Samsung Galaxy J4: um básico com fórmula antiga

Samsung Galaxy J4 traz tela Super AMOLED, bateria com boa autonomia e câmera traseira convincente, mas escorrega na ausência de recursos essenciais

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 10 meses
Samsung Galaxy J4

O Galaxy S9 e o recém-anunciado Galaxy Note 9 são os carros-chefes da Samsung em 2018. Mas a companhia sabe melhor do que ninguém que, pelo menos em países como o Brasil, smartphones baratinhos são os que mais vendem, de longe. O Galaxy J4 (2018) foi lançado para atender a esse segmento.

Estamos falando de um smartphone intermediário que não tem nada de premium. Mesmo assim, ele pode chamar atenção no primeiro contato por ter acabamento robusto e uma tela de 5,5 polegadas bem interessante para a categoria.

Mas e o desempenho? Como as câmeras se comportam? A bateria é decente? Eu fiquei com o Galaxy J4 durante duas semanas e contos as minhas impressões sobre o modelo a partir de agora.

Em vídeo

Design

O Galaxy J4 pode se passar facilmente por um smartphone lançado em 2016 ou até antes. Ao contrário dos irmãos Galaxy J6 e Galaxy J8, também lançados em 2018, ele não acompanha o novo padrão de design da Samsung. Aquele velho visual com botão físico frontal e cantos arredondados é o que a gente encontra aqui.

Samsung Galaxy J4

Na verdade, é visível que a Samsung baseou o Galaxy J4 em um projeto já antigo. O modelo tem características que, nos smartphones atuais, são cada vez raros, como traseira removível, bateria que pode ser retirada e slots para SIM cards e microSD que também ficam na parte de trás, não em bandejas nas laterais.

Samsung Galaxy J4

Se a gente continuar olhando, vai encontrar outros detalhes que, digamos assim, estão saindo de moda: os slots são para micro-SIM em vez de nano-SIM; a porta é micro-USB em vez de USB-C; a saída de som fica na traseira (outros intermediários atuais da Samsung têm alto-falante na lateral direita).

Mas nada disso me incomodou tanto quanto a ausência de um leitor de impressões digitais. Por força do hábito, passei os três primeiros dias colocando o dedo sobre o botão frontal, mas ele é só um… botão. Tudo bem que o J4 é uma das opções de entrada da linha Galaxy J, mas eu entendo que, hoje, sensor de digitais é item essencial. O Moto E5, por exemplo, é um rival que conta com o recurso.

Além do botão físico, o Galaxy J4 preserva os antigos botões capacitivos
Além do botão físico, o Galaxy J4 preserva os antigos botões capacitivos

Pelo menos o acabamento externo é robusto. A moldura é de um metal que protege bem o aparelho e ajuda na pegada. Ainda bem, pois a tampa traseira é de um plástico liso e, consequentemente, um tanto escorregadio.

Samsung Galaxy J4

Tela

A tela do Galaxy J4 não tem bordas finas, tampouco o polêmico notch (alguém disse amém?), mas o que mais importa é a qualidade, certo? Pois bem, o painel, de 5,5 polegadas, é um Super AMOLED que, como tal, exibe cores vívidas e tem pouca perda de tonalidade quando visualizada de ângulos variados.

É verdade que a resolução é de 1280×720 pixels, mas eu não vejo esse detalhe como um ponto negativo para a categoria do aparelho. A resolução é suficiente para curtir vídeos no YouTube, visualizar fotos em tela cheia ou jogar, por exemplo.

Samsung Galaxy J4

Graças ao Super AMOLED, a tela acaba sendo um dos pontos fortes do Galaxy J4. Mas nem tudo é perfeito. O brilho máximo é mais do que suficiente para que você consiga enxergar o conteúdo quando estiver na rua num dia de Sol forte, porém, não há sensor de luminosidade para ajuste automático. Precisava mesmo economizar em um item são simples, Samsung?

Software

Como o Galaxy J4 é baseado em um projeto datado, só faltava ele ter uma versão batida do Android. Não tem, ainda bem. Ele vem com o Android 8.0, que não é a versão mais recente, mas não deixa de ser atual.

Não há nada de novo na interface, mas isso não é ruim, afinal, significa que a gente encontra aqui menus organizados, efeitos de transição discretos e funcionalidades úteis, como o Dual Messenger (para usar duas contas do WhatsApp ou outro mensageiro no aparelho), o Pasta Segura, que protege apps e arquivos importantes com criptografia, e o filtro de tela para uso noturno.

