Odyssey: a tentativa da Samsung no mercado de notebooks gamers

Fabricante tenta, mas não acerta tanto com um notebook gamer

Jean Prado
Por
• Atualizado há 10 meses

Para entrar na onda dos notebooks gamers, a Samsung fez diferente. Em vez de lançar um trambolho que custa os olhos da cara, a empresa apostou em um notebook mais fino e com um preço talvez razoável, seguindo a tendência do mercado.

Estou falando do Odyssey, que tem cara de um notebook comum com luzes vermelhas, um logo diferentão e um hardware mais parrudo por dentro. O preço também não é tão alto: começando em R$ 4.999, o Odyssey vem com i5 de 7ª geração, uma GTX 1050 e um design super descolado. Mas será que vale a pena?

Design e acabamento

Vamos começar por esse lado descolado. A Samsung tem um bom histórico com notebooks mais caros, porém o Odyssey não se encaixa muito nisso. Ele tem uma carcaça de plástico preto fosco e várias luzes vermelhas. Enfatizo isso porque chama bastante atenção: o logotipo enorme na tampa é vermelho, o teclado tem as teclas WASD marcadas, retroiluminação na cor vermelha, e o touchpad… É bem legal:

O touchpad fica abrigado por esse desenho diferente de paralelogramo, com um tipo de vidro em volta. A luz vermelha fica só nas pontas; não dá para alterar a cor, só a luminosidade.

Em termos de conexões, o Odyssey suporta Ethernet, HDMI, fones de ouvido de 3,5 mm, três entradas USB e uma para cartão SD.

No geral, esse acabamento de plástico não tem nada demais, acredito poderia ser melhor pela faixa de preço. Não é melhor que a linha Inspiron Gaming da Dell, por exemplo. Se você se incomodar bastante com digitais em todo o notebook, já se prepare para levar um paninho com você.

Você também deve ter percebido que o Odyssey não é tão grande assim: apesar da tela de 15,6 polegadas, ele tem 2,8 cm de espessura e pesa 2,52 kg. Pelo que ele tem dentro, dava para esperar um notebook bem mais pesado. Dá para colocar o notebook na mochila, levar por aí e colocar no colo sem ter dores no corpo no final do dia.

Tela e hardware

Também não tenho nada a reclamar da tela do Odyssey. O display tem resolução de 1920×1080 pixels, o que é esperado para um notebook dessa faixa de preço no Brasil. As cores são vibrantes, bem saturadas e ainda há uma opção nas configurações para ativar um modo HDR, que melhora o alcance dinâmico e o contraste. A tela também tem tecnologia antirreflexo, deixando o notebook bem melhor para ser usado em ambientes externos ou com bastante luz natural.

O resto do hardware externo deixa um pouco a desejar. O touchpad é pequeno perto da área disponível na base do notebook, o material não é dos melhores (o dedo não desliza muito bem) e o clique é mais duro que o esperado.

Já o meu problema com o teclado não é nem com as teclas em si e mais com os atalhos. Acho bem legal que a Samsung tenha colocado recursos nativos para acompanhar o FPS e gravar a tela, mas ela acabou sacrificando os botões de mídia (pausar e avançar música). No lugar, tem botão para acessar as configurações, desligar o Wi-Fi e acessar o menu de projeção: três opções que poderiam muito bem ser substituídas pelos controles de mídia, já que eu posso acessá-las facilmente pelo mouse.

Por fim, os alto-falantes são bons, mas facilmente abafados porque ficam na parte de baixo do dispositivo. O som é bem alto e a qualidade é compatível com a faixa de preço.

Desempenho

Em termos de hardware interno, o Odyssey vem com um i7-7700HQ a 2,8 GHz com overclock até 3,8 GHz, uma GTX 1050 com 4 GB de memória DDR5, 8 GB de RAM DDR4 e… um HD com 1 TB de 5.400 RPM. A versão com SSD só é vendida lá fora, que também vem com 16 GB de RAM. Aqui no Brasil, a única opção que temos é comprar com i5 ou i7.

