Telegram muda política de privacidade para revelar dados de terroristas

CEO Pavel Durov mudou política de privacidade do Telegram devido ao GDPR, não por causa da Rússia

Felipe Ventura
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses

O Telegram se orgulhava de ter uma política de privacidade que garantia: “nós nunca compartilhamos seus dados com ninguém”. Ela foi alterada para incluir uma exceção: seu endereço IP e número de celular podem ser enviados às autoridades sob ordem judicial.

“Se o Telegram receber uma ordem judicial que confirme que você é um suspeito de terrorismo”, diz a nova política de privacidade, “poderemos divulgar seu endereço IP e número de telefone para as autoridades relevantes”.

Segundo a empresa, isso nunca aconteceu até agora; e quando acontecer, a empresa vai avisar em seu relatório semestral de transparência.

Telegram quer afastar terroristas

O CEO Pavel Durov diz à RFE/RL que mudou os termos para se adequar ao GDPR, lei de privacidade que entrou em vigor na União Europeia em maio.

“Antes, não tínhamos uma política de privacidade real e tivemos que criar uma”, ele explica. “Nós ainda não compartilhamos nenhum dado de terroristas com as autoridades, mas nossa capacidade teórica de fazer isso é outra medida que adotamos para desencorajar terroristas de abusarem de nossa plataforma.”

O Telegram já foi usado para criar grupos do Estado Islâmico e para atividades terroristas no Irã. O ataque ao metrô de São Petersburgo, na Rússia, foi coordenado a partir do app no ano passado.

Mudança não foi feita por causa da Rússia

A Rússia baniu o Telegram por não revelar dados sobre usuários acusados de terrorismo. Durov explica, no entanto, que a nova política de privacidade não é uma resposta a isso. Afinal, o FSB (Serviço Federal de Segurança), sucessor da KGB, não quer endereços IP e números de celular — eles querem as chaves de criptografia para espionar suspeitos.

“O Telegram é proibido na Rússia”, escreve Durov. “Todo dia, centenas de endereços IP são bloqueados na tentativa de interromper o acesso ao serviço. Não levamos em conta quaisquer pedidos de serviços russos, e a nossa política de privacidade não diz respeito à situação na Rússia.”

A nova política de privacidade está disponível aqui; a versão anterior pode ser encontrada neste link.

Com informações: ZDNet, Folha.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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