Empresa é investigada por vender seguidores falsos nas redes sociais até para famosos

Devumi é acusada até de criar contas falsas no Twitter usando dados de usuários reais

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 1 semana
Devumi

Celebridades não precisam comprar seguidores nas redes sociais, afinal, elas atraem legiões de fãs naturalmente, certo? Mais ou menos. Uma extensa investigação conduzida pelo New York Times mostra que uma empresa chamada Devumi faturou milhões de dólares vendendo seguidores falsos para atores de Hollywood, políticos, grandes empresários, esportistas profissionais e outras personalidades.

Embora seja bastante usado por celebridades, o serviço da Devumi está disponível para qualquer pessoa disposta a pagar. O New York Times fez um teste adquirindo 25 mil seguidores no Twitter por US$ 225, o que dá quase 1 centavo de dólar para cada novo seguidor. Como é possível fazer tantas contas seguirem um perfil? Você já deve saber: com contas falsas criadas e gerenciadas por bots.

Há várias empresas que fazem esse tipo de serviço. A Devumi chama atenção por inflar os números de seguidores ou inscritos em diversos serviços, principalmente Twitter, YouTube e SoundCloud, mas também no Vimeo, LinkedIn e Pinterest.

Outro “diferencial” da Devumi é que a empresa supostamente cria contas falsas usando dados de usuários reais, incluindo fotos de perfil, nomes e cidades em que moram. Esses detalhes não só dão um ar de legitimidade para as contas como também dificultam o trabalho das ferramentas das redes sociais que eliminam perfis falsos.

Conta original e falsa (à direita)
Conta original e falsa (à direita)

Estima-se que, só no Twitter, a Devumi controle cerca de 3,5 milhões de contas falsas que fizeram os clientes terem, juntos, mais de 200 milhões de seguidores. Note que esses números dizem respeito apenas a uma empresa: no total, o Twitter deve ter 48 milhões de contas falsas. Por sua vez, o Facebook informou recentemente aos investidores que aproximadamente 60 milhões de contas na rede social não são legítimas.

Esse é um mercado rentável porque há demanda para ele. Só a Devumi tem pelo menos 200 mil clientes, nas estimativas do New York Times. Muitos deles representam pessoas que tentam se estabelecer como digital influencers ou algo do tipo, assim como empresas que buscam emplacar estratégias online de divulgação de marca ou produtos.

Mas o que mais impressiona é o número de pessoas realmente famosas que, supostamente, usam os serviços da Devumi. Entre elas estão John Leguizamo (ator), Michael Dell (CEO e fundador da Dell), Lenín Moreno (presidente do Equador), James Cracknell (atleta e medalhista olímpico britânico) e Kathy Ireland (ex-modelo e CEO da Kathy Ireland Worldwide).

O ator John Leguizamo (Imagem: Wikimedia)
O ator John Leguizamo

Depois da publicação da matéria, as autoridades de Nova York prometeram investigar a Devumi. A companhia tem sede na região e, de acordo com Eric Schneiderman, procurador-geral do estado, atividades ligadas a identidades falsas são ilegais por lá.

German Calas, fundador da Devumi, nega a venda de seguidores falsos pela empresa, assim como a criação de contas baseadas em dados de usuários reais. Mas as investigações é que vão apontar quem está dizendo a verdade nessa história.

Seja como for, não é novidade que há um gigantesco mercado de vendas de seguidores em diversas redes sociais, se não com contas falsas, com perfis reais “convocados” sem os donos perceberem — o acesso pode ser autorizado após a instalação de um app duvidoso, por exemplo.

É um problema mais sério do que parece. Só para dar um exemplo, uma empresa pode acabar gastando fortunas em uma campanha digital que, no fim das contas, teve bem menos impacto do que os relatórios mostram. A falta de credibilidade gerada por uma situação como essa prejudica todo o setor, até o trabalho de agências que realmente se empenham para entregar resultados legítimos.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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