Galaxy J7 Prime: um intermediário esforçado

Custando cerca de R$ 1.200, modelo dá um ar "premium" à linha Samsung Galaxy J, mas não deixa de ser mediano

Emerson Alecrim
Por
• Atualizado há 10 meses
Samsung Galaxy J7 Prime

A Samsung destina à linha Galaxy J os seus smartphones menos sofisticados. Mas isso não quer dizer que esses aparelhos não podem oferecer boa experiência de uso. Ou quer? Bom, eu usei o Galaxy J7 Prime como meu celular principal por duas semanas para descobrir.

O modelo tem tela de 5,5 polegadas, processador Exynos 7870 Octa, 3 GB de RAM e 32 GB para armazenamento interno de dados. À primeira vista, essa combinação convence, mas o que importa mesmo é saber como o dispositivo se comporta no dia no dia, concorda? Pois bem, conto as minhas impressões a seguir.

Design

Mesmo que os dizeres “Samsung” não estivessem ali na frente, você descobriria na hora que o J7 Prime é um smartphone da marca. O modelo não foge do padrão de design que, apesar de repetitivo, caracteriza com competência os smartphones Galaxy.

Eu testei a versão dourada do Galaxy J7 Prime, que exibe a cor branca ao redor da tela. É uma combinação de tons interessante para quem quer fugir do preto — mas o dispositivo também está disponível nessa cor para quem faz questão do tradicional.

Samsung Galaxy J7 Prime

A traseira, de alumínio e textura fosca, se dobra nas bordas para cobrir as laterais do smartphone. Essa curvatura deixa o modelo mais bonito, por outro lado, pode afetar a pegada. Não que o Galaxy J7 Prime seja escorregadio, mas eu achei que é mais fácil deixá-lo escapar das mãos do que outros smartphones, inclusive da própria Samsung, como o Galaxy J7 Metal ou o Galaxy A5 2017.

Samsung Galaxy J7 Prime

Na lateral direita, a Samsung colocou o botão liga/desliga e, um pouco mais acima, quase na ponta, a saída de áudio. Pisou na bola aqui, Samsung! Essa posição é horrível: ao jogar ou assistir a vídeos na vertical, por diversas vezes eu tampei essa saída com o dedo. Não tinha como escapar: se a saída ficasse virada para cima, eu tampava com a mão esquerda; se para baixo, com a direita.

Samsung Galaxy J7 Prime

Os botões de volume ficam no lado esquerdo, assim como as duas bandejas. Sim, duas. Uma guarda o SIM card principal. A outra tem os slots para o segundo SIM card e para o microSD — você pode usar um cartão de até 256 GB. É uma ideia que deve agradar muita gente: você não corre o risco de deixar um chip cair enquanto coloca o outro.

Samsung Galaxy J7 Prime

Tela

A tela tem 5,5 polegadas e resolução full HD (401 ppi). Já o painel é do tipo TFT LCD, mas incrementado com PLS, basicamente, uma tecnologia da Samsung que aproxima o display da qualidade de uma tela IPS, tanto quanto possível.

Funciona? Olha, a tela do Galaxy J7 Prime não faz feio, mas muitos smartphones por aí — inclusive intermediários — ganham na comparação. As cores têm boa saturação, e os níveis de contraste e brilho são aceitáveis. Porém, as tonalidades são afetadas quando você desloca o aparelho para os lados. Sem contar que o reflexo é muito perceptível: em ambientes bem iluminados, talvez você tenha que mudar de posição para enxergar o conteúdo.

Efeito da câmera: a tela não é azulada assim
Efeito da câmera: a tela não é azulada assim

Mas o que mais me incomodou é a ausência do sensor de luminosidade. Para compensar, o smartphone tem um modo externo que deixa o brilho no máximo para quando você está em um lugar com incidência de luz solar, por exemplo. Mesmo assim, o sensor faz falta: você vai sofrer um pouquinho para achar o modo externo se estiver em um ambiente muito claro.

E não espere milagres: mesmo com o brilho no nível máximo, talvez você tenha que se esforçar para enxergar o conteúdo da tela por conta dos tais reflexos.

