Cofundador do WhatsApp explica por que saiu do Facebook

Brian Acton diz que a venda do WhatsApp, levou também a privacidade dos usuários

Victor Hugo Silva
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Brian Acton

Brian Acton, cofundador do WhatsApp (Foto: Carlos Moura/SCO/STF)

Brian Acton, cofundador do WhatsApp, deu uma forte declaração no Twitter em março deste ano ao sugerir que os usuários deletassem o Facebook. Seis meses depois dessa publicação, ele voltou a falar publicamente.

Para a Forbes, Acton revelou os motivos que o fizeram sair, em setembro de 2017, da empresa que comprou o WhatsApp. Segundo ele, a decisão lhe custou US$ 850 milhões em ações, que seriam pagos caso ele permanecesse na companhia por mais um ano.

O empresário lamentou a venda do WhatsApp. “Eu vendi a privacidade dos meus usuários para um benefício maior. Eu fiz a escolha e um compromisso. E eu vivo com isso todos os dias”, disse Acton, durante a entrevista.

Ele diz que, após a venda, não concordou com dois planos do Facebook para monetizar o aplicativo. A empresa pretendia exibir anúncios e permitir a comunicação entre empresas e seus consumidores.

Como publicado há algumas semanas no Tecnoblog, o Facebook ainda deseja exibir anúncios dentro do WhatsApp Status. Para Acton, o plano poderá quebrar uma espécie de acordo que o aplicativo tem com seus usuários.

O Facebook também quer oferecer ferramentas para as empresas entrarem em contato com possíveis clientes. Isso envolveria soluções de análise de performance para as marcas. No entanto, a criptografia é um impasse, já que as mensagens não podem ser acessadas.

De acordo com o cofundador do WhatsApp, esse plano não foi abandonado e o Facebook ainda busca saídas para oferecer a análise para outras empresas. Porém, ele acredita que a privacidade dos usuários estará em risco.

Para que as mudanças mais negativas não fossem aprovadas, Acton sugeriu outras saídas para monetizar o app. Uma delas envolvia a cobrança de acordo com o número de mensagens enviadas pelas empresas, que deve ser adotada.

Integração do WhatsApp com o Facebook

Uma das polêmicas envolvendo a aquisição do WhatsApp pelo Facebook foi a integração entre as duas plataformas. Acton diz que não soube dos planos de Zuckerberg de mesclar as informações até o acordo ser aprovado.

Ele lembra de uma conferência com representantes da Comissão Europeia de Concorrência: “Fui instruído a explicar que seria realmente difícil mesclar dados entre os dois sistemas”. Um ano e meio após a compra, os termos do WhatsApp foram atualizados e abriram a brecha para o Facebook mesclar perfis das duas redes.

WhatsApp / Facebook / Pixabay

“Acho que todo mundo estava jogando porque pensavam que a União Europeia poderia ter se esquecido por ter passado bastante tempo”, diz Acton. Não foi o que aconteceu: o Facebook foi obrigado a pagar US$ 122 milhões por passar informações incorretas ou enganosas sobre o acordo.

Um ano depois, Jam Koum, o outro cofundador do WhatsApp, decidiu deixar o Facebook. Na ocasião, ele disse que era “hora de seguir em frente” e de “colecionar Porsches raros refrigerados a ar, cuidar dos meus carros e jogar ultimate frisbee”.

Acton, por sua vez, investiu US$ 50 milhões no Signal, outro aplicativo de mensagens que tem como principal atrativo o foco na segurança das informações. O empresário afirma que o serviço deseja fazer com que a comunicação privada se torne “acessível e onipresente”.

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Victor Hugo Silva

Victor Hugo Silva

Ex-autor

Victor Hugo Silva é formado em jornalismo, mas começou sua carreira em tecnologia como desenvolvedor front-end, fazendo programação de sites institucionais. Neste escopo, adquiriu conhecimento em HTML, CSS, PHP e MySQL. Como repórter, tem passagem pelo iG e pelo G1, o portal de notícias da Globo. No Tecnoblog, foi autor, escrevendo sobre eletrônicos, redes sociais e negócios, entre 2018 e 2021.

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