DJI Osmo Pocket: ótima câmera compacta que precisa de refinamentos

O Osmo Pocket surpreende por ser (muito) pequeno e leve, mas escorrega em alguns pontos importantes.

André Fogaça
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• Atualizado há 10 meses

O Osmo Pocket é uma versão miniaturizada do Osmo, que utiliza uma câmera grande em um gimbal grande. A versão Pocket tem como objetivo bater em um mercado de câmeras de ação que é dividido entre GoPro e Sony, principalmente com a GoPro Hero 7 Black – que diz que é hora de aposentar o gimbal.

Ele filma em até 4K com 60 quadros por segundo e faz fotos de 12 megapixels, com a ajuda de um gimbal de três eixos e um conjunto ótico que lembra muito, muito mesmo o tamanho da câmera do drone Mavic Air da mesma fabricante. A abertura da lente por aqui é de f/2.0.

Será que ele é realmente um divisor de águas para câmeras de ação ou câmeras compactas? Senta, relaxa as pernas e pega um copo d’água, que eu te conto nos próximos parágrafos.

Em vídeo

Design e acabamento

A primeira coisa que chama atenção nesta pequena câmera é que ela é pequena. Mais alta do que uma GoPro (com 12 centímetros), só que encaixa melhor no bolso e nem faz muito volume por lá. A fabricante chinesa sabe que você vai colocar o DJI Osmo Pocket no bolso e inclui um pequeno case que protege tanto o motor do gimbal, como a lente e a tela.

Ele é rígido, tem um furo pro cabo recarregar a bateria e tem um espaço para colocar uma alça, que eu acho que está no lugar errado. Claro que é interessante e importante ter uma forma de não deixar uma câmera tão pequena cair das mãos, mas talvez a alça deveria estar na câmera e não na capa protetora.

Enfim, o corpo do gadget inteiro é feito em plástico e com material que passa a sensação de robustez. Mais ou menos na mesma pegada de uma GoPro ou da câmera de ação da Sony, mas seu principal ponto forte também é seu ponto fraco: o gimbal.

Ele garante que uma enorme parte do movimento será cancelado e isso entrega um vídeo estável, só que eu já tive um Osmo Mobile, aquele que utiliza o celular como câmera, e vi o gimbal caindo da altura da minha barriga. Isso aconteceu no ano passado e até hoje ele não segura mais o peso do mesmo smartphone que estava lá. Alguma coisa quebrou e eu fiquei com preguiça de arrumar.

Enquanto a concorrência conta com corpo resistente a quedas, o pequeno gimbal deixa claro que se cair, vai quebrar. Além disso, ele não tem nenhuma proteção contra água, mas você pode comprar um case que oferece essa função. Estes pontos de fragilidade tiram a parte da ação, de uma câmera de ação. O que não é bom.

Voltando para o corpo, a pegada é muito confortável e a tela pequenina ajuda na hora de não sair tocando onde não deve, durante uma filmagem. Abaixo dela ficam os dois únicos botões e um conector que faz um smartphone Android ou iPhone ser a tela do Pocket.

Modos de fotografia e vídeo

Falando dela, a tela do produto é de uma polegada e é o mínimo necessário para dar alguma noção de enquadramento e ajustar algumas configurações. O problema é que ela é pequena demais para passar informações importantes, como se o objeto está focado.

Eu fiz um timelapse direto do Pocket, achando que estava focado, mas não estava e eu não notei isso no visor. Colocar o smartphone no conector ajuda e resolve este problema, dando até mais funções e mais controles sobre o que é registrado.

Mas, deixar o smartphone lá tira a parte Pocket do nome, ele deixa de ser extremamente portátil e vira apenas um pouco mais portátil do que uma solução de celular e gimbal.

Ligando a câmera você pode fotografar, filmar, fazer um timelapse e colocar tudo em câmera lenta. Tem um modo chamado Story, que não faz nada para o Instagram, mas que cria alguns cortes interessantes pra ligar vários takes separados.

As fotos contam com bom alcance dinâmico, mas não escondem áreas muito escuras ou muito claras. Dá para fazer um panorama com várias fotos tiradas em sequência e que são coladas.

O aplicativo da DJI ainda elimina pessoas que aparecem em mais de uma foto, o que é bom. O problema é que não há um trabalho intenso de HDR, ou algo do tipo, no arquivo final. Isso significa que você pode começar com uma foto com luz adequada, mas que fica estourada na última parte do panorama.

Em vídeos eu também senti a falta de HDR melhor, como os drones da própria DJI já possuem. Ele é bom para uma câmera tão pequena, mas fica abaixo do que consegue uma GoPro. O gimbal sempre ajuda muito na estabilização em todos os momentos, mesmo quando eu caminhava sem pensar duas vezes em não reduzir impactos.

