O Nubank está lançando um programa de fidelidade para todos os seus clientes a partir de hoje, após quase um ano de testes. O Rewards tem uma conversão de gastos em pontos que é mais fácil de entender, porém exige o pagamento de uma anuidade. Felizmente, a própria startup mostra se isso vale a pena (ou não) para você.

Nós adiantamos por aqui os detalhes do Nubank Rewards. Você acumula um ponto a cada real gasto; no caso de despesas em dólar, o valor é convertido imediatamente. Os pontos não expiram.

Com sua pontuação, você pode “apagar” gastos deslizando-os para a direita; o Nubank lança um crédito na fatura com o mesmo valor. Isso também vale para despesas internacionais, mas você pode ser cobrado por variações cambiais.

O programa oferece trinta dias gratuitos; depois, você paga R$ 19/mês ou R$ 190/ano. Ele será liberado para todos os clientes ao longo das próximas semanas.

Vale a pena?

Segundo o próprio Nubank, o Rewards só compensa para quem gasta no mínimo R$ 1.583 mensais. Esse valor permite acumular 19 mil pontos em um ano, que você pode trocar por R$ 190 em viagens — é o preço da anuidade.

Há uma ferramenta em nubank.com.br/rewards que mostra quais gastos você pode apagar dependendo da sua fatura mensal. Se for menos que R$ 1.583, o Nubank é sincero: “o Rewards não vale a pena com esse gasto por mês. Será que não tem outras coisas que você pode pagar com seu roxinho, ao invés de débito ou dinheiro?”

Com R$ 2 mil mensais, você pode apagar um voo de ida e volta entre São Paulo e Belo Horizonte, ou um ano de streaming de música. Com R$ 3 mil, é possível apagar 5 compras na Amazon Brasil, 6 meses de streaming de música e 6 viagens de Uber. Com R$ 5 mil, você apaga duas viagens de ida e volta entre São Paulo e Rio de Janeiro; e assim vai.

O Rewards permite apagar até mesmo compras antigas, desde que tenham sido feitas após a adesão. Por exemplo, se você entrou no programa em agosto, fez uma corrida do Uber em setembro e juntou pontos suficientes em dezembro, pode apagar essa despesa — é só voltar na fatura correspondente. Um crédito no mesmo valor será adicionado à sua fatura atual.

Esta é a tabela de conversão, válida para todos os clientes:

  • 10.000 pontos valem R$ 100 para despesas identificadas como viagem (passagens aéreas, diárias de hotel, estadias em hostel/Airbnb etc.);
  • 2.600 pontos valem uma mensalidade da Netflix em qualquer plano (R$ 19,90 a R$ 37,90);
  • 2.500 pontos valem uma viagem de Uber entre R$ 10 e R$ 25;
  • 3.000 pontos valem uma compra na Amazon.com.br de até R$ 30;
  • 2.000 pontos valem uma mensalidade de streaming de música (R$ 16,90 a R$ 26,90 no caso do Spotify).

Os gastos precisam se encaixar nessas categorias para poderem ser apagados, mas há alguns pormenores. Você pode apagar a assinatura de 30 serviços de streaming de música, incluindo Spotify, Deezer e Apple Music — o Tidal, no entanto, não é contemplado.

O Rewards não oferece descontos parciais. Por exemplo, se uma viagem do Uber custou mais que R$ 25, você não recebe qualquer abatimento — ela não pode ser apagada. Se você não tiver pontos o suficiente para uma passagem de avião, não poderá apagar apenas parte dela (às vezes isso é possível com milhas, algo que o Nubank não oferece).

Se uma estadia em um hostel não for identificada automaticamente na categoria “viagem”, ela não poderá ser apagada, mesmo que você modifique isso manualmente. O Nubank cogita usar crowdsourcing e localização para sempre reconhecer as despesas de forma correta.

Por que o Rewards?

Cristina Junqueira, co-fundadora do Nubank, explicou em um evento para a imprensa que o Rewards vem sendo desenvolvido há um ano e meio. O programa esteve em beta limitado desde setembro. “Dezenas de milhares” de clientes acumularam 150 milhões de pontos durante esse período; destes, 40 milhões já foram usados.

O Rewards tem três objetivos, segundo Cristina: reter clientes de renda alta; atrair pessoas que usam o cartão roxo como complementar, em vez de principal; e atingir um público que exigia recompensas mensais.

Atualmente, a principal fonte de receita do Nubank é o “intercâmbio”, isto é, uma taxa recebida a cada transação que você faz. Quanto mais o cliente gasta, mais a empresa ganha. E algumas pessoas dobraram — ou até triplicaram — as despesas mensais após entrarem no Rewards durante o beta.

Assim, o objetivo do Nubank não é depender de anuidade ou tarifas, diz Cristina. O intercâmbio continua a fonte principal de renda; e ele é mais alto quando o gasto dos clientes é mais alto.

Futuro

Cristina diz que o Rewards terá mais parceiros no futuro, sem revelar quais. Eu consigo imaginar alguns prováveis candidatos, como concorrentes do Uber (Cabify, 99) e da Netflix (Amazon Prime Video, Looke). Ela também acredita que, se mais gente aderir ao programa, o Nubank poderá negociar melhor com os parceiros e entregar uma conversão melhor de pontos.

A executiva não descarta a ideia de cashback, isto é, de devolver parte da fatura para o cliente gastar como quiser. (No caso de viagens e hospedagens, o Nubank devolve 1% do valor gasto, mas em pontos.)

Ela também sugere que o Rewards pode ajudar a resolver duas críticas comuns ao Nubank. Uma delas é o limite baixo do cartão: a empresa concede “centenas de milhares” de aumentos todo mês, diz Cristina, e poderia calibrar esse valor com base no programa de pontos.

Isso também abre as portas para o Nubank oferecer um segundo cartão aos clientes, porque ajudaria a realizar mais gastos e acumular mais pontos — é algo que está em estudos. 8 milhões de pessoas já pediram o cartão roxo, e meio milhão seguem na lista de espera.

Por fim, quanto ao Samsung Pay e pagamentos via smartphone, melhor não esperar novidades tão cedo. Segundo Cristina, isso exige que o Nubank adote a tokenização, que autoriza pagamentos sem transferir o número do cartão ou a senha — e essa tecnologia não tem data para ser implementada.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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