Em junho, a Apple anunciou que o Safari iria restringir o monitoramento de sua navegação na web. O navegador usa aprendizado de máquina para identificar cookies de terceiros, que não pertencem ao site que você está visitando, e impõe um limite de 24 horas para eles.
Esta semana, diversos grupos da indústria publicitária divulgaram uma carta aberta para a Apple dizendo que estão “profundamente preocupados”, pois isso será “ruim para o consumidor e ruim para o conteúdo e serviços online suportados por anúncios”.
O recurso do Safari se chama Intelligent Tracking Prevention. Suponha que o Site A e o Site B adotam a mesma rede de anúncios: ela usa um mesmo cookie para saber que você visitou os dois sites, o que você fez neles, qual navegador você usou etc. A ideia é que, com isso, você possa ver anúncios direcionados para suas preferências.
No Safari 11 para iOS e macOS High Sierra, esse tipo de cookie é barrado de fazer monitoramento entre sites, a menos que o usuário visite o site novamente dentro de 24 horas. Devido a essa regra, Facebook e Google não são afetados: os usuários geralmente ficam logados e voltam a visitá-los.
Ou seja, isso pode prejudicar mais as empresas publicitárias menores, como Adroll e Criteo. E elas temem que o Safari vai reduzir ainda mais seu espaço em anúncios online; Facebook e Google já dominam 70% do mercado.
A carta aberta diz que o Safari 11 “substitui as preferências de cookies controladas pelo usuário por um conjunto de padrões opacos e arbitrários da Apple”, e que essa abordagem “levará a uma separação entre as marcas e seus clientes, e tornará a publicidade mais genérica, menos conveniente e menos útil”.
Como lembra o CNET, a indústria publicitária teve a oportunidade de adotar um padrão chamado Do Not Track, em que o usuário escolhe não ser monitorado para anúncios personalizados. É um recurso presente em diversos navegadores, mas que depende dos anunciantes — e eles não gostaram da ideia, por isso o projeto fracassou.
Agora, os navegadores estão mais agressivos em restringir conteúdo. Até o Google Chrome vai bloquear anúncios considerados invasivos, como vídeos que tocam sozinhos e banners que ocupam a tela inteira.
Comentários
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O abuso é muito grande às vezes, então também uso, e acho que hoje em dia não dá mais pra navegar sem...
Por isso que o adblock é algo completamente pessoal. Eu não clico, por isso uso sem peso na consciência.
A comparação de mudar de estação/canal no rádio/TV com mudar de site não é muito justa, afinal o espaço utilizado nesses meios pra veicular o programa é o mesmo usado para as propagandas. São duas coisas que não se sobrepõem em geral (claro, sempre tem uma ou outra propaganda dentro de um programa), mas a regra é dar uma pausa na programação para a veiculação dos anúncios.
Já num site a matéria divide espaço com os anúncios ali veiculados. O que me incomoda é que em muitos sites o layout é simplesmente desastroso: é texto cortado em vários parágrafos por propagandas, banners animados que distraem a atenção do leitor... tem site que é propaganda simplesmente por tanto lado.
Mas o pior de tudo são os anúncios absurdos que vejo por aí, chamadas bem "clickbait" para os incautos e outras coisas ridículas, como: "Creme que elimina rugas e olheiras em 5 minutos enlouquece blogueiras"; "Avô de blogueira se surpreende com creme anti-rugas!"; "Milionários querem tirar este vídeo do ar porque muita gente esta lucrando" (sim, são exemplo reais que peguei de uma grande rede de sites automotivos). Certos veiculadores desse tipo de abuso, como Taboola, Outbrain e outros, são uma verdadeira escória da publicidade na internet, em minha humilde opinião.
Enfim, essa discussão sempre rende e nunca tem fim. Concordo que os sites tem que arrecadar verba de algum lugar, mas tem site que simplesmente abusa nos anúncios e tem anúncio que por si só já é um abuso. Entre um e outro, prefiro ter a opção de usar adblock em paz. Quem quiser ver os anúncios é livre para fazê-lo.
Na verdade, o equivalente a mudar de canal seria você mudar de site. Assim como na tv/rádio, que mostram o anúncio e você não pode ocultá-los, só trocar de canal, nos sites você também só pode fechá-los. Se na TV você pudesse simplesmente ocultar os anúncios, canais abertos não existiriam, porque quem em sã consciência quer ver essas porcarias? Quase todo o mundo ocultaria...
No seu caso, o fato de você ver o anúncio já incomoda, e você quer ter a opção de ocultá-los. Isso complica bastante, porque (quase) ninguém quer ver anúncios e sem mostrar anúncios muitos sites não conseguiriam sobreviver.
Você não clica, mas muitas pessoas que não querem vê-los (e com certeza os ocultaria se tivessem a opção) clicam. Se não querer ver fosse equivalente a não clicar, aí poderia funcionar essa ideia, mas a maioria das pessoas não são assim.