Estes pontos na imagem são apenas ruins por conta da concorrência, mas o áudio gravado pelo microfone me deixou realmente desanimado. Tudo bem que uma GoPro também não é a melhor coisa do mundo na captura de áudio, mas o DJI Osmo Pocket consegue ser pior.

Felizmente dá para colocar um microfone externo e resolver este ponto. Ele ainda tem um ótimo recurso que segue o rosto de quem é filmado, o que é perfeito para quem está fazendo um vlog sozinho.

Falando nisso, o Higa estava de viagem marcada para cobrir o lançamento do Galaxy S10 e eu resolvi deixar o Pocket nas mãos dele, sem falar nenhum ponto pra influenciar na opinião que ele me passaria. Segue o relato que ele me passou:

Higa: “Eu usei o Osmo Pocket para gravar os bastidores do lançamento do Galaxy S10 em San Francisco (e eles provavelmente nunca serão publicados, então estas serão as únicas imagens que você deve ver aqui no Tecnoblog). Minhas impressões foram mais negativas do que positivas.

Olhando pelo lado bom, o Osmo Pocket surpreende pelo tamanho extremamente compacto. Você carrega no bolso uma câmera que grava em 4K com boa definição; uma bateria melhor que o da GoPro Hero 7 (talvez por causa da telinha econômica do Osmo Pocket); e ainda um gimbal de verdade. Não tem jeito: a estabilização eletrônica das câmeras de ação está chegando perto de um gimbal, mas ainda não é um gimbal.

Só que ele traz alguns pontos negativos bem relevantes. O primeiro surge logo na hora de ligar o Osmo Pocket: ele demora quatro ou cinco segundos para fazer a dança do gimbal e ficar pronto para gravar. Isso me deixava com receio de perder algum momento importante, então eu deixava a câmera ligada mais tempo do que deveria, gastando mais bateria.

Em segundo lugar, a tela do Osmo Pocket é tão pequena que atrapalha o manuseio. É difícil controlar o gimbal e ver o enquadramento — só fica bom acoplando um celular nele, mas você perde a principal vantagem da câmera, que é a portabilidade. A questão do enquadramento é ainda mais importante nesse caso porque, infelizmente, ele não tem uma lente grande angular como o da GoPro, com campo de visão mais amplo.

E, por fim, a qualidade de gravação foi um misto de sensações. O alcance dinâmico é ok, as cores são decentes e a definição é ótima. Só que o Osmo Pocket peca em um ponto bem importante, que pode colocar tudo a perder: o foco é meio traiçoeiro e às vezes borra o que está em primeiro plano. Eu conseguia corrigir o foco tocando na tela — mas, como vocês sabem, ela é minúscula, então também não é muito prático.

O DJI Osmo Pocket me parece uma excelente ideia, mas é um produto de primeira geração que tem várias falhas. Quem sabe na próxima?”

Ok, voltando para o lado de cá, a bateria é o último ponto e ela realmente cumpre o prometido. A DJI diz que dá para gravar em 4K com 30 quadros por segundo por até duas horas, com uma só carga que é de 875 mAh. Nos testes eu cheguei perto desta marca e o Osmo Pocket nem reclamou quando esquentou – ele esquenta bastante, mesmo com poucos minutos de vídeo.

Conclusão

O Osmo Pocket é a melhor coisa que aconteceu recentemente em câmeras portáteis. Ter um gimbal mecânico ainda é a melhor escolha para deixar os vídeos firmes, mas parte móvel sempre é ponto fraco na estrutura. Isso acaba deixando de lado a parte de câmera de ação que ele tenta ser. Com case extra até que dá para tentar, mas a GoPro faz isso logo direto da caixa – além de resistir ao mergulho.

Me decepcionou o HDR, que é melhor nos drones da DJI do que no Pocket, que não é nada barato. O áudio também pode melhorar bastante. Quem sabe no segundo Osmo Pocket, né? Hoje, sinceramente, eu ainda prefiro comprar uma GoPro Hero 7 Black, que custa US$ 50 a mais do que o Osmo Pocket e é melhor em muitos pontos – perde por não ter um gimbal e por trabalhar com bateria de menor autonomia.

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André Fogaça

André Fogaça

Ex-autor

André Fogaça é jornalista e escreve sobre tecnologia há mais de uma década. Cobriu grandes eventos nacionais e internacionais neste período, como CES, Computex, MWC e WWDC. Foi autor no Tecnoblog entre 2018 e 2021, e editor do Meio Bit, além de colecionar passagens por outros veículos especializados.

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