Moto E4 Plus: básico com bateria enorme

Smartphone da Motorola não impressiona pelo desempenho, mas é desapegado da tomada

Paulo Higa
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• Atualizado há 10 meses

O mercado brasileiro não recebeu a terceira geração do Moto E, mas está recebendo a quarta em dose dupla. O Moto E4 Plus é o smartphone básico da Motorola com foco em bateria, trazendo capacidade de 5.000 mAh e prometendo autonomia de mais de um dia longe da tomada.

Será que a bateria do Moto E4 Plus é tudo isso mesmo? E como um dos primeiros smartphones da Motorola com processador da MediaTek se comporta no dia a dia? Eu utilizei o lançamento da Lenovo como meu smartphone principal na última semana e conto os detalhes nos próximos minutos.

Em vídeo

Design e tela

Não tem jeito: a primeira coisa que eu notei quando peguei o Moto E4 Plus foi o peso. Com 198 gramas e espessura de 9,6 mm, você percebe logo de cara que a bateria é densa e fez diferença no design do produto. Ainda assim, ele não foge muito do que esperamos para um smartphone com bateria de 5.000 mAh, como o Zenfone 3 Zoom (170 gramas) e Galaxy A9 (210 gramas).

Visualmente, o Moto E4 Plus é bem parecido com o Moto G5, o que é um ponto positivo. A Motorola apostou no acabamento em alumínio, um material que não estávamos acostumados em faixas de preço menores. Outra boa novidade dentro da categoria é o leitor de impressões digitais com suporte a gestos, que mantém o aparelho seguro e elimina os botões virtuais do Android, liberando espaço na tela.

Assim como no Moto G5, a Motorola não colocou um conector USB-C; ainda temos um Micro USB com carregamento rápido. A tampa traseira também é removível, mas a bateria é fixa. Ao abrir o Moto E4 Plus, você tem acesso aos dois chips de operadora (Nano-SIM) e ao cartão de memória, que pode ser importante para expandir o armazenamento interno de 16 GB, metade do irmão mais caro.

A tela LCD de 5,5 polegadas com resolução de 1280×720 pixels não impressiona pela definição, mas mantém textos e imagens nítidos. O brilho e o contraste poderiam ser melhores, especialmente considerando que o Moto G5, que custa apenas 50 reais mais caro, possui um painel notavelmente superior. E as cores têm saturação na medida certa, desde que você mantenha o modo Padrão — a Motorola, pelo que me parece, pesou a mão no modo Intensidade, que deixa as cores muito estouradas.

Vale uma menção ao alto-falante, que fica na parte de baixo, tem qualidade acima da média e reproduz som alto. Parece ter havido uma interferência da Lenovo, que já havia apostado no som em smartphones passados, como o Vibe K5. O fato do Moto E4 Plus vir com o aplicativo Dolby Atmos, que aplica efeitos de som no alto-falante, reforça essa sensação.

Software

O software do Moto E4 Plus é um Android 7.1.1 com algumas interferências da Motorola, que modificou os ícones de aplicativos, colocou um widget de previsão do tempo e desenvolveu um launcher semelhante ao utilizado nos smartphones Pixel.

Os diferenciais de software estão no aplicativo Moto, como acontece em outros smartphones da Motorola. Mas a empresa capou várias funções: os gestos para abrir a câmera ou ligar a lanterna, por exemplo, ficaram de fora do Moto E4 Plus. De qualquer forma, ainda é possível acessar a câmera rapidamente por meio de um duplo pressionamento no botão liga/desliga, como na maioria dos smartphones com Android.

O Moto Tela, que mostra o relógio e prévias de notificações com o aparelho em standby, também não funciona em sua plenitude, já que o Moto E4 Plus não possui sensores que ligam a tela por proximidade, como o Moto Z2 Play. O recurso, portanto, só ativa quando você movimenta o smartphone, o que não é a coisa mais útil do mundo — talvez seja mais prático simplesmente ligar a tela.

É importante notar que, historicamente, smartphones com chips da MediaTek demoram mais para serem atualizados, e isso é um fator que pode interessar aos compradores de Motorola. Além disso, a empresa mudou o discurso e não está garantindo publicamente o Android O para o Moto E4 Plus; isso não significa que ele não será atualizado, mas é bom ter esse detalhe em mente.

Câmera

A câmera de 13 megapixels do Moto E4 Plus é uma espécie de quebra-galho. Ela não captura fotos impressionantes, mas entrega um resultado dentro do esperado para um aparelho básico.

