Multilaser MS80X: consistente e comportado

Custando por volta de R$ 1 mil, smartphone Multilaser MS80X não é um primor do desempenho, mas traz hardware convincente

Emerson Alecrim
Por
• Atualizado há 11 meses
Multilaser MS80X

Se você estiver em busca de um smartphone que custe por volta de R$ 1 mil, talvez se depare com o Multilaser MS80X por aí. Seria apenas mais uma opção intermediária se não fosse por um detalhe inusitado: o modelo vem de uma marca que não está entre as mais lembradas quando o assunto é celular.

Por conta disso, o desconfiômetro vai lá para cima: será que o Multilaser MS80X presta? O modelo tem processador Snapdragon 450 e tela LCD de 6,2 polegadas. Avaliei essas e outras características durante três semanas. Conto o que descobri sobre ele nas próximas linhas.

Em vídeo

Design

A versão do Multilaser MS80X que eu recebi tem tampa traseira revestida de um material que parece vidro, mas, provavelmente, é acrílico. Porém, o detalhe que mais chama atenção é a camada metálica imediatamente abaixo. Ela tem um aspecto brilhante que dá um ar incomum ao aparelho.

Para quem, como eu, prefere um visual mais sóbrio, o MS80X tem opção de cor preta
Para quem prefere um visual mais sóbrio, o MS80X tem opção de cor preta

O problema é que o revestimento externo fica riscado com facilidade. Sem contar que as marcas de dedos aparecem aos montes ali. Felizmente, o Multilaser MS80X vem de fábrica com uma capinha de silicone. Curiosamente, a embalagem do produto também inclui duas películas para a tela: uma de plástico, outra de vidro temperado.

Multilaser MS80X

Com ou sem capinha, o celular se encaixa bem nas mãos. Mérito da superfície traseira que, apesar dos problemas que eu apontei, adere confortavelmente ao contato com os dedos. A relativa leveza do celular também ajuda: são 165 gramas.

Multilaser MS80X
As laterais são feitas de um material plástico bem rígido

No lado direito a gente encontra o botão de liga / desliga e os controles de volume. Existe um terceiro botão, no lado esquerdo, cuja função você pode escolhe nas configurações do sistema. No começo, achei desnecessário, mas programei o botão para acionar a lanterna e, bom, não é que acabei gostando disso? Também dá para fazer o botão abrir a câmera ou o Google Assistente, por exemplo.

Ali também está a gaveta para os dois SIM cards e o microSD. Só que ela é híbrida: ou você insere dois SIM cards ou um SIM card mais um microSD (de até 128 GB).

Multilaser MS80X

Por sua vez, a lateral inferior traz entrada para fones de ouvido — embora nenhum acompanhe o aparelho —, uma saída de som e, na minha opinião, um ponto negativo: uma porta micro-USB em vez de USB-C. Ok, não é tão negativo assim, mas acho um contrassenso insistir em um padrão que está caindo em desuso.

Ah, finja surpresa: o design do Multilaser MS80X remete aos iPhones mais recentes, em parte, por conta do notch. Isso nos leva ao próximo tópico.

Tela

Eu sou da turma do “tanto faz” quando o assunto é notch: não faço questão do recorte, mas também não me incomodo com ele. Exceto quando a implementação falha em algum aspecto. Um exemplo está na foto abaixo, que mostra o entalhe cortando a palavra “avião”.

Multilaser MS80X - notch

Tudo bem, não é um problema grave. Talvez, a área que sobra debaixo da tela incomode mais, afinal, ela dá uma certa assimetria à frente do celular.

Multilaser MS80X

Mas o que mais importa é a qualidade da tela. Nesse quesito, o smartphone não me decepcionou. Do tipo LCD IPS, o display tem 6,2 polegadas de tamanho, proporção 19:9 e resolução de 2246×1080 pixels.

A experiência de uso é bastante positiva: a tela exibe cores vívidas, o preto tem intensidade satisfatória para um painel LCD, a visualização sob ângulos variados gera pouca perda de tonalidades e o brilho máximo é forte o suficiente para você enxergar o conteúdo mostrado ali mesmo sob incidência direta de luz solar.

Multilaser MS80X ao lado de um iPhone XR (à esquerda)
Multilaser MS80X ao lado de um iPhone XR (à esquerda)

Não menos importante: o aparelho tem sensor de luminosidade e faz ajuste automático de brilho de modo rápido e preciso.

