Uber vai cobrar o “quanto você estiver disposto a pagar” em uma corrida

Os preços de uma corrida no Uber vão muito além do tempo e da distância do trajeto

Paulo Higa
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• Atualizado há 1 semana
Uber - smartphone

O Uber mudou a forma de mostrar preços no aplicativo em algumas cidades: em vez de visualizar uma estimativa do valor da corrida, você sabe exatamente o quanto vai pagar antes de chamar o motorista. Isso tem gerado algumas polêmicas: a tarifa dinâmica agora fica escondida e, recentemente, motoristas têm reclamado que recebem menos do que os passageiros estão pagando. Agora, o Uber está oficializando sua precificação complexa.

A empresa informa à Bloomberg que está lançando um sistema de preços baseado em rotas. É uma forma de cobrar mais de quem estiver disposto a pagar mais, ainda que o tempo e a distância da corrida, bem como o trânsito durante o caminho, sejam exatamente os mesmos. O esquema já estava sendo testado desde o ano passado.

A partir desta segunda-feira (22), em 14 cidades dos Estados Unidos, a empresa vai utilizar técnicas de aprendizagem de máquina para calcular quanto um passageiro está disposto a pagar por uma viagem em um determinado horário. Um fator de influência é o destino da corrida: uma pessoa indo para casa em um bairro mais rico da cidade pode pagar mais do que outra viajando para uma região mais pobre, por exemplo.

O histórico das viagens anteriores também conta na definição do preço, como informa o Engadget. Se um usuário costuma pagar mais por uma corrida individual de UberX, enquanto outro costuma fazer uma corrida compartilhada de UberPool mesmo tendo que esperar mais para chegar ao destino, isso significa que o primeiro normalmente está disposto a pagar mais.

Além disso, com a implantação do novo sistema, os motoristas vão deixar de receber exatamente o dinheiro que o passageiro pagou menos o desconto de 20% a 30% do Uber. A diferença entre o valor pago pelo passageiro e o recebido pelo motorista será embolsada pela empresa e utilizada para investir em motoristas para atender regiões de alta demanda.

Mas, no final das contas, a gente sabe por que o Uber está investindo tanto no sistema de precificação: a empresa ainda não é lucrativa (teve prejuízo de US$ 2,8 bilhões em 2016) e perde muito dinheiro ao mesmo tempo em que os motoristas reclamam de estarem ganhando pouco. A conta não está fechando. Os investidores deverão ficar mais satisfeitos com a notícia; resta saber se os usuários também.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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