Galaxy A8: parece até um topo de linha

Intermediário premium da Samsung traz “tela infinita”, câmera dupla frontal e hardware equilibrado, mas cobra caro: R$ 2.399

Emerson Alecrim
Por
• Atualizado há 10 meses
Samsung Galaxy A8

As linhas Galaxy S e Galaxy Note provavelmente são as mais lembradas quando o assunto é smartphone topo de linha. Mas, para a Samsung, não é suficiente: mais do que nunca, a companhia se esforça para a linha Galaxy A ser referência no segmento de smartphones intermediários premium. Pelo menos essa é a impressão que o Galaxy A8 (2018) causa.

Lançado no Brasil em fevereiro junto com o seu irmão maior, o Galaxy A8+, o modelo é um dos intermediários mais avançados do mercado atualmente. O Galaxy A8 traz recursos que são dignos de aparelhos high-end, como “display infinito” de 5,6 polegadas, acabamento em metal e vidro, câmera dupla (na frente, mas ainda é dupla) e até desbloqueio por reconhecimento facial.

Na primeira olhada, dá para dizer que esse é um dispositivo quase topo de linha, inclusive no preço sugerido: R$ 2.399. Vale a pena pagar tudo isso por ele? Pois bem, eu usei o Galaxy A8 por duas semanas. Fique aí que eu conto as minhas impressões sobre ele a partir de agora.

Em vídeo

Design

É fácil identificar os smartphones da Samsung: por padrão, eles possuem cantos arredondados e, principalmente, um botão físico frontal “achatado”. Esse padrão é empregado na família Galaxy há tanto tempo que virou tradição. Mas tradições podem ser quebradas. O famigerado botão foi aposentado no Galaxy S8 e no Note 8 para dar mais espaço para a tela. Idem no Galaxy A8.

O aproveitamento do espaço frontal é mesmo excelente no A8. O efeito disso é que a gente tem uma generosa tela de 5,6 polegadas em um smartphone com aspecto compacto. Isso é bom. O aparelho acaba encaixando bem nas mãos, mesmo se as suas forem pequenas.

O Galaxy A8 tem proteção IP68 contra água e poeira
O Galaxy A8 tem proteção IP68 contra água e poeira

Aquele “buraco” logo abaixo da câmera traseira é exatamente isso que você está pensando: o aumento da área da tela obrigou a Samsung a jogar o leitor de impressões digitais para a parte de trás. Sim, você vai passar o dedo sobre a câmera, mas é questão de costume. Lá pelo terceiro dia com o aparelho eu já conseguia colocar o dedo no buraco certo (ainda estou falando do leitor de digitais, para quem ficou na dúvida).

Samsung Galaxy A8

As demais características remetem ao padrão de design clássico da linha Galaxy. O botão Liga / Desliga continua na lateral direita. A saída de som também está lá, só que agora ela não fica tão perto da ponta, então você não corre o risco de tampá-la com o dedo ao segurar o smartphone na horizontal.

Samsung Galaxy A8

Já a lateral esquerda preserva os controles de volume e abriga uma gaveta para um dos SIM cards. A outra gaveta fica na parte superior e, além do outro SIM card, dá espaço para o microSD — de até 400 GB, de acordo com a Samsung Brasil. Aquela coisa de só poder usar um chip se o cartão de memória for inserido não existe aqui. Ainda bem.

Yep, você pode usar fones de ouvido de 3,5 mm no Galaxy A8
Yep, você pode usar fones de ouvido de 3,5 mm no Galaxy A8

Tela

Não sei quanto a você, mas eu considero o Galaxy A8 um celular bonito. Porém, logo no meu primeiro contato com ele, tive impressão de que havia algum detalhe estranho no design. Eu descobri o que é: o A8 lembra o Galaxy S8, mas não tem a curvatura de tela deste.

Coisa da minha cabeça, mas esse detalhe remete a um aspecto que não pode passar despercebido: a Samsung afirma que o modelo tem “display infinito” em alusão ao fato de a tela quase não ter bordas. Não deixa de ser verdade, mas, olhando bem, a gente percebe que o aproveitamento de espaço está melhor nas partes superior e inferior. Nas laterais da tela, as bordas estão um tanto presentes.

