Huawei é acusada formalmente de fraude pelos Estados Unidos

O governo americano acusa a Huawei, sua suposta afiliada Skycom e a diretora financeira presa em dezembro

Victor Hugo Silva
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Huawei

Após a prisão, em dezembro, de Meng Wanzhou, diretora financeira e filha do fundador da Huawei, o governo dos Estados Unidos formalizou a acusação contra a companhia. Segundo o Departamento de Justiça, a empresa responderá por crimes que vão de fraudes a violações de sanções.

A acusação pode ser dividida em três partes. Uma delas envolve a companhia chinesa e sua suposta afiliada Skycom. Ambas são acusadas de cometer fraude bancária e eletrônica e de violarem sanções dos EUA, além de conspirarem para cometer estes crimes e lavagem de dinheiro.

Outra parte da acusação envolve a Huawei e sua afiliada americana, que responderão por conspirarem para obstruir a justiça. Já Meng Wanzhou foi acusada pessoalmente de cometer fraude bancária e eletrônica, e de conspirar para cometer os dois crimes.

“A Huawei e sua diretora financeira infringiram a lei dos EUA e se envolveram em um esquema financeiro fraudulento que é prejudicial à segurança dos Estados Unidos”, afirmou o secretário de segurança nacional, Kirstjen Nielsen.

“Eles movimentaram deliberadamente milhões de dólares em transações que estavam em violação direta dos Regulamentos de Transações e Sanções do Irã, e tal comportamento não será tolerado”, prosseguiu.

O governo americano pede a extradição de Wanzhou para os Estados Unidos. Ela está no Canadá desde sua prisão em 1º de dezembro por pedido dos EUA. Poucos dias depois, com o pagamento de uma fiança de US$ 7,5 milhões, a executiva foi solta em liberdade condicional.

Meng Wanzhou: (Foto: CNN)

Meng Wanzhou: (Foto: CNN)

As autoridades ainda precisam comprovar as acusações contra a Huawei. Elas apontam que a empresa mentiu ao alegar, em 2007, que não tinha relação com a Skycom e seguiu mentindo, entre 2012 e 2013, após notícias apontarem uma ligação não-oficial entre as duas empresas.

Wanzhou, por sua vez, teria feito com que bancos americanos violassem, ainda que de forma indireta, as sanções impostas pelos EUA. De acordo com as acusações, a diretora financeira da Huawei usava as instituições para receber o dinheiro do Irã.

Em dezembro de 2018, a Huawei afirmou que segue as leis aplicáveis em todos os países em que opera, respeita controles de exportação e sanções comerciais, e aguarda uma solução para o caso. No mesmo mês, Meng alegou ser inocente e prometeu contestar acusações caso fosse extraditada para os EUA.

Atualização: a Huawei nos enviou uma resposta oficial, que segue abaixo:

“A Huawei está desapontada ao tomar conhecimento das acusações feitas contra a empresa hoje. Após a detenção da Sra. Meng, a empresa procurou uma oportunidade para discutir a investigação do Distrito Leste de Nova York com o Departamento de Justiça, mas a solicitação foi rejeitada sem explicação. As alegações do Distrito Ocidental de Washington sobre o indiciamento do sigilo comercial secreto já foram objeto de uma ação civil que foi resolvida pelas partes depois que um júri de Seattle não encontrou danos nem conduta intencional e maliciosa na alegação de segredo comercial.

A empresa nega que ela ou sua subsidiária ou afiliada tenha cometido qualquer das violações declaradas da lei dos EUA estabelecidas em cada uma das acusações. A empresa reitera que não tem conhecimento de qualquer delito cometido pela Sra. Meng e acredita que os tribunais dos EUA chegarão à mesma conclusão.”

Com informações: TechCrunch, Mashable, Reuters. Atualizado às 19h34.

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Victor Hugo Silva

Victor Hugo Silva

Ex-autor

Victor Hugo Silva é formado em jornalismo, mas começou sua carreira em tecnologia como desenvolvedor front-end, fazendo programação de sites institucionais. Neste escopo, adquiriu conhecimento em HTML, CSS, PHP e MySQL. Como repórter, tem passagem pelo iG e pelo G1, o portal de notícias da Globo. No Tecnoblog, foi autor, escrevendo sobre eletrônicos, redes sociais e negócios, entre 2018 e 2021.

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