Vivo não quer leilão de frequências de 5G em 2019

Operadoras já disseram que não vão correr para implantar 5G no Brasil

Paulo Higa
Por
• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Antena / Torre celular / ERB

As operadoras brasileiras já comentaram que não pretendem correr com a implantação do 5G no país. Se depender da Vivo, nem mesmo as frequências da nova geração de redes móveis devem ser distribuídas tão cedo: a empresa diz que ainda tem metas para cumprir e não quer “de jeito nenhum” um leilão para 2019.

A declaração, publicada pelo Teletime, foi dada na segunda-feira (17) pela vice-presidente de assuntos corporativos da Telefônica, Camilla Tápias, em conversa com jornalistas. Tápias diz que, se o leilão for realizado com viés arrecadatório, “mesmo em 2020 será um problema”.

5G pode chegar ao Brasil só em 2021

As redes de quinta geração devem ser lançadas por aqui depois de 2021, quando o restante do mundo já tiver adotado a tecnologia. Ela exige mais antenas para cobrir uma mesma área, já que as faixas adotadas no Brasil poderão ser as de 3,5 GHz (alta frequência) e 26 GHz (ondas milimétricas). Frequências mais altas normalmente permitem velocidades maiores, mas têm penetração menor, o que prejudica a cobertura em ambientes internos.

O 5G, que eu sempre faço questão de lembrar que não é para você acessar a internet mais rápido no celular, promete velocidades superiores a 1 Gb/s e menor latência para a internet das coisas. As redes terão maior capacidade para dar conta de literalmente trilhões de dispositivos conectados, como carros, semáforos, equipamentos hospitalares, headsets de realidade virtual, lâmpadas ou qualquer outra coisa que tenha um circuito integrado.

Países como Estados Unidos e Coreia do Sul já começaram a ativar suas primeiras redes 5G. O problema da tecnologia no Brasil é que as operadoras ainda estão focando seus investimentos na expansão do 4G, que possui cobertura em 3.218 municípios pela TIM, 3.048 pela Vivo, 1.962 pela Claro e 840 pela Oi, segundo dados do Teleco. E as novas versões do 4G, como o LTE Advanced Pro (propagandeado como 4G+ ou 4,5G), ainda estão engatinhando no Brasil.

Diante disso, sobram poucos recursos para as operadoras implantarem o 5G no Brasil ou mesmo participarem de um leilão com fins arrecadatórios — que, pelo que se especula, será a intenção do novo governo, que precisa de dinheiro para equilibrar as contas públicas. O primeiro leilão de 4G, em 2012, arrecadou R$ 2,9 bilhões; para o 5G, é provável que vejamos cifras até menores.

Você deverá ler muitas notícias sobre testes de 5G (inclusive por parte das operadoras brasileiras) em 2019, mas o Brasil cheio de coisas conectadas só deve virar realidade mesmo lá para 2022.

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

Relacionados