Samsung Galaxy A8

Apesar disso, o aproveitamento do espaço frontal faz diferença. A Samsung pôs aqui uma tela de 5,6 polegadas com proporção 18,5:9. O visor é “esticadão”, portanto, mas isso nem de longe é ruim. Na verdade, vídeos e textos são bastante apropriados para esse formato.

O modo Always On Display, que exibe horas e outras informações na tela de bloqueio sem ativar todos os pixels, também está aqui
O modo Always On Display, que exibe horas e outras informações na tela de bloqueio sem ativar todos os pixels, também está aqui

Na qualidade de imagem, a tela do Galaxy A8 faz bonito. O painel tem 2220×1080 pixels e é Super AMOLED, por isso, exibe cores bem fortes, com direito a preto profundo. Não há excessos nas tonalidades. De qualquer forma, você pode ajustá-las nas configurações. O modo Cinema AMOLED, por exemplo, me agrada bastante por dar um tom um pouco mais quente às cores.

Dá para enxergar o conteúdo na tela numa boa a partir de ângulos variados. O mesmo vale se você sair na rua em um dia ensolarado: o brilho máximo é bastante forte e o ajuste automático funciona como tem que funcionar.

Samsung Galaxy A8

Software

Aquele passado sombrio de interface instável e apps duvidosos ficou no… passado. De modo geral, a Samsung vem fazendo um bom trabalho com o software e não é diferente no Galaxy A8. A interface Samsung Experience (o nome TouchWiz foi aposentado há algum tempo) tem estabilidade, não abusa de efeitos de transição e é organizada.

Os apps pré-instalados são aqueles que a gente já conhece: alguns próprios da Samsung, as ferramentas do Google, o Microsoft Office e aplicativos de redes sociais, nada muito além disso. Alguns recursos muito úteis criados pela Samsung não foram esquecidos, como o Samsung Pay (óbvio) e o Dual Messenger, que permite usar o WhatsApp e afins em duplicidade (uma conta para cada chip).

Samsung Galaxy A8

A grande novidade aqui, ao menos para a categoria do aparelho, é a presença do Bixby Home (mas não da Bixby Voice, ou seja, não há comandos de voz). Para acessá-lo, basta deslizar a tela principal para a direita. Você verá então cards automáticos com previsão do tempo, notícias, lembretes e por aí vai.

Acionado a partir do app de câmera, o Bixby Vision também é interessante, embora mais lento do que deveria e, provavelmente, inútil na maioria das situações: ele usa a câmera para identificar objetos e exibir imagens relacionadas. Também dá para traduzir um texto, por exemplo. É uma ideia legal, mas que ainda precisa de aperfeiçoamentos.

Bixby Vision
Bixby Vision

Com relação ao software, a única coisa que me desagradou é a versão do sistema operacional: o Galaxy A8 vem com o Android 7.1.1 Nougat. Ok, a Samsung já prometeu atualizá-lo para o Android 8.0 Oreo, mas, pô, não faz sentido o Nougat um smartphone lançado em 2018…

Câmeras

Por que duas câmeras na frente e uma atrás? A Samsung explica que as pessoas dão cada vez mais importância para as selfies, razão pela qual decidiu priorizá-las no Galaxy A8. Eu não faço parte dessa turma, mas reconheço que as selfies estão longe de ser uma moda passageira.

O sensor da esquerda tem 8 megapixels. O da direita, 16 megapixels. Ambas as câmeras contam com abertura f/1,9. Trabalhando juntas, elas conseguem criar selfies com efeito bokeh, ou seja, com fundo desfocado. Você pode arrastar uma barra no app de câmera, antes ou depois da captura, para definir o nível de desfoque. Funciona bem. Em nenhum momento tive problemas no procedimento, como erros que fazem o rosto também sair desfocado.

Com desfoque no fundo ou não, a qualidade da imagem convence. Os níveis de ruído são baixos, o pós-processamento não é exagerado (mas um efeito de cara lavada pode ser mais evidente à noite) e, embora possa haver excesso de branco em certas condições, a coloração é frequentemente precisa.

:] Selfie "normal", feita no modo automático
:] Selfie “normal”, feita no modo automático
Selfie com destoque manual no nível máximo
Selfie com destoque manual no fundo no nível máximo

A câmera traseira, por sua vez, tem 16 megapixels e abertura f/1,7. Ela não é livre de imperfeições: não há estabilização óptica, tampouco gravação de vídeo em 4K — não deve fazer muita falta, mas o aparelho tem hardware de sobra para isso, não dá para entender. Porém, de modo geral, a câmera entrega resultados que correspondem aos anseios de quem espera muito mais do que uma câmera quebra-galho.