Todas essas características fazem da tela um dos pontos fortes do MS80X.

Software

O software do Multilaser MS80X é o Android 8.1 Oreo acompanhado de uma interface com modificações mínimas e poucos aplicativos complementares. Esse é um ponto positivo, na minha opinião. Não há efeitos de transição ou apps de finalidade duvidosa consumindo recursos do smartphone na surdina.

Repare que é possível "desativar" o notch ou configurar uma função para o botão da esquerda
Repare que é possível “desativar” o notch e configurar uma função para o botão da esquerda

Os app pré-instalados são os essenciais. Além das sempre presentes ferramentas do Google, o aparelho conta com gravador de voz, gerenciador de arquivos, rádio FM e player de mídia integrado ao gerenciador de arquivos (mas bem básico, é melhor instalar um VLC da vida).

Um dos poucos incrementos que o software do MS80X traz é a função de gesto inteligente. Com esse recurso ativado, basta arrastar o dedo da ponta superior esquerda até o meio da tela e, no quadrado que surgir, desenhar o gesto do recurso que você quer ativar.

Gestos no MS80X

Funciona bem, mas abrir aplicativos pelas vias convencionais continua sendo mais prático. A funcionalidade deve ter lá seus adeptos, porém, até porque também dá para fazer os gestos com a tela desligada.

Sobre uma possível atualização para o Android 9.0 Pie, a Multilaser informou que o update está nos planos, mas ainda não há prazo para isso.

Câmeras

Multilaser MS80X

Com sensor duplo de 5 mais 12 megapixels (sensor Sony IMX486), a câmera traseira do Multilaser MS80X consegue fazer registros decentes. O único senão é que, mesmo em boas condições de iluminação, o tempo de disparo costuma ser demorado, exigindo que você segure o celular com bastante firmeza para não gerar fotos borradas.

Foto registrada com o Multilaser MS80X
Foto registrada com o Multilaser MS80X
Foto registrada com o Multilaser MS80X

Observado esse detalhe, os resultados convencem. Em lugares claros, as imagens até apresentam algum nível de ruído e perda de definição, mas, na maioria das vezes, só prestando muita atenção para perceber esses detalhes.

A coloração é realista, embora o HDR possa fazer a foto ficar um pouco mais clara do que deveria em algumas situações. Mesmo assim, convém manter esse modo ativado ou em automático: o HDR cumpre bem o papel de deixar áreas de sombra mais visíveis.

Foto registrada com o Multilaser MS80X
Sem HDR
Foto registrada com o Multilaser MS80X
Com HDR
Foto registrada com o Multilaser MS80X
Sem HDR
Foto registrada com o Multilaser MS80X
Com HDR

O sensor adicional está ali para que você possa registrar fotos com fundo desfocado — dá para regular a intensidade no app de câmera. Os resultados são bons. Mas, de novo, é necessário ter um pouco de paciência: o tempo de disparo pode demorar ainda mais aqui.

Modo retrato com o Multilaser MS80X

Em condições de baixa iluminação, as imagens são, no máximo, ok. O ruído aparece com vontade e a perda de definição é muito mais perceptível.

Com iluminação reduzida acaba sendo muito fácil fazer fotos borradas ou com definição prejudicada
Com iluminação reduzida acaba sendo muito fácil fazer fotos borradas ou com definição prejudicada
 Foto feita com o Multilaser MS80X

Por sua vez, a câmera frontal é composta por um sensor Samsung S5K3P9 de 16 megapixels e, embora não pareça, vem acompanhada de flash LED. Dá para garantir boas selfies com ela. Há pouco ruído em boas condições de iluminação e o pós-processamento não é agressivo. Mesmo assim, você pode ajustar ou desativar o efeito de suavização.

Ah, a câmera frontal também faz fotos com fundo desfocado, só que auxiliado por software, o que significa que falhas não são raras nesse modo. Na selfie abaixo, note que o meu boné ficou bizarramente desfocado.

Selfie registrada com o Multilaser MS80X
Selfie "normal", sem ajuste de foco no fundo
Selfie “normal”, sem ajuste de foco no fundo

Mas esse é um pequeno detalhe. De modo geral, o Multilaser MS80X manda bem nas fotos, pelo menos se levarmos em conta a categoria intermediária do modelo.

