Tudo o que você precisa saber sobre o Snapdragon 845

Este é o processador da Qualcomm que equipará smartphones com Android e computadores com Windows 10 em 2018

Paulo Higa
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• Atualizado há 1 ano

Direto do Havaí — A Qualcomm anunciou nesta quarta-feira (6) o processador que estará dentro de smartphones e computadores em 2018: o Snapdragon 845. Além das tradicionais melhorias de desempenho e consumo de energia, a nova geração permite conexões móveis acima de 1 Gb/s e traz novas possibilidades para as câmeras dos aparelhos.

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Os detalhes essenciais

O Snapdragon 845 segue a fórmula do antecessor: ele continua com CPU de oito núcleos, mantendo a técnica big.LITTLE. São quatro núcleos Kryo 385 de alto desempenho, que chegam a 2,8 GHz; e outros quatro de maior eficiência energética, com frequência de 1,8 GHz. Assim como o Snapdragon 835, o chip será fabricado pela Samsung no processo de 10 nanômetros.

A GPU é uma Adreno 630, que ganhou otimizações para realidade virtual (VR), realidade aumentada (AR) e realidade estendida (XR). Os smartphones poderão ter displays com resolução 4K, profundidade de cores de 10 bits, HDR e 60 quadros por segundo; resta saber se as fabricantes colocarão baterias suficientes para aguentar tudo isso.

Em relação à geração anterior, a Qualcomm diz que o Snapdragon 845 oferece 30% mais desempenho gráfico, 25% mais velocidade em games e aplicações pesadas e 30% de redução de consumo de energia em captura de vídeo. Se a bateria acabar, o Quick Charge 4+ promete recarregar seu celular de zero a 50% em apenas 15 minutos sem pegar fogo.

Câmeras com mais qualidade

No Snapdragon 835, a Qualcomm anunciou o Spectra 180, um processador de sinal de imagem (ISP) responsável pela câmera do smartphone — ele já existia em chips anteriores da empresa, mas ganhou um nome comercial pela primeira vez, indicando uma atenção maior da empresa. O Spectra 280 é uma versão refinada para o Snapdragon 845, permitindo fotos e vídeos com qualidade superior.

A filmagem em 4K a 60 quadros por segundo, que chegou aos novos iPhones em 2017, estará disponível nos smartphones com Snapdragon 845, mas com direito a HDR. Além disso, a Qualcomm promete um modo de slow motion em 720p a 480 quadros por segundo (!). Apesar dos avanços na qualidade, como o ISP está mais eficiente, será possível filmar continuamente 4 horas de vídeo em 4K, em média.

O processador tem suporte a sensores de 32 megapixels (ou dois de 16 megapixels, no caso de aparelhos com câmera dupla), estabilização eletrônica de imagem melhorada e captura de vídeo com gama de cores Rec.2020, o que pode fazer alguma diferença se você possui um smartphone ou uma TV com tecnologia HDR10.

Conexões ainda mais rápidas

Ainda estamos começando a ter agregações de frequência e chamadas por 4G, mas o Snapdragon 845 já leva a conectividade móvel para outro nível.

Primeiro, o modem Snapdragon X20 permite conexões 4G com upload de até 150 Mb/s e download de até 1,2 Gb/s (!) com agregação de cinco frequências (o máximo que temos no Brasil são três, com as faixas de 700, 1.800 e 2.600 MHz). Parece algo muito distante de qualquer realidade, mas a Qualcomm diz que 43 operadoras em 25 países já fornecem o LTE Gigabit.

Antena de celular

Segundo, os smartphones poderão suportar dois chips com 4G ao mesmo tempo, recebendo ligações por meio da tecnologia VoLTE. Até então, o segundo chip dos celulares sempre ficava em 2G ou 3G, o que acabava limitando a cobertura em determinadas regiões.

Já no Wi-Fi, o foco está no 802.11ad, com frequência de 60 GHz. Na prática, a tecnologia acaba sendo uma conexão wireless com fio, já que a velocidade é altíssima (pode chegar a 4,6 Gb/s, quase cinco vezes o que o seu cabo de rede suporta), mas a cobertura é extremamente limitada; quanto maior a frequência, menor a penetração de sinal.

Outros detalhes

Na sopa de letrinhas da Qualcomm, algumas novidades do Snapdragon 845 merecem uma menção.

A segurança do chip aumentou devido à inclusão da unidade de processamento segura (SPU), que armazena informações sensíveis, como os dados de biometria do usuário — não apenas as impressões digitais, mas também o rosto, a íris e a voz, para desbloquear o aparelho e confirmar pagamentos. É algo parecido com o Secure Enclave, disponível nos processadores dos iPhones.

Também houve melhorias no processador de sinal digital (DSP) Hexagon 685, que agora suporta a terceira geração da plataforma de inteligência artificial da Qualcomm. Ainda não há muitos detalhes das melhorias que isso pode trazer, mas a Qualcomm diz que as fabricantes poderão desenvolver assistentes virtuais comandados por voz mais inteligentes, ou efeito bokeh melhorado em fotos no modo retrato.

Por fim, um dos focos da Qualcomm foi na realidade estendida (XR), que é basicamente um misto de realidade mista (sim), aumentada e virtual. É possível atingir o tal dos seis graus de liberdade (6DoF) com localização e mapeamento simultâneos — em termos mais simples, você pode se movimentar pelo ambiente com um headset XR sem medo de bater com o nariz na parede.

Quando chega?

O Snapdragon 845 estará disponível em smartphones com Android e computadores com Windows 10 a partir de 2018. Considerando o histórico, é seguro afirmar que ele equipará pelo menos a versão americana do Galaxy S9, já que o chip será fabricado pela Samsung. Além disso, o CEO da Xiaomi, Lei Jun, subiu ao palco para confirmar que o próximo topo de linha da empresa, o Mi 7, contará com o novo processador.

A Qualcomm normalmente organiza um evento separado para benchmarks de novos processadores, então é provável que tenhamos mais detalhes sobre o desempenho e o consumo do novo chip nos próximos meses.

Paulo Higa viajou para o Havaí a convite da Qualcomm.

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Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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