Moto G7: o notch chegou ao smartphone mais famoso da Motorola

O Moto G7 é simples, mediano e não chama atenção em nada (nem no preço)

André Fogaça
Por
• Atualizado há 10 meses

Esse aqui é o Moto G7. Sem sufixo ou qualquer outra coisa. Só G7 mesmo, sucessor direto da linha de aparelhos que fez rios de dinheiro aqui no Brasil.

A linha Moto G é muito conhecida por aqui, principalmente por ter feito os concorrentes correrem com muita pressa para saber bater no sucesso que foi o primeiro Moto G. No G7 a fabricante trouxe tela de 6,2 polegadas, 64 GB de memória interna e 4 GB de RAM, em uma clara vontade de mostrar que um Moto G também pode ser alternativa para quem importa celulares da China.

Ele ganhou um notch e o deste modelo é o que menos me desagrada – sim, eu não gosto de notch e vejo que ele existe apenas para tentar dar mais tela, é uma gambiarra tecnológica. Pega um refri ou café, ajusta o volume e o brilho da tela do dispositivo que você segura para ler este review, que eu vou te contar nos próximos parágrafos se o Moto G7 vale a pena.

Em vídeo

Design e acabamento

Em 2019 o Moto G7 vem perdendo o ar requintado que já teve em outras gerações, principalmente no acabamento. A traseira parece vidro, mas é plástico. A tela tem notch, ou entalhe e é feito em formato de gota, o que faz o recorte ficar menos chamativo e deixa claro que a Motorola fez bem o serviço de espremer o falante frontal em uma área muito, mas muito fina.

Curti, mas detestei ver que há espaço na parte inferior e que tem o nome da fabricante lá, para sempre que o usuário pegar o aparelho, lembrar que é um Motorola. Que mania horrorosa essa, mas os concorrentes agradecem já que a nem a Sony coloca mais o nome da marca na frente do aparelho. Chega, né, Motorola.

A traseira encaixa bem nas mãos por conta da curvatura nas laterais e o calombo da câmera continua bastante chamativo. Ele faz sentido na linha Z, que serve de guia para o encaixe dos Moto Snaps. Por aqui é só para parecer um Moto Z, sem ser um. É só enfeite e a garantia de que a lente da câmera encosta primeiro em qualquer superfície – o que não é nada positivo.

Felizmente, a Motorola colocou uma porta USB-C, que dá um ar mais moderno pro conjunto, mas a velocidade de acesso dos dados é do padrão USB 2.0. Eu não vejo como um problema, principalmente com quase que tudo indo para nuvem. Certamente você não utilizará essa conexão para algo além de recarregar a bateria.

Por fim, outro ponto positivo é a bandeja do SIM card. Ela não é híbrida e isso significa que tem espaço o suficiente para dois chips de operadora e um cartão microSD. Todo mundo convivendo na paz, sem brigas ou reclamações de falta de espaço.

Tela e som

A tela é uma IPS LCD de 6,2 polegadas, com resolução de 2270 x 1080 pixels, que nada mais é do que o Full-HD esticado pra proporção de 19:9. A reprodução de cores é bastante fiel, tem como dar uma retocada para deixar tudo mais vivo ou mais pálido nas configurações e o nível de pretos é o que se espera de um painel LCD. Encaixa em sua faixa de preço, mas fica ofuscado por alguns modelos concorrentes com tela AMOLED, que ganha em praticamente qualquer ponto quando comparado ao cristal líquido do G7.

O alto-falante também é interessante para faixa de preço, mas peca muito ao ficar em um canto que você tende a tapar com facilidade quando está utilizando o aparelho na orientação paisagem, ou deitado. Isso é comum e quase sempre acontece em jogos, filmes ou quando você assiste este vídeo no YouTube.

Era só colocar o áudio do outro lado e, pronto. Problema resolvido. Não foi o que aconteceu. Alguns concorrentes ainda colocam a saída de som na lateral do aparelho, o que ajuda ainda mais – que saudade do Moto G2 e seu som estéreo saindo da frente do celular, que saudade!