Samsung Galaxy A8

Em boas condições de iluminação, as fotos apresentam boa fidelidade de cores, níveis bem baixos de ruído e ótima definição. Mas há alguns problemas no alcance dinâmico: determinados pontos podem aparecer mais escuros nas imagens do que realmente são.

Dependendo das circunstâncias, dá para amenizar as deficiências de alcance dinâmico ajustando o balanço de branco no app de câmera. Ainda bem, porque não dá para contar muito com o HDR para isso. Essa função existe e vem configurada como “automática” por padrão. Mas, nos meus testes, o modo HDR não fez muita diferença, não.

Sem HDR
Sem HDR
Com HDR
Com HDR
Com HDR
Sem HDR
Sem HDR
Com HDR

As fotos a seguir foram todas registradas no modo automático (padrão):

Foto registrada com o Galaxy A8
Foto registrada com o Galaxy A8
Foto registrada com o Galaxy A8
Foto registrada com o Galaxy A8
Foto registrada com o Galaxy A8
Foto registrada com o Galaxy A8
Esta está borrada no canto, mas foi tirada dentro de um veículo em movimento
Esta foto está borrada nos cantos, mas foi tirada dentro de um veículo em movimento

Já as fotos noturnas me agradaram bastante, em parte, graças a um recurso que a Samsung batizou de Tetra-cell, que também faz diferença de dia e está disponível para as câmeras frontais: a tecnologia combina pixels próximos para reduzir o ruído e melhorar a captura de luz.

Os resultados são fotos com baixo ruído e claridade satisfatória mesmo em ambientes escuros. Algumas imagens podem ficar excessivamente claras ou com deficiências de definição no pós-processamento, mas dá para amenizar isso diminuindo o nível de iluminação durante a captura.

Automático, com problemas de definição
Automático, com problemas de definição
Ajustada para capturar menos luz
Ajustada para capturar menos luz

Desempenho e bateria

É aqui que a gente percebe que o Galaxy A8 não é mesmo um topo de linha. Mas, calma, isso não é uma crítica. Acontece que, na comparação com o Galaxy S8, por exemplo, dá para notar que este é mais “esperto” em algumas situações, apesar de as diferenças frequentemente serem sutis.

O A8 é equipado com um processador Exynos 7885 Octa (dois núcleos Cortex-A73 de 2,2 GHz de alto desempenho e seis núcleos Cortex-A53 de 1,6 GHz), GPU Mali-G71, 4 GB de RAM, além de 64 GB para armazenamento de dados. É um conjunto que teve fôlego para todas as tarefas que eu executei.

Não notei travamentos, lentidão, erros em apps, nada. O multitarefa funcionou bem e, neste ponto, vale destacar o modo que divide a tela para exibir dois aplicativos ao mesmo tempo. Nele, até deu para notar uma discreta demora na resposta a alguns comandos (o YouTube demorava um pouquinho para dar play, por exemplo), mas era bem discreta mesmo.

Jogos como Dead Trigger 2, Need For Speed No Limits e Unkilled rodaram bem. Houve alguma queda na taxa de frames nas cenas mais movimentadas, mas nada realmente capaz de atrapalhar a jogatina. No pior dos cenários, deixar as configurações gráfica no médio quando possível vai resolver o problema, mas não me pareceu que o A8 vai exigir esse tipo de ajuste.

Desempenho no AnTuTu, Geekbench e 3DMark
Desempenho no AnTuTu, Geekbench e 3DMark

Eu tinha um pouco de receio com relação à bateria, mas ela não me desapontou. Para o teste, rodei o filme O Poderoso Chefão (2h57 min) via Netflix e tela com brilho máximo, e executei estas tarefas: 20 minutos de Dead Trigger 2, meia hora de Super Mario Run, uma hora de streaming de áudio via Deezer, meia hora de navegação com o Chrome, 15 minutos de Instagram e uma chamada de dez minutos.

Comecei o teste às 9:00 da manhã. Às 23:00, a carga estava em 28%. Não é ruim, não se considerarmos que a bateria tem 3.000 mAh. De qualquer forma, há um modo de economia de energia que consegue dar um alívio quando a carga está perto do fim.

