Até 2015, eu usava tão pouco o aplicativo de telefone que tinha um plano personalizado da Claro com 10 minutos de franquia. Minhas chamadas de voz, que não eram muito frequentes, ficavam a cargo de VoIP e telefone fixo. Isso foi mudando à medida que eu migrei de operadora e não consegui mais uma oferta com um pacote de dados generoso combinado com uma franquia de minutos pequena.

O resultado é que, com tantos minutos à disposição (tive um plano de 600 minutos na Vivo, depois 400 e agora 2.000 na TIM), passei a usar a rede celular para telefonemas. Cheguei a testar as chamadas de voz do WhatsApp, mas elas não me agradavam por dois motivos: a estabilidade e qualidade das ligações eram ruins aqui (ou na outra ponta); e eu não conseguia fazer chamadas onde o 4G não funcionava direito.

Pelo visto, essa é uma tendência nacional. Uma pesquisa da Opinion Box mostra que a utilização do recurso de chamadas de voz do WhatsApp caiu: 56% dos usuários ativos mensais do aplicativo fizeram ligações em julho, ante 65% em janeiro. Ele é de longe o mais popular serviço de mensagens no Brasil, com 95% de participação nos celulares, contra 78% do Messenger e 14% do Telegram.

O editor do Mobile Time, Fernando Paiva, que coordenou a pesquisa, afirma que as “teles começaram a oferecer voz ilimitada dentro de planos pós-pagos […] justamente no período entre as duas edições da pesquisa”. Essa seria a “iniciativa mais impactante contra o WhatsApp”.

A mudança não aconteceu somente nos planos pós-pagos: as grandes operadoras (exceto a Vivo) passaram a oferecer boas franquias de minutos para qualquer operadora também no pré-pago, caso dos 100 minutos semanais da TIM por R$ 9,99 e dos 300 minutos mensais da Oi por R$ 20, sem contar o recém-lançado Prézão Ilimitado da Claro.

E, se as pessoas sabem que podem telefonar para qualquer operadora sem medo de cobranças adicionais, desde que a qualidade do serviço seja boa, elas devem preferir usar seus minutos em vez de um aplicativo. Não é por acaso que, nos Estados Unidos, onde as operadoras foram rápidas para tornar o SMS gratuito, o WhatsApp nunca teve espaço — as pessoas continuam se comunicando por SMS e MMS.

Você migrou recentemente para um plano com mais minutos? Também passou a fazer mais ligações pela rede celular?

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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