo. Por exemplo, o usuário pode digitar “viagem no tempo” e obter uma lista de filmes e séries com esse tema; ou digitar o nome de um programa para ver todos os episódios disponíveis. Também haverá sugestões com base nos seus hábitos.

Tudo isso é bem bacana, mas esta “TV a cabo online” esbarra nos limites dos próprios canais de TV a cabo. Vários deles não estão disponíveis, por não fecharem acordo com o Google: entre as ausências notáveis, temos a Discovery, a Viacom (MTV, Nickelodeon), a Turner (TNT, TBS), a CNN e a HBO.

Além disso, o usuário não escapará dos anúncios. Na verdade, o próprio Google vai vender as propagandas que aparecerão no serviço, além dos próprios canais. Será possível pular anúncios nos vídeos gravados no cloud DVR (se você avançar o vídeo), mas só.

O mercado de TV por streaming está se aquecendo nos EUA. Lá, existem serviços como Sling TV, DirecTV Now e PlayStation Vue, que permitem fazer streaming de TV ao vivo; e o Hulu deve lançar um concorrente em breve. Rumores dizem que a Apple tentou entrar nesse mercado, mas não conseguiu.

Enquanto isso, no Brasil, estamos bem atrás. Canais abertos como Globo e SBT oferecem streaming ao vivo de graça, mas sem recursos de gravação; para assistir programas antigos no Globo Play, é preciso pagar R$ 14,20 mensais. Canais de TV paga oferecem streaming pela internet, mas só se você tiver assinatura com uma operadora tradicional; a exceção fica para o HBO Go, que custa R$ 34,90 mensais.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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