Se você acompanha os meus reviews já deve saber que eu não sou muito fã de ter só HD em notebooks que precisam entregar um ótimo desempenho: essa foi a minha principal queixa no review do Inspiron Gaming do ano passado e ela se reflete com o Odyssey.

Ele gargala para abrir aplicativos, para iniciar e até para executar tarefas simples, por conta do armazenamento lento. Nem o i7 de última geração ajuda muito — esse ponto me faz até pensar se não seria melhor pagar pela versão com i5. Até em uso mais intenso, com aplicativos básicos como Slack, Twitter, Telegram e 15 abas do Chrome abertas, percebo que o notebook não está em seu máximo unicamente por culpa do HD. O mínimo aceitável (mas não ideal) seria um HD de 7.200 RPM.

Parte disso também se reflete nos jogos: você vai ficar um bom tempo esperando em telas de carregando se o jogo for pesado. Para esclarecer por que não tem Odyssey com SSD no Brasil, recorri à Samsung. Em resposta ao Tecnoblog, eles responderam que escolhem as configurações de acordo com a demanda do mercado local e lançam os modelos que a maioria dos gamers querem comprar.

“E o Odyssey conta com a facilidade do upgrade com a simples remoção da tampa inferior do hexaflow, para aqueles que desejarem expandir a capacidade original do produto. Assim, optamos por investir mais em partes que são mais difíceis de expandir, colocando, por exemplo, uma tela de qualidade superior”, diz a empresa. Pelo menos você pode adicionar um SSD e trocar a RAM abrindo a tampa de baixo se quiser.

Eu mencionei que o Odyssey tem uma GTX 1050, mas antes de falar sobre o desempenho vamos entender a nova geração de GPUs para notebooks da Nvidia. A GTX 1050 é considerada de entrada perto dos modelos GTX 1060 em diante. Sem o M no nome (como GTX 980 vs. 980M), essas novas GTXs são bem próximas das que são usadas no desktop, entregando mais poder de processamento mas ainda com algumas otimizações para laptops.

Isso é muito bom, porque traz um desempenho ainda melhor para notebooks gamer sem consumir tanta energia. O problema é que os números enganam: entre a GTX 1050 e a GTX 1060 há uma enorme diferença. No desktop, a GTX 1060 traz 60% mais desempenho que a GTX 1050 Ti, que já é melhor que a GTX 1050 comum. Nos notebooks, a GTX 1060 é duas vezes melhor que a GTX 1050.

Com um Avell G1540 Lite aqui, que tem uma GTX 1060 com 6 GB de VRAM, rodei o 3DMark. O Odyssey pontuou 1.752 no benchmark gráfico e recebeu média de 10,5 fps no primeiro teste, enquanto o notebook da Avell pontuou 3.498 e teve média de 22,8 fps. Baita diferença, hein?

Na prática, isso quer dizer que você vai conseguir um bom desempenho no Odyssey, mas pode ser inferior em relação a modelos que usam uma GTX 1060. Felizmente, o notebook surpreendeu e rodou bem esses quatro jogos testados aqui no Tecnoblog, todos com resolução nativa (1080p):

  • Battlefield 1 — a configuração automática deixou tudo em médio, o que eu considerei ideal. No geral, o Odyssey aguentou muito bem o game a 60 fps com quedas ocasionais devido a explosões e cenas mais pesadas, mas nada que tenha atrapalhado muito a jogatina;
  • GTA V — uma média de 57 fps, boa na configuração padrão (variando entre alta e muito alta). Ainda que o jogo trave em 60 fps na maior parte do tempo, percebi sérias quedas a menos de 10 fps em alguns momentos, então pode ser uma ideia jogar com os gráficos no médio;
  • Dishonored 2 — só consegui 60 fps nas configurações médias, com algumas quedas para 50 fps em certas ocasiões. Em alta ou ultra, o game engasgava com média de 40 fps para menos;
  • Life is Strange — como é um jogo mais leve, rodou sem problemas a 60 fps na configuração máxima (até deu para colocar um anti-aliasing de 4x).

