Como o IFTTT ganha dinheiro?

Lançada em 2010, plataforma cresceu com a Internet de Coisas (IoT) e recursos de Inteligência Artificial

Melissa Cruz Cossetti
Por
• Atualizado há 1 ano e 1 mês
IFTTT cards

Se você curte automatizar a ação de aplicativos já deve ter buscado soluções no IFTTT (if this, then that). Em português, “Se isso, então aquilo”. A plataforma grátis abriga mais de 65 milhões de condicionais simples para que sites, apps, softwares tradicionais, redes sociais, games e equipamentos eletrônicos trabalhem em conjunto — quando acontece alguma coisa em um dos sistemas, gera resultado programado e imediato em outro.

É uma relação de equivalência.

Quem cria tudo isso são mais de 130 mil desenvolvedores cadastrados (entre eles, empresas gigantes de tecnologia). O que explica, em parte, o modelo de negócio.

O IFTTT (que se pronuncia de forma parecida com gift, sem o “g”), nasceu em 2010, pelas mãos dos irmãos americanos Linden e Alexander Tibbets. Para sair do papel, a startup, assim como várias outras no Vale do Silício, obteve financiamento de investidores (cerca de US$ 40 milhões). Desde então, tornou-se “rei da gambiarra”.

Hoje, o IFTTT é uma plataforma gratuita — para o usuário e o desenvolvedor — capaz de fazer seus aplicativos e dispositivos conversarem um com o outro. Os termos de uso, porém, garantem uma possível virada de mesa adiante. Que vem acontecendo gradualmente, é verdade, com foco nas empresas de tecnologia e novos recursos.

“Atualmente, o serviço é gratuito, mas nos reservamos o direito de cobrar por alguns ou por todos os serviços no futuro. Nós o notificaremos antes que o serviço que você está usando comece a custar uma taxa, e se você deseja continuar usando o serviço, deve pagar todas as taxas aplicáveis”, diz o IFTTT. No momento, não há nenhum applet pago.

Como funciona a IFTTT Platform?

Enquanto isso não acontece, a equipe, composta principalmente de engenheiros, e com foco também em gestão do produto, marketing e negócios, é alimentada por parcerias. A receita vem, além dos investimentos iniciais, dos clientes da IFTTT Platform que pagam para hospedar soluções e conexões aos próprios produtos (quase sempre novos).

Sem confirmar os valores cobrados, que dependem da infraestrutura necessária, citou com principais clientes as gigantes de tecnologia GE, BMW, Microsoft e Google. Outras são Dropbox, The New York Times, Twitter, Slack e Spotify. No momento, são três os planos mensais, “Lite” ainda sem valor, “Basic” por US$ 199 e “Enterprise” por US$ 499.

IFTTT Prices

“Cobramos uma taxa fixa que permite aos clientes publicar serviços e Applets, e obter informações valiosas sobre como suas integrações são usadas”, explicou o IFTTT em nota. A principal diferença dos serviços pagos mais caros são ferramentas de marketing e branding exclusivas, exibição de marca no applet, suporte 24h, análise avançada de dados dos usuários, prioridade nas API calls e contas ilimitadas de administradores.

Com uma base de usuários global mas sem tradução do inglês, o IFTTT sofre com alguns bugs com caracteres não ingleses que podem causar erros nos applets — o que limita seu uso ao ocidente. Entretanto, para atrair novos clientes entre os grandes criadores de applets, promete “dados analíticos profundos” e um “works with IFTTT” (que garante a usuários de terceiros compatibilidade) e o que chama de “experiências confiáveis”.

Para o futuro, a equipe garante que está focada em criar ferramentas poderosas, insights e novos serviços para a plataforma que segue crescendo em um rico ecossistema cheio de desenvolvedores individuais, pequenas e médias empresas, assim como companhias listadas na Fortune 500, que buscam soluções alternativas.

Os Applets mais populares

Até chegar a esse modelo de negócio, porém, muita água rolou. Em 2015, chegaram aplicativos oficiais para Android e iOS (iPhone). E, antes disso, uma confusão de nomes.

IFTTT Google

“Ao longo dos anos, usamos nomes diferentes para o que chamamos de Applets hoje. No passado, eles se chamavam Tasks (Tarefas), depois Statements (Afirmações), Recipes (Receitas) e, finalmente, os Applets”, explicam. Nada, porém, mudou o conceito.

De acordo com o IFTTT, entre os primeiros Applets que eram populares há sete anos, e que ainda são populares hoje, estão recursos simples Tweet posts do Instagram como fotos nativas no Twitter (by Instagram), 670 mil usuários. Receba um e-mail sempre que um novo post no Craigslist corresponda à sua pesquisa (by IFTTT), com 150 mil usuários e Receba alertas diários sobre previsão do tempo (by Weather Undergroud) com mais de 1 milhão de usuários se somadas todas as opções disponíveis desde então.

IFTTT Partners

Soluções do Instagram, por exemplo, contornam mudanças de API como a do Twitter, que não permite mais que conteúdos de outras redes sociais ou plataformas apareçam incorporados nos tweets, apresentando apenas links em vez de uma miniatura do post.

Questionados sobre os parceiros mais populares, seis nomes chamam a atenção. Entre os softwares e web apps estão Twitter, Facebook e Gmail. Amazon Alexa, Google Home e Philips Hue são alguns dos dispositivos mais populares para Internet das Coisas.

Utilidade vs Privacidade

Da parte do usuário, a gratuidade segue a velha regra que se mantém firme na Internet: forneça seus dados e lhe damos o céu. O primeiro passo para se aventurar nas maravilhas oferecidas pelo IFTTT é conceder o acesso dos Applets aos nossos dados pessoais para postar em nosso nome, enviar e-mails ou ler as nossas ações.

Exceto em situações que envolvam a Justiça, a empresa afirma que não fornece nem vende dados de usuários a terceiros. Não apenas o IFTTT, porém, tem acesso aos dados sobre o uso dos Applets. Os também desenvolvedores manipulam essas informações.

IFTTT conta verificad

Ainda que você precise de um Applet que pareça simpático e amigável, verifique se os desenvolvedores são de origem desconhecida. Todos os Applets possuem a área “by developer”, que traz o nome e o link para o perfil do desenvolvedor. Marcas parceiras no IFTTT, assim como nas redes sociais, possuem o selo azul de “conta verificada”.

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Melissa Cruz Cossetti

Melissa Cruz Cossetti

Ex-editora

Melissa Cruz Cossetti é jornalista formada pela UERJ, professora de marketing digital e especialista em SEO. Em 2016 recebeu o prêmio de Segurança da Informação da ESET, em 2017 foi vencedora do prêmio Comunique-se de Tecnologia. No Tecnoblog, foi editora do TB Responde entre 2018 e 2021, orientando a produção de conteúdo e coordenando a equipe de analistas, autores e colaboradores.

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