Modo externo

Software

Procurando um celular com Android 7.0 Nougat? Então o Galaxy J7 Prime não é uma opção para você. O aparelho sai de fábrica com o Android 6.0.1 Marshmallow e não há previsão de atualização para a versão mais recente, embora essa possibilidade não esteja descartada.

Pelo menos a interface, a TouchWiz, trabalha bem: assim como tem acontecido com outros smartphones da linha Galaxy lançados nos últimos anos, ela não deixa o sistema lento e é fácil de usar.

Samsung Galaxy J7 Prime - TouchWiz

Também não há excesso de “lixo”: há aplicativos de terceiros pré-instalados, mas não são muitos. Alguns deles podem ser bastante úteis, na verdade, como os apps do Microsoft Office e o Opera Max (relembrando, o app ajuda a economizar dados em redes móveis). Também não há excessos nos aplicativos próprios: o Samsung Notes e o S Health até que são legais.

Câmeras

A câmera traseira do Galaxy J7 Prime tem 13 megapixels e lente com abertura f/1,9. De modo geral, o componente entrega bons resultados, mas vira e mexe vai te lembrar que você está usando um smartphone intermediário.

Samsung Galaxy J7 Prime

Quando as condições de iluminação ajudam — você pegou um dia ensolarado, por exemplo —, a câmera registra imagens com boa fidelidade de cores, nitidez e baixo ruído. Mas, olhando com mais atenção, a gente percebe alguma perda de definição causada pelo pós-processamento.

Foto registrada com o Samsung Galaxy J7 Prime
Foto registrada com o Samsung Galaxy J7 Prime
Foto registrada com o Samsung Galaxy J7 Prime
Foto registrada com o Samsung Galaxy J7 Prime

Não é nada dramático, é verdade. Porém, os probleminhas ficam mais evidentes quando você está em ambientes fechados. Mesmo quando a iluminação artificial é bastante forte, dá para notar cores mais suavizadas ou escurecimento na imagem. Quando isso acontece, o modo HDR pode ser a salvação.

Sem HDR
Sem HDR
Com HDR
Com HDR
Sem HDR
Sem HDR
Com HDR
Com HDR

À noite, se você tiver o mínimo de iluminação e fizer fotos com calma, vai conseguir registros interessantes, pois a abertura mais generosa permite mais entrada de luz. Interessantes, mas não livres de ruídos e problemas de definição, porém.

Sem HDR
Sem HDR
Com HDR
Com HDR

Agora, o que me aborreceu foi o autofoco. É normal você ter um pouco mais de trabalho para conseguir focar a imagem quando a iluminação é mais baixa. Nessa circunstância, a imagem sai tremida ou borrada, te obrigando a tentar de novo. Só que, no Galaxy J7 Prime, isso ocorreu até em ambientes abertos e bem iluminados. Não é um problema frequente, felizmente. Ele só ocorre quando, por alguma razão, o ajuste automático deixa o obturador mais lento.

A câmera frontal está lá, é claro, e vem com 8 megapixels (5 megapixels está deixando de ser padrão?), lente com abertura f/1,9 e flash LED. Ela faz registros aceitáveis, com equilíbrio de cores e baixo nível de ruído em condições favoráveis. Mas o pós-processamento é mais presente aqui: às vezes, o efeito de “rosto lavado” se torna facilmente perceptível.

Foto registrada com o Samsung Galaxy J7 Prime

Hardware e bateria

A Samsung pôs um processador Exynos Octa 7870 no Galaxy J7 Prime, um chip com oito núcleos Cortex-A53 de 1,6 GHz acompanhado da GPU Mali-T830MP2, além de 3 GB de RAM. É uma combinação que, de fato, condiz com um aparelho intermediário.

Nas atividades básicas do dia a dia — redes sociais, web, reprodução de áudio e vídeo, entre outros —, o smartphone se comportou bem. Porém, com jogos pesados como Unkilled e Need for Speed No Limits, dá para perceber que o aparelho sofre um pouquinho. Nas cenas mais movimentadas, não raramente há uma ligeira, mas perceptível queda na taxa de frames. Isso acontece até com configurações gráficas medianas ativadas, ainda que com menos frequência.