Software e desempenho

A Motorola ficou famosa com uma experiência próxima do Android puro, mesmo que escorregando com alguns lançamentos que já chegavam com 50% da memória interna ocupada (não é, Moto X4?). O Moto G7 não sofre deste problema, mas também pega carona no visual limpo e isso é muito bom.

Durante a análise que fiz ele estava no Android 9 Pie, versão que já é entregue para o cliente assim que o smartphone é retirado da caixa. Neste momento você recebe o celular com pouquíssima coisa pré-instalada, fechando em 32 apps como o pacote do Google com destaque pro Chrome, YouTube e Maps, junto do App Box para apps brasileiros, Facebook, Dolby Audio e o Moto.

É neste aplicativo que toda a magia já manjada da Motorola acontece, como o excelente Ações, que permite ligar a lanterna ao agitar o aparelho, acionar a câmera ao fazer um movimento de acelerar uma moto, virar a tela para baixo para ativar o modo Não Perturbe e até remover os botões do Android para o padrão do Android 9 Pie. Os que mais gosto e acho que deveriam estar em todos os smartphones são o de ligar a câmera e a lanterna com gestos.

Tudo isso roda sem qualquer problema para quem não pensa em ter o suprassumo do desempenho em um aparelho. Se você vai ficar com o Chrome com algumas abas abertas, junto de um player de música no fundo, Facebook, Twitter por lá e o WhatsApp na tela, batendo papo com o crush, nada vai travar.

Ele vem com um Snapdragon 632 de oito núcleos, com velocidade máxima de 1.8 GHz e que é feito com litografia de 14 nanômetros, acompanhado de 4 GB de RAM, GPU Adreno 506 e 64 GB de espaço interno.

Mesmo quando eu estava com o Deezer aberto no fundo, escutando música com o fone de ouvido e na maior qualidade possível do streaming, enquanto que rolava a timeline no Twitter e alternava vez ou outra com o Telegram e WhatsApp, nenhum engasgo apareceu. Tudo numa boa, mas que pode não continuar assim daqui uns dois anos.

Em jogos eu testei o PUBG, Super Mario Run e Asphalt 9. O mais recente de todos, Asphalt 9, rodou por padrão com as configurações gráficas em um passo abaixo do máximo possível. Rodou bem e não demonstrou qualquer engasgo em todas as pistas. Subi ao máximo que o app permite nos gráficos e a jogabilidade continuou a mesma, só com a sensação de que os quadros por segundo caíram – não para algo abaixo de 30, o que é bom.

Super Mario Run, bem mais simples e leve, rodou tão bem como faz em praticamente qualquer smartphone recente. PUBG foi com menos facilidade, ajustando automaticamente os gráficos para a menor qualidade possível, mas que garantiu fluidez durante toda a partida e nenhum travamento foi notado. Rodou sem problemas.

Bateria

Tudo isso consome bastante energia e por aqui são 3.000 mAh de carga. É o suficiente para segurar durante todo o dia, com música durante mais de uma hora no Deezer (em streaming no 4G, sem música offline), alguns bons minutos do dia no Facebook e Instagram, um pouco menos no Telegram e WhatsApp, junto de 10 minutos de jogos, um episódio inteiro de podcast (de uma hora) e 15 minutos de vídeo.

Com este perfil de uso, eu consegui sair de casa com 100% e voltar no fim do dia com algo perto dos 25%.

Uma fama da Motorola é de colocar carregadores rápidos na caixa, sem custo extra e que salvam a vida. É, o deste modelo é realmente veloz no começo da recarga, mas acabou levando uma hora e vinte minutos para recarga completa. O que me chamou atenção foi que em menos de 40 minutos a bateria saiu de 0% para 60%.

Câmeras

Na parte traseira ficam duas lentes, mas você acaba usando somente uma. Isso significa que o sensor principal é o responsável pela imagem que aparece no app da Motorola para tirar fotos, com o secundário apenas trabalhando quando o modo retrato é ativado. A lente principal é de 12 megapixels e trabalha com abertura de f/1,8, enquanto que a secundária é de 5 megapixels e vai de f/2,2.

