Apple culpa China e troca de bateria por vendas fracas de iPhone

Apple diz que vendeu menos iPhones porque economia da China desacelerou, e porque clientes trocaram bateria do celular

Felipe Ventura
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
iPhone XS

A Apple vendeu menos iPhones do que esperava. O CEO Tim Cook lista uma série de fatores para esse resultado abaixo do prometido: a desaceleração econômica da China, as tensões comerciais com os EUA, e até mesmo o programa de substituição de baterias por R$ 149. Ele também parece reconhecer que os iPhones estão muito caros.

Para o primeiro trimestre, a Apple prevê receita de aproximadamente US$ 84 bilhões. Antes, a expectativa era um mínimo de US$ 89 bilhões. Essa diferença corresponde à receita menor do que o esperado em iPhones, principalmente na China.

A economia da China está desacelerando, com um dos mais baixos níveis de crescimento nos últimos 25 anos. Tim Cook acredita que o país “foi ainda mais afetado pela escalada das tensões comerciais com os EUA”; o presidente Donald Trump aumentou os impostos para produtos chineses.

No entanto, isso não se trata de algo restrito à China. Em países desenvolvidos, menos pessoas estão trocando iPhones antigos por novos. A Apple diz que isso aconteceu parcialmente devido a “aumentos de preço devido ao dólar forte” — ou seja, porque o celular está muito caro.

O iPhone XR começa em R$ 5.199 (US$ 749 nos EUA), enquanto o iPhone XS Max chega a até R$ 9.999 (US$ 1.449 nos EUA). A Apple disse que o iPhone XR é o celular mais vendido da empresa desde que foi lançado.

A empresa também alega que vendeu menos iPhones porque “alguns clientes aproveitaram os preços significativamente reduzidos para as substituições de bateria”. A Apple reduz a velocidade de iPhones ao longo do tempo: a ideia é evitar desligamentos inesperados. No ano passado, ela cobrou R$ 149 (em vez de R$ 449) para trocar a bateria do iPhone 6 ou superior após o batterygate.

Apple teve boas vendas de Mac, iPad, Watch e AirPods

No entanto, a Apple se saiu bem nas categorias fora do iPhone. Os wearables cresceram quase 50% ano a ano, porque o Apple Watch e os AirPods tiveram boas vendas no final do ano; os novos MacBook Air e Mac mini impulsionaram a receita; e o lançamento do novo iPad Pro fez a divisão de tablets crescer em dois dígitos.

As categorias fora do iPhone (Serviços, Mac, iPad, Wearables/Home/Acessórios) cresceram quase 19% em doze meses. E a base instalada de dispositivos ativos atingiu um novo recorde, crescendo em mais de 100 milhões de unidades ao longo do último ano. O lucro por ação também deve ser recorde.

Ou seja, a Apple não está exatamente em apuros, mas encontrou um limite para quanto pode cobrar pelo iPhone. O aparelho não vem mais com adaptador para fone de ouvido (vendido separadamente por R$ 79), e traz um adaptador USB de apenas 5 W (o carregador rápido sai por R$ 329).

As ações estão caindo 8% antes da abertura dos mercados.

Com informações: Apple.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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