Vale destacar que o aparelho também faz desbloqueio por reconhecimento facial. Até que o procedimento é rápido e funciona mesmo com condições medianas de luminosidade. Para quem não confia nesse modo, o sensor de impressões digitais está lá na traseira e funciona como o esperado.

Hardware e bateria

São 64 GB para armazenamento interno de dados, 4 GB de RAM e processador Snapdragon 450 de 1,8 GHz com GPU Adreno 506. O chip não está entre os mais ágeis, mas dá conta do recado, viu? Tudo o que eu testei rodou numa boa, sem travamentos ou fechamentos inesperados.

Vez ou outra, você pode notar certa demora na abertura de aplicativos ou no tempo de resposta de algumas funções — pode acontecer de você tocar em um menu, por exemplo, e o aparelho ficar “pensando” um pouquinho antes de abrí-lo. Mas não é nada que prejudique seriamente a experiência.

Desempenho no AnTuTu 7.1.4, 3DMark 2.0.4589 e Geekbench 4.3.2
Desempenho no AnTuTu 7.1.4, 3DMark 2.0.4589 e Geekbench 4.3.2

Para quem espera rodar jogos pesados, só será possível fazê-lo com desenvoltura, sem queda expressiva na taxa de frames, deixando as configurações gráficas no médio ou automático. Foi assim que eu consegui jogar Real Racing 3 e Unkilled sem me preocupar.

A bateria também me convenceu. Ela tem 3.500 mAh. No dia que eu a testei, rodei: Netflix com brilho máximo na tela (2h30min, aproximadamente), YouTube com brilho médio (cerca de 30 minutos), Real Racing 3 (15 minutos), Unkilled (15 minutos), redes sociais e Chrome (uma hora), Spotify via alto-falante (uma hora) e uma chamada (10 minutos).

Comecei os testes pela manhã, com a bateria em 100%. Por volta das 22:00, ainda havia 36% de carga. Bom, não é? Só o tempo de recarga que requer um pouco de paciência: precisei de 1h50min para fazer a carga ir de 17% para 100% com o carregador convencional que acompanha o smartphone. Não há suporte a recarga rápida.

Multilaser MS80X

Eu sempre aproveito o teste de bateria para avaliar a saída de áudio. Olha, o alto-falante do MS80X é ruinzinho: o som é um tanto abafado, distorce com certa facilidade e o volume máximo não é dos mais altos.

Conclusão

Quando peguei o Multilaser MS80X, não esperava muito dele. Mas o smartphone me surpreendeu positivamente. Ele não é perfeito em nenhum aspecto, mas a tela oferece boa experiência, as câmeras são decentes para a categoria, a bateria dá conta do recado e, ainda que o processador não seja dos mais rápidos, o aparelho apresenta desempenho geral consistente.

O preço oficial do MS80X é de R$ 1.199, mas, na data de publicação deste review, era possível encontrá-lo com desconto de R$ 200 no site da Multilaser (ou R$ 250 via boleto). Acho que ele vale um pouco menos, mas, por R$ 999, já dá para pensar no assunto.

Multilaser MS80X

Para quem não tem um perfil de uso muito exigente ou precisa de um smartphone secundário minimamente decente, o Multilaser MS80X aparece como uma opção interessante ou, pelo menos, capaz de brigar por um espaço no segmento intermediário.

Especificações técnicas

  • Bateria: 3.500 mAh;
  • Câmeras: traseira dupla de 5 + 12 megapixels (abertura f/2,0 neste último); frontal de 16 megapixels;
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11ac, GPS, Glonass, Beidou, Bluetooth 4.2, micro-USB, rádio FM;
  • Dimensões: 156 x 76 x 7,7 mm;
  • GPU: Adreno 506;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 128 GB;
  • Memória interna: 64 GB;
  • Memória RAM: 4 GB;
  • Peso: 165 gramas;
  • Plataforma: Android 8.1 Oreo;
  • Processador: octa-core Snapdragon 450 de 1,8 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, giroscópio, luminosidade, bússola, impressões digitais;
  • Tela: IPS LCD de 6,2 polegadas com resolução de 2246×1080 pixels e proporção 19:9.

Multilaser MS80X

Prós

  • A tela agrada bastante
  • Câmeras decentes para a categoria

Contras

  • Alto-falante fraquinho
  • Faltou um pouco mais de qualidade no acabamento
Nota Final 8.1
Bateria
8
Câmera
8
Conectividade
8
Desempenho
8
Design
8
Software
8
Tela
9

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Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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