Pontuações no Antutu (esquerda), 3DMark e Geekbench 4
Pontuações no Antutu (esquerda), 3DMark e Geekbench 4

Por causa da posição infeliz da saída de som, passei a maior parte do tempo usando o celular com fones de ouvido — teria que fazê-lo de qualquer forma, pois o alto-falante tem baixa qualidade. O áudio fica muito superior nesse tipo de acessório, mas se você estiver usando fones de boa qualidade, poderá melhorar ainda mais o som ajustando o equalizador e ativando os efeitos nas configurações do sistema.

Ah, neste ponto, devo dizer que o botão físico frontal do J7 Prime também é um leitor de digitais. Funciona bem, mas o sensor não é dos mais rápidos, sem contar que eu sempre tive que pressionar o botão (ou o liga/desliga) para tirar o celular do standby e só então fazer a leitura da digital: o aparelho deveria ler sem acionamento de botão, mas, por alguma razão, o recurso não funcionou comigo. Apesar disso, o método ainda é mais rápido do que o desbloqueio via senha ou desenho na tela.

O botão físico também é leitor de digitais
O botão físico também é leitor de digitais

E a bateria? Ela tem 3.300 mAh, mas não impressionou nos testes. Rodei o filme O Poderoso Chefão: Parte 3 (2h50min) via Netflix e brilho máximo de tela, escutei música (30 minutos), joguei Need for Speed No Limits (30 minutos), naveguei na web (uma hora) e fiz uma chamada (10 minutos). Após essas tarefas, a carga da bateria caiu de 100% para 52%, considerando aqui um intervalo médio de três minutos entre elas.

O tempo de recarga de 15% para 100% foi de 2h12min (o carregador fornecido é “normal”, isto é, não tem tecnologia de recarga rápida).

Conclusão

Samsung Galaxy J7 Prime

O J7 Prime cumpre a missão de dar um ar premium à linha Galaxy J. Alguns detalhes, como ausência de NFC, falta de sensor de luminosidade e tela que é apenas ok, deixam claro qual é a categoria do aparelho. Por outro lado, há características que realmente tornam o modelo relevante.

As câmeras, por exemplo, têm lá suas limitações, mas são bem boas para a categoria. Os 32 GB de espaço (24,4 GB livres para o usuário) estão dentro do mínimo aceitável para os dias atuais. O acabamento externo é robusto. E recursos como leitor de impressões digitais e 3 GB de RAM em vez de 2 GB são mais do que bem-vindos.

Samsung Galaxy J7 Prime

No dia a dia, o aparelho se comporta bem, mas é preciso estar ciente de que ele pode ficar “ofegante”: os apps mais comuns vão rodar numa boa, assim como jogos não muito exigentes; games pesados também vão rodar, mas você vai notar o esforço.

No fim das contas, o Galaxy J7 Prime é uma boa opção para quem quer ir além do básico, mas não precisa de grande poder de fogo. Mas, como sempre, faça questão de um bom desconto: o dispositivo foi lançado no Brasil em novembro de 2016 com preço sugerido de R$ 1.599, mas, pesquisando rapidamente antes de publicar este review, o encontrei no varejo online por cerca de R$ 1.100.

Especificações técnicas

  • Bateria: 3.300 mAh;
  • Câmeras: 13 megapixels (traseira) e 8 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, Bluetooth 4.1, USB 2.0, rádio FM;
  • Dimensões: 151,7 x 75 x 8 mm;
  • GPU: Mali-T830MP2;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 256 GB;
  • Memória interna: 32 GB;
  • Memória RAM: 3 GB;
  • Peso: 167 gramas;
  • Plataforma: Android 6.0.1 Marshmallow;
  • Processador: octa-core Exynos 7870 de 1,6 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, impressões digitais;
  • Tela: TFT LCD de 5,5 polegadas com resolução de 1920×1080 pixels (401 ppi) e proteção Gorilla Glass.

Galaxy J7 Prime

Prós

  • Acabamento externo robusto
  • Câmeras boas para a categoria

Contras

  • Ainda sem sensor de luminosidade?
  • Posição horrível da saída de som
  • Esperávamos mais da tela
Nota Final 8.1
Bateria
8
Câmera
9
Conectividade
9
Desempenho
8
Design
8
Software
8
Tela
7

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Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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