 Samsung Galaxy J4

Os aplicativos são os de sempre: Microsoft Office, os apps obrigatórios do Google e algumas ferramentas da própria Samsung, como o Health e o Gravador de Voz. Curiosamente, alguns dos apps da fabricante são instalados após a primeira configuração do aparelho, isto é, não saem pré-instalados de fábrica.

Não tem trial de antivírus pentelhando por aqui. Em contrapartida, as notificações dos recursos da Samsung, como o monitor de energia, podem ser irritantes por conta da frequência com a qual aparecem.

O Bixby marca presença, mas só na versão Home, que exibe cards com previsão do tempo, notícias, agenda e afins. Samsung Pay? Sem chance.

Câmeras

A câmera traseira do Galaxy J4 foi uma grata surpresa. Não, ela não chega nem perto da câmera do Galaxy S8 ou do Galaxy S9, por exemplo. Mas, usando novamente como referência o fato de o aparelho ser básico, fiquei satisfeito com os resultados.

Samsung Galaxy J4

O módulo de câmera tem sensor de 13 megapixels e lente com abertura f/1,9. Se as condições de luz estiverem favoráveis, esse conjunto vai fazer fotos com níveis bem controlados de ruídos, pouca perda de definição e nenhuma surpresa desagradável na coloração.

Foto registrada com o Samsung Galaxy J4
Foto registrada com o Samsung Galaxy J4
Foto registrada com o Samsung Galaxy J4
Foto registrada com o Samsung Galaxy J4

Pontos de sombra podem ser um problema. Isso é frequente em vários smartphones, mas como o J4 tem HDR, então está tudo bem, certo? Via de regra, sim. Só é preciso tomar cuidado porque, às vezes, certos pontos podem ficar meio que desbotados. Mas, de modo geral, os resultados agradam:

Foto registrada com o Samsung Galaxy J4
Foto registrada com o Samsung Galaxy J4
Com HDR
Foto registrada com o Samsung Galaxy J4
Foto registrada com o Samsung Galaxy J4
Com HDR

Se você estiver em um ambiente fechado, com iluminação reduzida, vai haver um pouco mais de ruídos e perda de definição, como esperado. Mas não é nada muito preocupante. O HDR ajuda nessas circunstâncias, desde que você siga a regrinha de segurar o celular com bastante firmeza:

Foto registrada com o Samsung Galaxy J4
Foto registrada com o Samsung Galaxy J4
Com HDR
Foto registrada com o Samsung Galaxy J4
Foto registrada com o Samsung Galaxy J4
Com HDR

A situação só complica mesmo à noite. O pós-processamento tenta compensar o excesso de ruído e, com isso, deixa a cena toda “lavada”. Mas, tirando isso, é uma câmera que consegue fazer registros interessantes.

Foto registrada com o Samsung Galaxy J4

Na frente, o Galaxy J4 abriga uma câmera de 5 megapixels com abertura f/2,2 e LED flash, olha só. Ela cumpre o seu dever. As selfies feitas com ela têm bom nível de coloração e baixo ruído, embora o pós-processamento possa remover alguns detalhes do seu rosto e do cenário de fundo.

Selfie registrada com o Samsung Galaxy J4
Selfie registrada com o Samsung Galaxy J4

Se você estiver em um lugar fechado, prepara-se para fazer várias selfies até conseguir uma decente. Com menos luz, ruídos e perda de definição aparecem com mais intensidade do que deveriam.

Desempenho e bateria

Conheço gente que só usa o básico: WhatsApp, YouTube, Facebook, uma foto ou outra, rádio, chamadas de vez em quando, joguinhos simples, nada muito além disso. O Galaxy J4 combina bem com esse perfil de uso. Agora, se você é do tipo que instala uma penca de apps, só publica fotos no Instagram depois de caprichar nos filtros, joga games pesados ou faz uso intenso do smartphone, é bom ter cuidado aqui.

O J4 vem com processador Exynos 7570 de 1,4 GHz (são quatro núcleos Cortex-A53), GPU Mali-T720 MP2, 2 GB de RAM e 32 GB para armazenamento interno de dados (existe uma versão com 16 GB) expansíveis com microSD de até 256 GB.

É um conjunto que fez tudo o que eu mandei, sem nenhum erro ou fechamento inesperado. Porém, dá para notar que os apps demoram um pouco para abrir, o mesmo valendo para fotos ou vídeos armazenados no aparelho. O multitarefa tampouco apresentou problemas, mas funcionou com certa lentidão na alternância entre aplicativos.

