Por que o catálogo da Netflix é diferente de um país para outro

A questão gera uma demanda por VPN e uma polêmica em torno de um recurso que a Netflix ainda tenta bloquear

Melissa Cruz Cossetti
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• Atualizado há 1 ano e 1 mês
Netflix não está disponível na China (mas trabalha para isso) e na Crimeia, na Coreia do Norte e na Síria devido às restrições impostas pelo governo dos Estados Unidos a empresas norte-americanas.
A Netflix ainda não está disponível na China (mas, trabalha para isso) e na Crimeia, na Coreia do Norte e na Síria devido às restrições impostas pelo governo dos Estados Unidos a empresas norte-americanas.

Já explicamos o que leva a Netflix tirar filmes e séries do seu catálogo todos os meses — e você pode acompanhar tudo que entra e sai do acervo aqui no Tecnoblog. Uma outra dúvida pertinente sobre o conteúdo do serviço de streaming é: por que o catálogo da Netflix é diferente de um país para outro? A questão gera uma demanda pelo uso de VPN e uma polêmica em torno de um recurso que a empresa tenta (ainda) bloquear. A Netflix faz parcerias para licenciar direitos de transmissão, nem sempre globais.

Por que o catálogo da Netflix é diferente por país?

A própria Netflix afirma que “há muitas razões pelas quais uma série de TV ou filme pode estar disponível em um país ou região e não em outro”. Entre elas estão questões como a popularidade do conteúdo na região, a posse dos direitos de transmissão na área, tradução e etc. Resumimos os principais desses motivos abaixo.

  • Preferências regionais
    A Netflix afirma que se esforça para adaptar o serviço a cada região. O conteúdo disponível varia conforme o local e pode ser alterado de tempos em tempos. Algumas séries de TV e filmes são populares entre os assinantes dos Estados Unidos, mas não no Reino Unido, embora ambos sejam países de língua inglesa. Esses dados de popularidade influenciam na hora do conteúdo ser licenciado.
  • Vários detentores de direitos
    Mais de um estúdio ou distribuidor de conteúdo podem possuir os direitos regionais. É possível que a empresa assine um contrato com um distribuidor para oferecer determinado filme americano na América Latina antes de assinar um contrato com o estúdio que fez o filme para oferecê-lo nos Estados Unidos. Sendo assim, o contrário regional que sair primeiro acaba favorecendo a região com isso.
  • Direitos não disponíveis em uma região
    A companhia também defende que um filme ou série pode não estar disponível em uma região porque não é possível adquirir um título se ele não estiver à venda. Ou seja, não há milagre para comprar os direitos de quem não quer vendê-lo.

Isso acontece com Produções Originais da Netflix

Pasme, isso também acontece com Produções Originais da Netflix. Aquelas que a companhia produz internamente e, em teoria, teria direito de exibi-las em qualquer um dos mais de 190 países em que opera. A Netflix, certamente, tem os direitos exclusivos para transmitir Orange Is the New Black, Stranger Things, BoJack Horseman, Unbreakable Kimmy Schmidt e outras das “produções de originais”. Porém, é possível que elas não estejam disponíveis em todos os catálogos e em todos os mesmos países.

“Isso acontece porque, quando eles foram criados, a Netflix estava disponível apenas em alguns países (pré-expansão). Por esse motivo, não obtivemos os direitos de licenciamento para todas as regiões do mundo”, explicam. Sendo assim, não se espante.

Netflix / Charles Deluvio / Unsplash

Mesmo que as séries ou filmes tenham o selo “originais Netflix”, outras empresas podem ter o direito de transmissão por causa de acordos de licenciamento feitos antes que a Netflix estivesse disponível em determinada região. E, dependendo da região, pode levar anos para que a Netflix obtenha os direitos de licenciamento de novo.

A empresa cita ainda alguns “originais Netflix” para os quais ainda não há licenciamento global. A lista inclui Orange is the New Black, Arrested Development e Lilyhammer.

A polêmica da VPN

Em função disso, muita gente recorre ao uso de VPN para acessar a Netflix com um IP estrangeiro e ter acesso a conteúdo do catálogo de outros países, principalmente dos Estados Unidos. O problema é que isso fere os contratos locais — um conteúdo pode não ter sido licenciado para o Brasil e, por isso, também não pode ser assistido aqui.

Para inibir esse uso irregular, a Netflix proibiu o uso de VPN —  impedindo que os clientes desses serviços, moradores de outros países, acessassem seus catálogos de exibição de Estados Unidos,  Reino Unido e Canadá (todos com conteúdo em inglês). Desde então, fornecedores e usuários de VPN tentam resolver o erro m7111-1331-5059.

VPN / Pixabay

O código aparece quando a Netflix identifica que o usuário está se conectando via VPN, proxy ou serviço “desbloqueador” e exibe uma mensagem “Parece que você está usando um desbloqueador ou proxy (You seem to be using an unblocker or proxy)”.

A Netflix se defende, e diz que não existe maneira confiável de determinar se uma VPN ou um proxy está sendo usado por um de seus assinantes com propósitos legítimos, e passou a impedir todas as conexões desse tipo. Muita gente usa VPNs para aumentar sua própria segurança e a proibição não deu fim a batalha. Serviços famosos como Hola, Opera VPN e Tunnelbear estão hoje bloqueados, mas não faltam alternativas pagas que ainda funcionam. Eles cobram, justamente, para “financiar essa pesquisa”.

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Melissa Cruz Cossetti

Melissa Cruz Cossetti

Ex-editora

Melissa Cruz Cossetti é jornalista formada pela UERJ, professora de marketing digital e especialista em SEO. Em 2016 recebeu o prêmio de Segurança da Informação da ESET, em 2017 foi vencedora do prêmio Comunique-se de Tecnologia. No Tecnoblog, foi editora do TB Responde entre 2018 e 2021, orientando a produção de conteúdo e coordenando a equipe de analistas, autores e colaboradores.

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