Facebook demora 24 horas para remover transmissão ao vivo de crime hediondo

Felipe Ventura
Por
• Atualizado há 1 semana
Foto por The Crunchies!/Flickr

Este mês, o Facebook prometeu remover conteúdo violento mais rápido após uma polêmica nos EUA. Então, nesta segunda-feira (24), um usuário na Tailândia fez duas transmissões ao vivo na rede social matando a filha de onze meses — e os vídeos ficaram disponíveis por quase 24 horas.

Segundo a Reuters, o primeiro vídeo foi visto 112 mil vezes, enquanto o segundo vídeo teve 258 mil visualizações. O governo da Tailândia contatou o Facebook na terça-feira à tarde para solicitar a remoção dos vídeos, depois de receber um pedido da polícia. Eles foram, então, retirados do ar.

Normalmente, o Facebook não busca conteúdos violentos ou inapropriados; a empresa espera até que alguém os denuncie antes de agir. Mas para o Live, eles dizem ter uma equipe de moderadores humanos que monitoram vídeos ao vivo se eles atingirem certo limite de visualizações. Parece que nem isso adiantou.

Wuttalan Wongtalay, 20, enforcou a filha no terraço de um hotel deserto na cidade tailandesa de Phuket, e fez livestreaming pelo Facebook. Ele depois se enforcou; o suicídio não foi transmitido ao vivo. O policial responsável pelo caso diz à Reuters que Wuttisan “estava tendo paranoia sobre sua esposa o deixar e não o amar”.

É um caso semelhante ao ocorrido em Cleveland (EUA) este mês. Steve Stephens, de 37 anos, publicou um vídeo no Facebook atirando aleatoriamente em um idoso e matando-o no domingo de Páscoa. Ele estava irritado com a namorada, disse que tinha surtado e que iria “matar tantas pessoas quanto pudesse”. Stephens atirou em si próprio após uma perseguição policial, e faleceu.

Depois disso, o Facebook prometeu melhorar a forma como seus usuários denunciam vídeos, para que isso possa ser feito “tão facilmente e rapidamente quanto possível”. Infelizmente, isso ainda não foi implementado: para denunciar conteúdo, ainda é preciso seguir múltiplos passos e pop-ups.

A rede social já foi usada antes para transmitir atos hediondos, como uma criança sendo baleada, um adolescente com necessidades especiais sendo torturado, e agressões sexuais. Esta semana, um tribunal na Suécia ordenou a prisão de três homens que estupraram uma mulher e fizeram livestreaming.

O Facebook tem ambições de se tornar um YouTube, de olho na receita publicitária de vídeos, mas precisa urgentemente criar um ambiente menos tóxico para eles.

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

Canal Exclusivo

Relacionados