Samsung Galaxy A6+: tela não é tudo

A linha de intermediários premium da Samsung continua evoluindo, mas isso não justifica um preço sugerido tão alto: R$ 2.099

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 10 meses
Galaxy A6+

É uma prática comum: o fabricante lança um topo de linha com determinado atributo e, mais tarde, disponibiliza aparelhos mais baratos com recurso igual ou similar. O Galaxy A6+ (2018) é um bom exemplo desse ritual, digamos assim. Recém-anunciado no Brasil, o aparelho traz como destaque a “tela infinita” que, guardadas as devidas diferenças, apareceu primeiro na linha Galaxy S8.

É óbvio que de infinita a tela não tem nada. Essa é apenas uma expressão comercial que a Samsung adotou para destacar displays como bordas finas. Apesar de essa ser uma característica cada vez mais comum, é inegável que ela causa uma boa impressão no primeiro contato com o aparelho.

Mas não se deixe levar pelas aparências. A despeito do ar de modernidade, o Galaxy A6+ não pode ser confundido com um topo de linha. Ele é um intermediário com chip Snapdragon 450, 4 GB de RAM e bateria de 3.500 mAh. Será que, com essas especificações, ele dá conta do recado? É o que eu vou revelar a partir de agora.

Em vídeo

Design

O Galaxy A6+ tem um visual que a gente já conhece: ele é muito parecido com o Galaxy A8. Mas essa semelhança não é ruim, pelo contrário. O aparelho acaba tendo uma traseira lisa com cantos arredondados que gera um efeito de sobriedade. As laterais e a traseira formam uma peça única de metal que, como tal, faz o dispositivo ser robusto. Pelo menos essa é a impressão.

Samsung Galaxy A6+

Porém, se de um lado o metal contribui para a robustez, por outro deixa o A6+ mais pesado: são 191 gramas. Junte esse detalhe com o fato de o modelo ser grande — a tela tem 6 polegadas — e você tem um smartphone que pode escapulir com relativa facilidade da mão. Felizmente, a curvatura das laterais ajuda a dar firmeza na hora de segurar o aparelho.

Pelo jeito, a Samsung está mesmo abandonando o botão físico frontal que caracterizava a linha Galaxy. Esse item não está mais presente nos topos de linha, tampouco no A8 e, agora, no A6+. Por conta disso, o leitor de impressões digitais foi parar lá atrás, logo abaixo das câmeras. Sim, você vai acertá-las no começo, mas com dois ou três dias de uso o seu dedo não vai mais errar a localização do leitor.

Samsung Galaxy A6+

No resto, sem novidades. A Samsung deixou o botão Liga / Desliga na lateral direita. Mais acima está a saída de som. É uma posição que eu não gosto muito porque, em outros aparelhos, eu acabava tampando o alto-falante com o dedo ao segurar o celular na horizontal, mas não foi caso aqui.

Samsung Galaxy A6+

Na esquerda estão os controles de volume e duas gavetas: uma guarda um SIM card; a outra, um SIM card e um microSD (de até 400 GB, embora o site da Samsung possa informar 256 GB). Na parte inferior, uma boa e uma má notícia: a boa é que o Galaxy A6+ tem entrada para fones de ouvido; a má é a existência de uma porta micro-USB em vez de USB-C. Sério, por que adotar um padrão que está caindo em desuso?

Samsung Galaxy A6+

E essa tela aí?

Provavelmente, a tela é o ponto forte do Galaxy A6+. Ela é Super AMOLED, tem 6 polegadas, resolução de 2220×1080 pixels, proporção 18,5:9 e nenhum notch (hehe). Não que você já não saiba disso, mas assistir a vídeos e jogar em telas grandes é um deleite, mesmo em um painel esticadão como este.

Samsung Galaxy A6+

O Super AMOLED aqui ajuda, não tenha dúvidas. Por conta da tecnologia, a tela exibe cores vívidas e preto profundo, mas não exagera na saturação. O brilho máximo é bem forte, mesmo sob luz solar direta, e o ajuste automático funciona de modo correto e rápido. Ah, sim: a visualização sob ângulos variados quase não gera perda de tonalidade.

É uma tela agradável que, suspeito, só vai aborrecer a quem não curte os cantos arredondados dela. Olhando para as bordas, talvez você irá concordar comigo de que não é muito legal a Samsung usar a expressão “tela infinita” ou “infinity display” (que, aliás, eu não simpatizo nem um pouco): o trabalho de aproveitamento do espaço frontal foi bem feito, mas mesmo assim ainda tem bastante borda aqui.

Samsung Galaxy A6+

Software

Um velho ditado diz que é errando que se aprende. Nesse sentido, talvez os erros que a Samsung cometeu com a antiga TouchWiz tenham ajudado a companhia a criar uma interface muito mais estável e funcional: a Samsung Experience do A6+ (e outros aparelhos recentes) pode até não ser perfeita, mas está longe de ser ruim.

