O lançamento da nova versão do Nokia 3310 trouxe de volta uma discussão que só teve quem é realmente velho. O celular, que suporta apenas redes 2G, é dual-band e opera nas frequências GSM de 900 e 1.800 MHz, o que não deve ser um problema para usuários da Claro, Oi ou TIM. Mas quem é cliente da Vivo não vai conseguir nem fazer ligações, salvo raras exceções.

A Vivo sempre foi a operadora diferentona do Brasil, desde quando insistia no CDMA enquanto todas as concorrentes eram GSM, e os resquícios dessa estratégia permanecem até hoje. Enquanto Claro, Oi e TIM adotaram o padrão europeu no 2G, a Vivo resolveu apostar nas frequências americanas, de 850 e 1.900 MHz.

É por isso que os celulares da década passada muitas vezes chegavam ao mercado brasileiro em duas versões: uma para a Vivo e outra para o resto. Esse problema foi resolvido com os aparelhos quadriband, que suportavam todas as operadoras, mas o novo Nokia 3310, por algum motivo, tem uma antena tão limitada quanto a do modelo de 17 anos atrás.

Uma das exceções fica por conta dos clientes da Vivo no estado de Minas Gerais, onde são utilizadas as frequências de 900 e 1.800 MHz para o 2G — a operadora reaproveita a antiga rede da Telemig Celular, comprada em 2008. Em algumas regiões, a Vivo chegou a adotar sobras de 1.800 MHz para ampliar a capacidade do 2G, mas sua rede ainda é baseada principalmente em 850 MHz.

Antes de comprar um celular que só faz ligações em 2017, é preciso voltar a pensar nos problemas de 2007.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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