Aproveitei o teste de bateria para também prestar atenção na saída de áudio. Gostei dela. O som é satisfatoriamente alto e claro. Não há graves, obviamente, mas você vai ter uma ótima experiência sonora se usar fones de ouvidos de boa qualidade.

Galaxy A8 - reconhecimento facial

Um recurso que chama atenção no Galaxy A8 é a função de desbloqueio por reconhecimento facial. O funcionamento é simples: depois de registrar o seu rosto, você precisa apertar o botão Liga / Desliga para ativar a tela e colocar o aparelho a uma distância de mais ou menos 30 cm do seu rosto. A câmera frontal irá fazer o reconhecimento e, então, desbloquear o sistema operacional.

Mas, provavelmente, você vai usar o desbloqueio por impressão digital com mais frequência. A razão é simples: com o sensor de digitais você desbloqueia o smartphone mais rapidamente. Além disso, basta faltar um pouquinho de luz para o reconhecimento facial falhar. No meu caso, o desbloqueio não funcionou quando eu tirava os óculos.

Convém frisar também que a própria Samsung alerta que o reconhecimento facial é o método de desbloqueio mais inseguro do Galaxy A8. Talvez seja por isso que a companhia pouco destaca esse recurso.

Conclusão

O Galaxy A8 cumpre com maestria o papel de smartphone para quem busca algo bem trabalhado, mas não quer ou não pode arcar com um topo de linha. A tela é uma das melhores que eu já encontrei na categoria, a câmera dupla na frente é uma boa sacada, 64 GB é uma capacidade de armazenamento decente (existe uma versão do A8 com 32 GB que não será lançada no Brasil) e o desempenho é consistente.

Não é um aparelho perfeito em todos os aspectos. O vidro traseiro, mesmo sendo reforçado com Gorilla Glass, fica marcado de dedos facilmente e não ajuda muito na pegada. Além disso, o A8 deveria sair de fábrica com o Android 8.0. Eu gostei bastante da câmera traseira, mas senti falta de um HDR mais presente e acho que estabilização óptica seria um complemento interessante.

Samsung Galaxy A8

Mas o grande problema do Galaxy A8 é mesmo o preço. Embora tenha pinta de topo de linha, o modelo não é um. Levando em conta o conjunto de recursos, podemos considerar R$ 2.399 um valor justo por alguns instantes, mas aí a gente olha para o lado e vê o Galaxy S8 custando uns R$ 300 a mais em algumas lojas. Esse modelo é mais negócio. Com algum esforço, dá para achá-lo com descontos ainda mais generosos, sem contar que, com o Galaxy S9 vindo aí, promoções com o S8 deverão ser mais frequentes.

Você sabe como o lançamento de cada smartphone da Samsung funciona: os preços caem após algumas semanas — muitas vezes, dias. Com o Galaxy A8 certamente não será diferente. Quando o modelo ficar com preço abaixo dos R$ 2.000, aí sim ele será interessante de verdade.

Especificações técnicas

  • Bateria: 3.000 mAh com recarga rápida;
  • Câmera: 16 megapixels (traseira), 8 e 16 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11ac, GPS, GLONASS, BDS, Bluetooth 5.0, USB-C, NFC, MST, rádio FM;
  • Dimensões: 149,2 x 70,6 x 8,4 mm;
  • GPU: Mali-G71;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 400 GB;
  • Memória interna: 64 GB;
  • Memória RAM: 4 GB;
  • Peso: 172 gramas;
  • Plataforma: Android 7.1.1 Nougat;
  • Processador: octa-core Exynos 7885;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, giroscópio, luminosidade, bússola, barômetro, impressões digitais;
  • Tela: Super AMOLED de 5,6 polegadas com resolução de 2220×1080 pixels (440 PPI) e proteção Gorilla Glass 5.

Galaxy A8

Prós

  • Que bela tela o A8 tem
  • Duas câmeras na frente é uma ótima sacada

Contras

  • Android 7.1 em um smartphone 2018
  • A traseira de vidro é um chamariz de marcas de dedo
Nota Final 8.6
Bateria
9
Câmera
8
Conectividade
10
Desempenho
8
Design
8
Software
8
Tela
9

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Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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