Os resultados das imagens não espantam e nem me deixaram desanimado. É o que se espera de um Android intermediário. Em boas condições de luz as cores são vivas (talvez um tiquim mais do que deveriam), o HDR trabalha de forma eficaz e ruído é algo quase que inexistente.

Já em fotos noturnas o ruído aparece com vontade, mas em quantidade aceitável para um intermediário que não tem pretensões de mostrar que topo de linha é desnecessário.

Existe um modo automático de baixa luz que dá uma suavizada em tudo, e a imagem final mais parece uma aquarela do que uma foto.

A câmera frontal é de 8 megapixels e tem abertura de f/2,2. Mesmo sendo uma lente solitária, os resultados no modo retrato são interessantes e os recortes acertaram na maioria das vezes que testei. De resto é…uma câmera frontal mediana, sem nada de especial e nada abaixo de sua concorrência.

Conclusão

O Moto G7 continua como uma ótima escolha para quem ama a linha que começou como um dos melhores em custo-benefício no Brasil. Ele não tem mais este ponto positivo no preço, mas continua entregando uma experiência bastante interessante. A posição do alto-falante é muito ingrata e o acabamento poderia ser de melhor qualidade. No preço de lançamento, a Motorola cobra R$ 1.599.

Como sempre, comprar nos primeiros meses após o início das vendas é uma péssima ideia, já que neste mesmo momento da gravação deste vídeo, que aconteceu na primeira semana de março de 2019, é possível encontrar o Moto Z3 Play, sem nenhum Snap, por apenas R$ 20 extras. Ele é melhor do que o G7 em literalmente tudo. Com essa diferença de preço, é impossível recomendar o Moto G7.

Quando a concorrência entra na jogada, realmente o Moto G7 consegue mais destaque e fica abaixo do preço de outros aparelhos. Neste ponto ele vale, mas só neste.

Se você realmente quer e precisa do Moto G7, minha recomendação é de esperar uns três meses. Neste tempo o mercado obriga a Motorola a derrubar o valor e quando ele chegar por aproximadamente R$ 1,2 mil, começa a vale a pena. Se você quer um Motorola pelo preço de lançamento do G7, vai de Z3 Play.

Especificações técnicas

  • Bateria: 3.000 mAh;
  • Câmera traseira: 12 megapixels com abertura f/1,8 e 5 megapixels com abertura f/2,2;
  • Câmera frontal: 8 megapixels com abertura f/2,2;
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, GLONASS, GALILEO, Bluetooth 4.2, USB-C, rádio FM;
  • Dimensões: 157 × 75,3 x 8 mm;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 512 GB;
  • Memória interna: 64 GB (~50 GB livre);
  • Memória RAM: 4 GB;
  • Peso: 172 gramas;
  • Plataforma: Android 9 Pie;
  • Processador: octa-core Snapdragon 632 de 1,8 GHz;
  • GPU: Adreno 506;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, giroscópio, luminosidade, impressões digitais, bússola digital;
  • Tela: IPS LCD de 6,2 polegadas com resolução de 2270×1080 pixels (~405 ppi).

Moto G7

Prós

  • Notch tenta fingir que não está lá
  • Bastante memória interna
  • Tela é boa para um painel LCD

Contras

  • Alto-falante em posição ingrata
  • Pequena diferença de preço entre ele e o Moto Z3 Play
  • Acabamento já foi melhor
Nota Final 8.4
Bateria
8
Câmera
8
Conectividade
8
Desempenho
9
Design
9
Software
9
Tela
8

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André Fogaça

André Fogaça

Ex-autor

André Fogaça é jornalista e escreve sobre tecnologia há mais de uma década. Cobriu grandes eventos nacionais e internacionais neste período, como CES, Computex, MWC e WWDC. Foi autor no Tecnoblog entre 2018 e 2021, e editor do Meio Bit, além de colecionar passagens por outros veículos especializados.

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