iPad (2018): o modelo mais acessível ficou poderoso

iPad de 9,7 polegadas é o mais em conta vendido pela empresa, agora com hardware mais potente e suporte ao Apple Pencil

Paulo Higa
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• Atualizado há 10 meses

O mercado de tablets continua em queda, mas a Apple aumentou seu volume de vendas nos últimos meses. Em parte, esse crescimento aconteceu por causa do lançamento do iPad de sexta geração, que foi anunciado sem muito alarde, mas trouxe um hardware potente e o suporte ao Apple Pencil a uma faixa de preço menor.

No Brasil, o novo iPad desembarcou com preço sugerido de R$ 2.499 na versão de 32 GB e ocupa o posto de tablet mais acessível da Apple. Ele chega a ser mais barato que o iPad mini 4, que foi lançado em 2015 e tem um processador bem mais antigo. Mas será que vale a pena comprar um tablet em 2018? Eu passei os últimos meses com o novo iPad e conto tudo nos próximos minutos.

Em vídeo

Design e som

O novo iPad é… igual aos iPads antigos. Desde a primeira geração, o iPad foi um dos produtos que menos mudou na Apple, pelo menos por fora: ele até que diminuiu as bordas nas laterais e trocou o simples botão Home por um botão com Touch ID, mas continua essencialmente com o mesmo design. Parece que enfim teremos uma reformulação no próximo iPad Pro, que será revelado até o final de 2018 — já era hora.

Apesar de ser o iPad mais acessível da Apple, ele é um produto muito bem acabado, com traseira de alumínio, que não atrai marcas de dedo como o vidro. Mas eu não gosto muito de dois detalhes: primeiro, a forma de carregamento do Apple Pencil, que fica pendurado de uma forma meio… tosca; segundo, o fato de a Apple ter removido o seletor lateral para bloquear a rotação da tela. Ele existia até o iPad Air e era uma mão na roda para quem usa o tablet na cama.

Felizmente, a Apple não removeu o conector de fones de ouvido de 3,5 mm (e espero que continue assim). Se você optar pelo alto-falante integrado, vai ouvir uma qualidade de áudio padrão, sem tanto volume ou graves quanto o iPad Pro, e sem a sensação de separação de canais do Samsung Galaxy Tab S3, mas com um nível decente para assistir a um vídeo ou ouvir uma música com uma qualidade melhor que a do celular.

Tela

A tela do iPad de 2018 tem 9,7 polegadas, resolução de 2048×1536 pixels e altíssima qualidade. Não é a melhor opção para ver filmes no escuro; os pretos profundos dos painéis Super AMOLED dos tablets da Samsung são melhores. Em compensação, o LCD do iPad tem altíssimo brilho e cores saturadas na medida certa.

10 polegadas é um tamanho de tela que eu ainda vejo sentido em existir nos tablets. O iPad mini de 7,9 polegadas perdeu bastante apelo porque as telas dos celulares já estão grandes, ainda mais com as mágicas de redução das bordas. E o iPad Pro de 12,9 polegadas pode ser bacana para alguns profissionais de criação; para o resto, ainda faz mais sentido comprar um notebook de verdade, principalmente pelo fator custo.

E agora que a tela do iPad mais básico suporta o Apple Pencil, ele pode ser uma opção interessante na sala de aula. Durante um tempo, eu utilizei um iPad Air 2 na faculdade, porque queria algo bem leve e com uma bateria boa; uma caneta certamente ajudaria em alguns pontos, especialmente para marcar texto, fazer anotações rápidas à mão e até desenhar alguns diagramas ou mapas mentais.

Software

Nos smartphones, escolher entre Android ou iOS é uma questão de preferência pessoal — os dois sistemas operacionais vão oferecer um leque de recursos, aplicativos e desempenho bem semelhantes, considerando produtos na mesma faixa de preço. Nos tablets, eu ainda sinto que o iPad entrega uma experiência superior, especialmente por causa do ecossistema.