Por fim, também percebi que nos durante os jogos ou qualquer uso mais intenso a parte embaixo da tela e um pouco do teclado começa a esquentar bastante, mas não chegou ao nível de eu me incomodar. É só não deixar o Odyssey no colo.

Bateria

Normalmente a bateria é um ponto delicado em alguns notebooks gamer, e isso não é diferente no Odyssey. Jogar com ele fora da tomada não é uma boa, uma porque o desempenho cai bastante se você não ativar o modo de alto desempenho nas configurações; e outra porque a bateria vai acabar mais rápido ainda. Mas isso não é tão grave, já que a maior parte dos games a gente joga sentado na mesa com o notebook conectado na tomada.

E no dia a dia? Fiz o teste prático. Tirei da tomada às 8h28, ouvindo música no Spotify, navegando no Chrome e com Twitter, Slack e Newton abertos, mais um arquivo *.rar de alguns gigas extraindo. Às 10h40, o Odyssey já entrou em modo de economia de bateria, com 20% da carga restante; foram pouco mais de 3 horas de uso moderado, uma autonomia pouco satisfatória. Acabar rápido na jogatina eu até entendo, mas outros tipos de uso eu esperava mais.

Conclusão

Mesmo com uma GTX 1050, o desempenho do Odyssey é compatível com a faixa de preço e deve rodar de forma bem satisfatória os games que você quiser jogar. A versão com i5 custa por volta de R$ 4.599 (chega até a R$ 4.000 à vista) e a versão com i7 sai por volta de R$ 5.399 (ou R$ 4.700 à vista).

Se você se interessou no Odyssey, particularmente recomendo a versão com i5, que não deve proporcionar muita diferença no desempenho para jogos; o preço à vista está ok. Pelo modelo com i7, no entanto, recomendo outros notebooks como o Inspiron Gaming, que pelo mesmo preço já oferece uma GTX 1050 Ti; dessa vez, a Dell acertou e também trouxe uma versão com SSD do Inspiron. Só faltou você, Samsung.

Especificações técnicas

  • Armazenamento: 1 TB (5400 RPM);
  • Bateria: 43 Wh;
  • Conectividade: Placa Wi-Fi 802.11ac e Bluetooth v4.1;
  • Dimensões: 260 x 378 x 28,2 mm;
  • Memória RAM: 8 GB DDR4;
  • Peso: 2,52 kg;
  • Placa de vídeo: Nvidia GTX 1050 com 4 GB de memória DDR5;
  • Processador: Intel Core quad-core i7-7700HQ de 7ª gen a 2,8 GHz (a 3,8 GHz);
  • Teclado: ABNT, padrão americano;
  • Tela: LED retroiluminada de 15,6 polegadas com antirreflexo;
  • Resolução: 1920×1080 pixels;
  • Sistema: Windows 10 Home Single Language (64-bits);
  • (» Mais informações)

Odyssey

Prós

  • Tela com boa saturação e tecnologia antirreflexo
  • Você pode embutir um SSD e mais RAM

Contras

  • Bateria dura menos que o esperado
  • Teclado e touchpad poderiam ter mais qualidade
  • Faltou trazer uma opção com SSD
Nota Final 7.7
Bateria
6
Desempenho
8
Design
7
Software
9
Teclado
7
Tela
9

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Jean Prado

Jean Prado

Ex-autor

Jean Prado é jornalista de tecnologia e conta com certificados nas áreas de Ciência de Dados, Python e Ciências Políticas. É especialista em análise e visualização de dados, e foi autor do Tecnoblog entre 2015 e 2018. Atualmente integra a equipe do Greenpeace Brasil.

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