Desempenho no AnTuTu 7.1.0, 3DMark 2.0 e Geekbench 4.2.3
Desempenho no AnTuTu 7.1.0, 3DMark 2.0 e Geekbench 4.2.3

Games mais leves, como Super Mario Run, rodaram numa boa. Já os mais exigentes, como Unkilled, têm queda expressiva na taxa de frames mesmo quando as configurações gráficas estão no mínimo.

Com relação à bateria, nada a reclamar. Ela tem 3.000 mAh. No dia de testes, rodei o seguinte: cerca de três horas de filme com brilho máximo na tela, uma hora de redes sociais e Chrome, uma hora de música via Spotify, meia hora de Super Mario Run, 15 minutos de Unkilled e uma chamada de 10 minutos. Comecei os testes de manhã, fui fazendo intervalos entre eles e terminei à noite. A carga caiu de 100% para 56%. Bem bom.

Pena que a bateria não tem carregamento rápido. A recarga de 5% para 100% durou 2h40min, aproximadamente.

Samsung Galaxy J4

Como sempre faço, aproveito os testes de bateria para avaliar o alto-falante. Até que o volume máximo é bem alto, talvez para compensar o fato de que a saída fica ao lado da câmera traseira, contra o usuário. O som é claro, mas pode distorcer se estiver no limite máximo.

Quando você usar fones de ouvido, vale a pena ir na área de notificações e ativar o Dolby Atmos. Esse detalhe dá uma boa incrementada no áudio.

Conclusão

Se a gente olhar para o Galaxy J4 sob a óptica de um usuário avançado, o pensamento que vai vir à mente é a de se livrar o mais rápido possível do aparelho. Mas, analisando a situação de um ponto de vista mais amplo, fica fácil perceber que um smartphone como esse faz sentido.

Temos que lembrar que há uma parcela imensa de pessoas que realmente só precisa do básico e, portanto, vai sentir pouco ou nada as restrições de desempenho do J4. Para esse público, o modelo oferece uma tela com cores vívidas, bateria com boa autonomia e uma câmera traseira que tem lá algumas limitações, mas dá conta do recado.

Eu senti falta do leitor de impressões digitais. E acho que não era necessário economizar no sensor de luminosidade. Admito que não gostei muito de perceber que o Galaxy J4 é baseado em um projeto antigo. Mas, pesando os prós e contras, o saldo é positivo se, volto repetir, considerarmos o público ao qual ele se destina.

 Samsung Galaxy J4

O Galaxy J4 tem preço oficial de R$ 999 na versão com 32 GB. O modelo com 16 GB sai por R$ 849. Se levarmos em conta o cenário econômico, não são valores tão ruins assim, até porque o varejo já oferece os dois aparelhos com descontos variando entre R$ 100 e R$ 200.

Com desconto vale a pena? Vale, mas só se for um descontão. A Samsung é líder de mercado porque lança modelos para diversas categorias de smartphone, mas essa variedade acaba criando uma concorrência dentro de casa.

Só para dar um exemplo do que estou falando, uma rápida pesquisa no Google mostra que na mesma faixa de preços do Galaxy J4 está o Galaxy J5 Pro que, apesar de ter sido lançado no ano passado, é mais aparelho.

Especificações técnicas

  • Bateria: 3.000 mAh;
  • Câmera: 13 megapixels (traseira), 5 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, GLONASS, Bluetooth 4.2, micro-USB, rádio FM;
  • Dimensões: 151,7 x 77,2 x 8,1 mm;
  • GPU: Mali-T720 MP2;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 256 GB;
  • Memória interna: 32 GB (com opção mais barata de 16 GB);
  • Memória RAM: 2 GB;
  • Peso: 175 gramas;
  • Plataforma: Android 8.0 Oreo;
  • Processador: quad-core Exynos 7570 de 1,4 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade;
  • Tela: Super AMOLED de 5,5 polegadas com resolução de 1280×720 pixels (267 PPI).

Samsung Galaxy J4

Prós

  • Tela interessante para a categoria
  • Bateria com autonomia decente

Contras

  • Leitor de impressões digitais faz falta
  • Sem sensor de luminosidade
  • Um pouco mais de desempenho seria bom
Nota Final 7.9
Bateria
9
Câmera
8
Conectividade
7
Desempenho
7
Design
7
Software
8
Tela
9

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Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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