Com boa iluminação, o Moto E4 Plus tira fotos medianas, com um nível de detalhes não muito alto e um pouco de ruído em áreas de sombra. O alcance dinâmico do sensor de imagem é ruim, o que frequentemente torna as cenas muito escuras, mas é possível amenizar o problema ativando manualmente o HDR. Também pode haver perda de definição nas bordas.

Em ambientes internos, o ruído se destaca, mas a câmera ainda consegue preservar boa parte dos detalhes dos objetos. À noite, pode esquecer: a granulação toma conta da cena e os detalhes dos objetos vão embora. Além disso, como a abertura da lente não é grande (f/2,2), o Moto E4 Plus é obrigado a reduzir muito a velocidade do obturador, o que torna mais difícil tirar uma foto sem borrões de movimento.

Hardware e bateria

O desempenho do Moto E4 Plus é satisfatório. Dá para perceber uns engasgos de vez em quando, mas ele não chega a ficar travando, como aconteceria em um smartphone ainda mais simples. O processador quad-core MediaTek MT6737 de 1,25 GHz e os 2 GB de RAM oferecem performance mais que suficiente para quem utiliza redes sociais e aplicativos de mensagens.

Só a GPU Mali-T720 MP2 fica devendo e mostra dificuldades para lidar com jogos mais pesados. Mesmo com os gráficos no mínimo, sem sombras e com presença de serrilhados, Breakneck e Unkilled não mantêm uma taxa de quadros constante. Certamente não é um aparelho para quem pretende jogar.

Mas a bateria é o grande destaque do Moto E4 Plus. Pela minha experiência, é bem provável que você chegue a até dois dias longe da tomada sem o menor problema, e é praticamente impossível drenar a bateria antes do final do primeiro dia, a não ser que você resolva assistir a um vídeo por mais de 11 horas no Wi-Fi com o brilho no máximo (e não durma, coma ou tome banho).

Nos meus dias de teste, com duas horas de navegação no 4G e duas horas de streaming de música, também pela rede móvel, cheguei em casa com algo entre 60% e 65% de bateria, uma marca espetacular. O aparelho ficou com brilho no automático e permaneceu das 9h às 23h longe da tomada. Em um dos testes, não recarreguei o Moto E4 Plus e, no final do segundo dia, ele ainda tinha 14% de carga.

Bateria, definitivamente, é algo que você não vai se preocupar: precisa fazer muito esforço para conseguir esgotá-la em apenas um dia.

Conclusão

O Moto E4 Plus tem o que eu espero de um aparelho básico. A câmera, como sempre, é o componente que acaba sofrendo mais com o corte de custos. Mas o desempenho é satisfatório para quem não joga, a tela possui boa qualidade e a bateria dura bastante. O acabamento diferenciado e o leitor de impressões digitais são bons chamarizes para um smartphone de entrada.

O problema é que ele chegou custando mais que um aparelho básico. Com preço sugerido de R$ 949, o Moto E4 Plus é apenas 50 reais mais barato que o Moto G5. E o irmão mais caro possui display com resolução bem superior, o dobro de armazenamento interno (32 GB), um hardware mais potente e uma câmera que tira fotos melhores. Só a bateria fica muito abaixo, com capacidade de 3.000 mAh.

É uma questão de escolha: você está disposto a abrir mão de uma bateria que dura mais de um dia para ter uma experiência melhor durante esse dia? Eu abriria e, portanto, o Moto G5 ainda seria a minha escolha no segmento abaixo dos mil reais. Já para quem faz questão de ter muita autonomia, o Moto E4 Plus é uma das melhores opções que não doem tanto no bolso.

Especificações técnicas

  • Bateria: 5.000 mAh;
  • Câmera: 13 megapixels (traseira) e 5 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, Bluetooth 4.2, USB 2.0, rádio FM;
  • Dimensões: 155 x 77,5 x 9,6 mm;
  • GPU: Mali-T720 MP2;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 128 GB;
  • Memória interna: 16 GB;
  • Memória RAM: 2 GB;
  • Peso: 198 gramas;
  • Plataforma: Android 7.1.1 (Nougat);
  • Processador: quad-core MediaTek MT6737 de 1,25 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, bússola, giroscópio, impressões digitais;
  • Tela: LCD de 5,5 polegadas com resolução de 1280×720 pixels.

Moto E4 Plus

Prós

  • Acabamento com traseira de alumínio
  • Já falei que a bateria dura muito?
  • Leitor de impressões digitais em aparelho básico
  • Som potente e de boa qualidade

Contras

  • Design pesadinho pode não agradar
  • De vez em quando dá umas engasgadas
Nota Final 7.9
Bateria
10
Câmera
7
Conectividade
9
Desempenho
6
Design
8
Software
8
Tela
7

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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