Monitor Samsung CF791: gigante curvo de 34 polegadas

Monitor ultrawide da Samsung impressiona pelo tamanho e pela boa qualidade de som, mas peca no ângulo de visão

Paulo Higa
Por
• Atualizado há 10 meses

Monitores ultrawide estão em alta no mercado. Eles são uma alternativa para quem gosta de trabalhar ou jogar com mais espaço, mas não quer instalar duas telas, nem ficar gerenciando qual janela vai para qual monitor. Para atender a esse público, a Samsung tem o CF791, um monitor de 34 polegadas com proporção 21:9 e tecnologia de pontos quânticos que promete mais cores e mais produtividade.

Mas, será que vale a pena gastar os R$ 6.599 que a Samsung está pedindo por essa telona? Senta que eu conto todos os detalhes neste primeiro review de monitor do Tecnoblog.

Em vídeo

Design e conectividade

Talvez o tamanho de 34 polegadas nem impressione tanto no número, mas o Samsung CF791 ficou gigante na minha mesa de trabalho. Essa impressão foi causada não só pela curvatura bastante pronunciada de 1.800R (ou seja, o raio da curvatura é de 1.800 mm), que gera uma sensação de imersão, como também pela proporção ultrawide: são 81 centímetros de largura, que me fizeram mexer a cabeça para os lados o tempo todo.

A moldura em volta da tela é pequena e o design é bem limpo, com frente cinza e traseira branca. Só existe um botão, atrás do canto inferior direto do monitor, que funciona como um mini joystick e permite navegar pelos menus de configuração, ligar ou desligar o produto e ajustar o volume dos alto-falantes integrados.

A Samsung também incluiu uma placa que esconde as conexões traseiras: duas HDMI, uma DisplayPort, um conector de energia e uma porta especial que se liga ao seu computador por meio de USB. Todos os cabos já vêm inclusos na caixa, como se espera de um monitor tão caro.

Se você conectar a tela na porta USB do seu computador, o monitor vira um hub com duas entradas USB 3.0, para recarregar o smartphone ou transferir arquivos de algum pen drive. Também há um conector de fones de ouvido de 3,5 mm, o que é bem útil quando a fonte de áudio não está tão próxima.

Tudo isso fica sobre uma base que me agradou bastante pela praticidade: a tela desliza como manteiga no eixo vertical, então dá para ajustar a altura do monitor com apenas uma mão. Além disso, existe a possibilidade de mudar o ângulo do display, tanto para cima quanto para baixo.

Imagem

O Samsung CF791 foi um misto de alegria com decepção logo no primeiro dia. Alegria porque, de fato, trabalhar com tanto espaço realmente ajuda bastante no meu caso: eu estou acostumado há anos a ter duas ou três telas na minha frente, contando com a do notebook. Parece algo bobo não precisar alternar entre janelas, mas isso pode salvar um bom tempo de algumas pessoas.

Mas a pontinha de decepção veio porque eu consegui notar rapidamente alguns problemas.

O maior ponto fraco certamente é o ângulo de visão. Claro que um monitor, ainda mais curvo, diferente de uma TV, é projetado para ser utilizado por uma única pessoa no centro, mas o CF791 apresenta variações de cores significativas quando você se movimenta só um pouco. Existe perda de saturação notável se eu me mexer menos de 45 graus na horizontal, o que pode prejudicar trabalhos que exigem precisão de cores.

A Samsung promete ângulos de visão de 178 graus tanto na horizontal quanto na vertical nas especificações técnicas, mas isso está longe de ser observado na prática. É bom ficar de olho na altura e no ângulo da tela, porque as cores podem ficar erradas se você não estiver bem de frente ao monitor.

Como em toda tela com iluminação traseira, eu espero algum vazamento de luz. O CF791 faz um trabalho bem decente: na minha unidade de testes, eu consegui notar que o canto inferior direito da tela fica um pouco mais claro no preto total, mas nada que incomode. Só o escurecimento local poderia ser melhor para um monitor de R$ 6.599, um valor que está acima de muitas TVs boas no mercado.

Eu não consegui avaliar o Radeon FreeSync por falta de uma GPU da AMD, mas o recurso é uma boa pedida para gamers, já que sincroniza a frequência do monitor com a renderização da placa de vídeo, reduzindo imagens tremidas ou cortadas. O que eu posso dizer é que os borrões de movimento são quase imperceptíveis. Talvez um monitor gamer atenda melhor os mais fanáticos, mas o CF791 já dá um bom caldo.

