Apple é processada por propaganda enganosa no iPhone X, XS e XS Max

Apple mente sobre tamanho de tela e número de pixels nos novos iPhones, dizem autores de ação

Paulo Higa
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
iPhone 8 Plus e iPhone XS

A Apple enfrenta mais um processo nos Estados Unidos, desta vez relacionado às telas dos novos iPhones. Segundo a ação, aberta por dois consumidores no estado da Califórnia na sexta-feira (14), a empresa faz propaganda enganosa ao mentir sobre os tamanhos do painel e os números de pixels dos iPhones X, XS e XS Max.

Os argumentos da ação, publicada pelo CNET e disponível neste link, são no mínimo curiosos. Os proponentes dizem que os tamanhos de tela de 5,8 polegadas (iPhone X e XS) e 6,5 polegadas (iPhone XS Max), divulgados pela Apple, não estão corretos, porque não consideram os recortes arredondados nos cantos. O painel OLED do iPhone XS, por exemplo, teria “apenas cerca de 5,6875 polegadas” na diagonal.

A resolução também é alvo do processo. O iPhone XS tem display de 2436×1125 pixels, mas o texto ressalta que a tela “não usa pixels de verdade com subpixels vermelho, verde e azul”. Em vez disso, eles têm “apenas dois subpixels por pixel falso”, o que resultaria em uma contagem de 5.481.000 subpixels. Enquanto isso, o iPhone 8 Plus tem resolução menor, de 1920×1080 pixels, mas 6.220.800 subpixels.

O menor número de subpixels causa confusão, de acordo com os requerentes, identificados como Christian Sponchiado e Courtney Davis, porque “faz os consumidores acreditarem que o produto tem uma tela melhor do que realmente tem”. Além disso, a campanha de marketing da Apple diz que “os produtos têm telas superiores que celulares mais baratos, incluindo o iPhone 8 Plus, que tem pixels genuínos em sua tela, uma área de superfície retangular maior e é vendido por preços menores”.

Por ter cantos arredondados e um notch na parte superior para abrigar a câmera frontal e o Face ID, os novos iPhones não seriam “todo tela”, diferente do que diz a Apple. E, considerando que esses elementos roubam parte dos pixels, a área máxima ocupada por um retângulo seria de “apenas cerca de 2195×1125 pixels, o que é aproximadamente 10% menos que os 2436×1125 pixels” informados pela empresa.

Os autores querem que o caso seja julgado como uma ação coletiva. A Apple não se pronunciou sobre o assunto.

Faz sentido essa bagaça?

Na verdade, a própria Apple ressalta nas páginas dos iPhones que “a tela do iPhone XS tem bordas arredondadas que se ajustam ao design curvo do telefone dentro da sua forma retangular. Quando medida como um retângulo, a tela tem 5,85 polegadas na diagonal. A área real de visualização é menor”, embora sem especificar os números exatos de pixels e tamanho na diagonal considerando os cantos arredondados.

Isso, aliás, tem sido uma constante entre fabricantes que estão lançando smartphones com telas de cantos arredondados. A Samsung é mais específica ao informar o display do Galaxy S9: “Medida diagonalmente, o tamanho da tela é de 5,8” e medida como um retângulo cheio, o tamanho da tela é 5,6” considerando-se os cantos arredondados”.

E o esquema de pixels PenTile (dois pixels vermelhos, dois verdes e um azul), que faz o número de subpixels ser menor que em um painel RGB (um vermelho, um verde e um azul), não é nenhuma novidade. Um dos primeiros aparelhos a adotá-lo foi o Galaxy S III, em 2012, quando a tecnologia causou polêmica por exibir imagens imprecisas e nitidez questionável; a Samsung defendeu a escolha, dizendo que ele aumenta a durabilidade dos painéis AMOLED.

Esses problemas ficaram para trás — tanto que Samsung e Apple se alternam entre as marcas que lançam as melhores telas em smartphones, com o iPhone X ocupando essa posição, depois o Galaxy S9, o Galaxy Note 9 e o iPhone XS Max (não será nenhuma novidade se o Galaxy S10 também tiver “a melhor tela em um smartphone até agora” quando for anunciado). Todos eles têm em comum o fato de utilizarem telas OLED com esquema PenTile em vez do RGB. Fabricadas pela mesma empresa, inclusive.

¯\_(ツ)_/¯

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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