Samsung Galaxy A6+

Ela tem um padrão visual um tanto minimalista, menus organizados e efeitos de transição discretos. Mas o que mais soma pontas são os recursos adicionais. O velho e bom Always On Display, por exemplo, exibe horas e notificações na tela de bloqueio, mas sem gastar muita energia (poucos pixels são ativados).

O Dual Messenger é outro recurso sempre bem-vindo, pois permite que você use duas contas do WhatsApp (ou de outro mensageiro) no aparelho, uma para cada chip. Outro recurso interessante (mas não sei até que ponto é útil) é o Pair. Ele permite que dois aplicativos dividam a tela com mais flexibilidade: você pode ajustar o tamanho da área de cada um e até dividir a tela com o celular na horizontal.

Samsung Galaxy A6+

Também há aplicativos próprios e de terceiros. Se são úteis ou não, vai depender do seu perfil de uso. Eu, por exemplo, não faço questão dos apps do Microsoft Office, mas eles estão lá. Já o Samsung Max (outrora Opera Max) me parece mais interessante por ajudar a economizar a franquia do plano de dados.

O Galaxy A8 foi lançado com Android 7.1, apesar de ser um smartphone de 2018. Com o Galaxy A6+ esse erro não foi repetido: o aparelho sai de fábrica com o Android 8.0 Oreo.

O Bixby está aqui? Está, mas você não vai poder dar um alô para ele, pois os comandos de voz não foram liberados para o A6+, pelo menos não na versão vendida no Brasil. Somente o Bixby Home, que exibe cards com notícias, previsão do tempo, agenda e outras informações foi disponibilizado.

Na verdade, o Bixby Vision também está presente, mas ele ainda não parece ser útil: basicamente, o que ele faz é buscar imagens relacionadas aos objetos identificados pela câmera.

Câmeras

O Galaxy A6+ tem duas câmeras na traseira: uma com 16 megapixels e abertura f/1,7 e, para auxiliar no efeito de foco dinâmico para imagens com fundo desfocado, outra com 5 megapixels e abertura f/1,9.

Samsung Galaxy A6+

É uma dupla decente para um celular dessa categoria. Em ambientes claros, as fotos saem com níveis satisfatórios de coloração e detalhes. Às vezes, o ruído pode ficar um pouquinho acima do que é razoável, mas é só às vezes mesmo. O que me incomodou um pouco foi a focagem automática, que de vez em quando demorava para… focar.

Foto registrada com o Galaxy A6+
Foto registrada com o Galaxy A6+
Foto registrada com o Galaxy A6+
Foto registrada com o Galaxy A6+
Foto registrada com o Galaxy A6+
Foto registrada com o Galaxy A6+
Foto registrada com o Galaxy A6+

O modo HDR está disponível, mas, na prática, é como se não estivesse ali. Eu explico: depende muito das circunstâncias, mas quase todas as fotos feitas com o HDR desativado praticamente não tiveram diferenças em relação às imagens registradas com o modo ativado. Felizmente, isso não significa que a qualidade das fotos vai ser ruim.

Foto registrada com o Galaxy A6+
Com HDR
Foto registrada com o Galaxy A6+
Sem HDR

Por sua vez, o foco dinâmico para fundo desfocado consegue gerar bons resultados, mas, de novo, o detalhe que me incomodou foi a focagem, que pode ficar “confusa”, especialmente quando você estiver definindo a intensidade do desfoque no fundo. Mas o recurso funciona, mesmo que você tenha que tentar duas ou três vezes.

Foto registrada com o Galaxy A6+
Foto registrada com o Galaxy A6+

À noite ou em situações de baixas de iluminação, o pós-processamento consegue controlar bem os níveis de ruído — eles aparecem só com um pouco mais de intensidade. Em contrapartida, o nível de detalhamento das imagens acaba sendo prejudicado nesse processo, às vezes mais, às vezes menos, mas nenhuma foto escapa. E, sim, o foco automático falha com mais frequência à noite. Lembre-se de respirar fundo antes de tirar a foto.

Foto registrada com o Galaxy A6+
Foto registrada com o Galaxy A6+

De modo geral, a câmera traseira agrada. Já a frontal, com seus 24 megapixels e abertura f/1,9, me pareceu apenas ok. Senti falta de um pouco mais de vivacidade nas cores. Além disso, o pós-processamento afeta a definição, mesmo que você desative a suavização da imagem. Definitivamente, quantidade de megapixels, por si só, não é garantia de resultados incríveis.

Selfie registrada com o Galaxy A6+

Desempenho e bateria

Fazendo uma comparação grosseira, eu diria que o A6+ é como um carro 1.0 em uma ladeira: vai subir, mas pode sofrer. Como eu disse no começo, o modelo tem chip Snapdragon 450 de 1,8 GHz e 4 GB de RAM.

No multitarefa, vez ou outra eu notava certa demora em alternar entre aplicativos. Alguns deles também não abriam imediatamente. Também acontecia de tocar em um botão e a resposta demorar. Mas, ressalto, todos esses problemas foram ocasionais.