Vale ressaltar que, nas configurações de fábrica, eu me incomodei demais com a nitidez desse monitor. Por padrão, ele força tanto um filtro de sharpening no conteúdo da tela que os textos ficam com bordas duras, quase como se estivessem serrilhados. Só precisei de alguns segundos para diminuir a nitidez nas configurações e pronto, problema resolvido.

O monitor foi testado por meio do HDMI. Em tese, a conexão DisplayPort permite uma gama de cores mais ampla, mas eu não senti tanta necessidade de mudar, já que o CF791 oferece excelente reprodução de tons de cores.

Som

Dois alto-falantes de 7 watts equipam o CF791. Eles emitem som altíssimo, com volume maior que o de muitos televisores, mas isso é mais um quebra galho do que um grande destaque do produto. A partir do volume 50/100, que já é relativamente alto, os vocais em músicas distorcem e batidas não acompanham a subida das frequências mais altas, o que acaba gerando um áudio fino, magro, sem presença.

Mas em níveis de volume que eu considero normais para um monitor que fica a menos de 1 metro de distância, o CF791 passa uma ótima impressão. Só o nível de definição é apenas ok, então não espere ouvir os mínimos detalhes de uma música ou sentir a tridimensionalidade do cenário do seu jogo.

São alto-falantes que eu considero de qualidade boa por serem speakers integrados de um monitor. Se você tiver um sistema de áudio mais avançado, com múltiplos canais, woofers e subwoofers, melhor. Caso contrário, o CF791 deve substituir sua caixinha de som com folga, e é bem melhor do que qualquer alto-falante de notebook que ainda está para ser lançado.

Recursos adicionais

Por fim, vale mencionar um recurso que tem aparecido com frequência em monitores ultrawide mais caros: você pode conectar duas fontes de vídeo simultaneamente (HDMI+HDMI ou HDMI+DisplayPort) e deixar que o monitor divida a tela no meio, em dois quadrados, uma função conhecida como PBP (Picture by Picture). Dessa forma, ele se comporta como dois monitores separados, só que no mesmo monitor.

Tem ainda o recurso de PIP (Picture in Picture), que deixa a fonte de vídeo principal ocupar toda a tela e exibe a imagem da fonte de vídeo secundária em algum dos cantos do monitor. O canto pode ser definido por você e o tamanho também, sendo que a imagem secundária pode utilizar até 25% da área total da tela. É algo que normalmente eu aproveito para assistir à TV no mesmo monitor do computador.

Conclusão

Existem muitos monitores ultrawide no mercado, e o Samsung CF791 é mais caro por alguns motivos: ele é grande (o custo das telas não aumenta linearmente com o tamanho, aumenta exponencialmente), tem resolução maior que a média (3440×1440 pixels) e, principalmente, é curvo (bem curvo, por sinal), o que encarece ainda mais a produção.

A questão é se existe vantagem prática em gastar muito mais no monitor de 34 polegadas da Samsung. Eu diria que, para quase todo mundo, não, não compensa dar os R$ 6.599 que a Samsung pede, ou os valores entre R$ 5.000 e R$ 6.000 que podemos encontrar em promoções no varejo brasileiro. Só para comparar, isso é o dobro do preço de uma TV 4K curva de 49 polegadas da própria Samsung.

O CF791 definitivamente não é ruim, mas há opções melhores para alguns públicos. Para quem trabalha com imagem, talvez não seja hora de adotar um monitor curvo. É melhor investir em um painel com ângulo de visão melhor, que ofereça cores precisas em qualquer condição. Quem é gamer hardcore deve se sentir melhor com um monitor mais específico, com taxas de atualização mais altas; a resolução provavelmente será menor, mas você vai gastar bem menos. E se você não é nada disso, simplesmente compre dois ou três bons monitores separados. Não é tão ruim assim, vai.

O gigante curvo da Samsung tem alguns defeitos que me impediriam de comprá-lo neste momento. Mas estou bem curioso para ver as próximas gerações dele.

Especificações técnicas

  • Tamanho: 34 polegadas
  • Resolução: 3440×1440 pixels
  • Taxa de atualização: 100 Hz
  • Tipo de painel: VA LCD com pontos quânticos
  • Brilho: 300 nits
  • Taxa de contraste estático: 3.000:1
  • Ângulo de visão: 178 graus horizontal e 178 graus vertical
  • Tempo de resposta: 4 ms
  • Consumo de energia: 55 watts (típico) e 73 watts (máximo)
  • Conexões: 2 HDMI, 1 Display Port, 2 USB 3.0
  • Dimensões da tela: 80,8×36,3×16,8 cm
  • Peso: 7,6 kg

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

Canal Exclusivo

Relacionados