Claro que não existe mais um abismo entre as duas plataformas como há três ou quatro anos, mas os aplicativos para iPad quase sempre aproveitam todo o espaço de uma tela grande (em vez de simplesmente esticar uma interface de celular); e estão em maior número, principalmente no ramo profissional. Affinity Photo, Pixelmator, Ulysses, LumaFusion e vários outros softwares de foto, vídeo, áudio e texto não dão nem sinais de chegar ao Android em um futuro próximo.

Hardware e bateria

O hardware do iPad de sexta geração é o mesmo do iPhone 7, com processador quad-core Apple A10 e 2 GB de RAM, o que significa que o desempenho é excelente. Praticamente não existem travadinhas, e as animações são bastante fluidas — não tanto quanto no iPad Pro com tela de 120 Hz, mas o suficiente para você não passar raiva em nenhum momento.

A bateria é de 8.827 mAh e não decepciona. Oficialmente, a Apple diz que ela dura até 10 horas de navegação no Wi-Fi, reprodução de vídeo e música. Nos meus testes, rodando um vídeo em Full HD no YouTube com o brilho no médio, o iPad demorou 8h17min para ir de 100% a 0% de bateria, uma marca boa para um dispositivo com uma tela desse tamanho.

Comentários adicionais

Eu não analisei a fundo alguns pontos, mas vale uma menção rápida a eles:

  • O iPad tem uma versão com 4G integrado, que custa 700 reais a mais. Na minha opinião, ela não vale a pena para a maioria das pessoas, já que você sempre pode compartilhar a conexão do seu smartphone quando realmente precisar.
  • A câmera frontal grava em HD e tem boa qualidade para chamadas em vídeo. A traseira fica no nível de um smartphone intermediário: ela até tira fotos decentes com boa iluminação, mas o ruído aumenta bastante em cenários noturnos. Não é um produto que vai tirar ótimas fotos de um show (por favor, não seja essa pessoa), mas quebra o galho para escanear documentos e… reconhecer códigos de barras de boletos.
  • O Apple Pencil é vendido à parte e custa R$ 729 no Brasil. Faz sentido comprá-lo? Imagino que sim, se você faz algum trabalho criativo e quer um acessório preciso e confortável de usar. Para pessoas “normais”, que só precisam fazer uma anotação aqui ou acolá, é como matar um mosquito com uma espingarda.

Conclusão

Eu confesso que tive um pouco de dificuldade para incluir o iPad na minha rotina durante os meses de teste. Na época de faculdade, eu usava o tablet da Apple por causa da portabilidade e da bateria — mas hoje provavelmente compraria um Chromebook, aproveitando que o Chrome OS amadureceu bastante nos últimos anos.

Então resolvi perguntar para a equipe do Tecnoblog: por que vocês usariam um tablet hoje em dia? O mais empolgado foi o Barba, que começou a citar um monte de apps de edição que só existem para iPad e que, por serem bem otimizados para o chip da Apple, permitem fazer tarefas até mais rápido que no PC. O Fogaça disse que acaba usando o dele como a “TV da cozinha”. A maioria se restringe a usos mais simples, como leitura, games e consumo de vídeos.

Para boa parte das pessoas, portanto, tablet é um produto supérfluo. Mas, se você quer um, o iPad é uma excelente opção: é um gadget que vai durar vários anos, tem ótimo desempenho, uma tela de alta qualidade, software bem cuidado e, principalmente, um preço que não é mais tão assustador assim.

Especificações técnicas

  • Bateria: 8.827 mAh (32,9 Wh);
  • Câmera: 8 megapixels (traseira) e 1,2 megapixels (frontal);
  • Conectividade: Wi-Fi 802.11ac, GPS, GLONASS, Bluetooth 4.2, Lightning;
  • Dimensões: 240 x 169,5 x 7,5 mm;
  • GPU: PowerVR GT7600 Plus;
  • Memória externa: sem suporte a cartão microSD;
  • Memória interna: 32 ou 128 GB;
  • Memória RAM: 2 GB;
  • Peso: 469 gramas;
  • Plataforma: iOS 11;
  • Processador: quad-core Apple A10 Fusion de 2,3 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, giroscópio, bússola, impressões digitais;
  • Tela: IPS LCD de 9,7 polegadas com resolução de 2048×1536 pixels.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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