O Windows era a esperança de quem desejava uma “terceira via” para quebrar o duopólio do iOS e Android em smartphones. No entanto, a Microsoft deixou de fabricar a linha Lumia e concentrou sua atenção em outros dispositivos.

Ficou a cargo de outras fabricantes preencher esse espaço. Algumas empresas pequenas — NuAns, Coship, WhartonBrooks — tentaram tirar seus projetos do chão através de crowdfunding, mas elas aprenderam que não há demanda o bastante.

Primeiro veio a japonesa NuAns com o smartphone Neo. Seu design se destaca pela traseira TwoTone, composta de dois materiais que você pode escolher — madeira, couro, camurça, entre outros.

Ele possui tela HD de 5 polegadas, processador Snapdragon 617, 2 GB de RAM e 16 GB de armazenamento com suporte a microSD. Ele roda Windows 10 Mobile e é compatível com o Continuum, o “modo PC” que roda apps do smartphone em tamanho maior.

O NuAns Neo teve um bom lançamento no Japão, no início do ano passado, e a empresa decidiu vendê-lo no restante do mundo através do Kickstarter por US$ 250. Não deu certo: eles arrecadaram apenas 20% da meta de US$ 725 mil. Como o projeto não foi financiado, a NuAns não recebeu o dinheiro e não enviou os smartphones.

Então, em novembro, a chinesa Coship tentou vender o seu próprio dispositivo com Windows 10 Mobile em outros países. Ela também adotou a rota do crowdfunding, desta vez pelo Indiegogo, com uma meta mais modesta: US$ 100 mil.

O Coship Moly X1 possui tela HD de 5,5 polegadas, processador Snapdragon 410, 2 GB de RAM e 16 GB de armazenamento expansível. Ele não tem suporte a Continuum, mas custava mais barato: só US$ 179. No entanto, só trinta pessoas manifestaram interesse, mal chegando a 3% da meta. Novamente, sem ter o projeto financiado, a fabricante não enviou os aparelhos.

Este ano, foi a vez da americana WhartonBrooks e seu smartphone chamado Cerulean Moment. Ele era vendido como um aparelho “para fãs do Windows Phone”, mas com especificações medianas: tela HD de 5 polegadas, processador Snapdragon 617, 3 GB de RAM e 32 GB de armazenamento expansível, mais suporte ao Continuum. (Ele é baseado no design do Coship Moly W5, mas tem especificações melhores.)

A WhartonBrooks recorreu ao Indiegogo para arrecadar US$ 1,1 milhão (!) em trinta dias. Esta semana, o prazo da campanha acabou, e ela atingiu só 3% da meta.

A empresa também abriu uma campanha exclusiva para o Brasil através do Kickante, e a meta é ainda mais ambiciosa: R$ 5,85 milhões (!!!). Até o momento, ela conseguiu chegar a apenas 0,005% do valor desejado.

https://twitter.com/wisedigioficial/status/751540531264626689

No Brasil, também tivemos a promessa da empresa WisePlus em lançar o Prism com Windows 10 Mobile, o que nunca aconteceu. Eles tentaram vender o smartphone WisePlus Pi, desta vez com Android, através de uma campanha no Catarse, que literalmente arrecadou zero reais.

Uma reportagem reveladora do Manual do Usuário mostrou que a empresa não tinha os documentos necessários para importar o aparelho; tratava-se de uma versão “rebranded” (com a marca da WisePlus) de uma fabricante chinesa.

Em parte, essa sucessão de fracassos é culpa de depender do crowdfunding. Por exemplo, a NuAns lançou um smartphone com Android no Indiegogo, mas o Neo Reloaded ainda não chegou a 3% da meta. É que as pessoas querem ver e experimentar o smartphone antes de adquiri-lo. Um aparelho comprado em campanhas como essa é muito arriscado: como ficam o suporte e as atualizações?

O outro motivo, é claro, está no Windows 10 Mobile. Vários apps estão saindo da plataforma, e ela vem recebendo cada vez menos atenção da Microsoft. A empresa está mirando nos “cellular PCs”, tablets pequenos com 4G que rodam uma versão completa do Windows.

Ainda assim, há quem queira se agarrar aos últimos suspiros do Windows 10 Mobile — não o bastante para financiar uma campanha de crowdfunding, pelo visto.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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