Nas aplicações mais pesadas é que dá para perceber alguma sofrência. Jogos leves, como Super Mario Run, rodam tranquilamente. Agora, em títulos como Unkilled dá para perceber queda na taxa de frames, mesmo em cenas pouco movimentadas.

Jogos exigentes vão rodar, mas só terão desenvoltura com configurações gráficas no médio ou mesmo no mínimo. Quem procura um smartphone para atividades mais simples, como vídeos e redes sociais, provavelmente não vai ter do que reclamar. Facebook, Instagram e Netflix, por exemplo, rodaram dentro da normalidade.

Desempenho no AnTuTu, 3DMark e Geekbench
Desempenho no AnTuTu, 3DMark e Geekbench

Com seus 3.500 mAh, a bateria não decepcionou. No dia de testes, rodei o seguinte: filme O Poderoso Chefão via Netflix (2h57min), Super Mario Run (meia hora), Unkilled (cerca de 20 minutos), Spotify (uma hora), Chrome (40 minutos), redes sociais (cerca de meia hora) e uma chamada de dez minutos. No fim do dia, a bateria estava com carga de 52% (de 100%).

Quanto ao áudio, o alto-falante tem bom volume, mas o som pode ficar esganiçado demais no volume máximo. A dica aqui é deixar o volume mais baixo ou, como sempre, usar fones de ouvido — o som ficou bem legal com um AKG K321 que tenho aqui, especialmente depois de eu ter ajustado o equalizador nas configurações de áudio do sistema.

Outro atributo do Galaxy A6+ é o suporte a desbloqueio via reconhecimento facial. O recurso funciona bem, mesmo quando a luz é mediana no ambiente, mas não faz mágica: bastou eu tirar os óculos para o reconhecimento falhar. Mas é provável que essa opção seja pouco usada por um simples motivo: o desbloqueio por impressões digitais é mais rápido (embora não tão rápido quanto em um topo de linha).

Conclusão

Sabe qual é o maior problema do Galaxy A6+? O preço. O dispositivo tem tela bacana, os 64 GB de armazenamento são uma quantidade adequada para os dias atuais (existe uma versão com 3 GB de RAM e 32 GB de armazenamento que não será lançada no Brasil), a câmera traseira faz um bom trabalho para a categoria e a bateria se comporta bem. Mas ainda estamos falando de um intermediário.

O conjunto todo não vale os R$ 2.099 sugeridos pela Samsung. Sim, esse é o preço oficial. Mesmo com o atual cenário de aumento do dólar, acho que o valor de lançamento deveria ficar, no máximo, na casa dos R$ 1.600 (e olhe lá). Se você pensou em pegar o Galaxy A6 “normal” na expectativa de encontrar um valor mais justo, má notícia: esse modelo não tem previsão de lançamento no Brasil.

Galaxy A6+

Pelo valor estabelecido, o Galaxy A6+ deveria ter pelo menos uma câmera frontal mais bem trabalhada e porta USB-C. Como o micro-USB ainda é muito usado, pode até parecer implicância minha, mas insistir em um padrão que está sendo substituído soa como uma tentativa de diminuir as qualidades do aparelho para distanciá-lo de outros modelos da linha, como o já citado Galaxy A8.

Mas o que o preço sugerido pede mesmo é um processador com mais fôlego. Me parece que o Galaxy A6+ não sofre tanto com o Snapdragon 450 quanto o Moto G6, que tem o mesmo chip, mas dá para notar certo esforço em determinadas tarefas.

É verdade que o preço pode cair consideravelmente no varejo logo mais — é assim com praticamente todos os lançamentos da Samsung. Aí o custo-benefício aparece. Mesmo assim, não consigo deixar de pensar que vai ter gente com menos conhecimento técnico vendo o A6+ numa loja e fechando negócio por um valor alto simplesmente por se impressionar com a tela.

Paciência.

Especificações técnicas

  • Bateria: 3.500 mAh;
  • Câmera: 16 + 5 megapixels (traseira), 24 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, GLONASS, BDS, Bluetooth 4.2, micro-USB, NFC, rádio FM;
  • Dimensões: 160,2 x 75,7 x 7,9 mm;
  • GPU: Adreno 506;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 400 GB;
  • Memória interna: 64 GB;
  • Memória RAM: 4 GB;
  • Peso: 191 gramas;
  • Plataforma: Android 8.0 Oreo;
  • Processador: octa-core Snapdragon 450 de 1,8 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, giroscópio, luminosidade, impressões digitais;
  • Tela: Super AMOLED de 6 polegadas com resolução de 2220×1080 pixels (411 PPI).

Samsung Galaxy A6+

Prós

  • Tela caprichada
  • Bateria com autonomia decente
  • Belo acabamento externo

Contras

  • Ué, porta micro-USB em um aparelho 2018?!
  • A câmera frontal decepciona
  • Pelo preço pedido, o processador podia ser melhor
Nota Final 8.1
Bateria
9
Câmera
8
Conectividade
8
Desempenho
7
Design
8
Software
8
Tela
9

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Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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