Livro Cem Anos de Solidão vai virar série na Netflix

Netflix conseguiu o que parecia impossível: levar Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez, para as telas

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Cem Anos de Solidão

Ao longo das últimas décadas, não foram poucos os produtores que tentaram levar Cem Anos de Solidão para o cinema, sem sucesso. Conseguir os direitos para transformar a icônica obra do escritor colombiano Gabriel García Márquez em série é um feito e tanto, consequentemente. Feito que a Netflix está celebrando.

Cem Anos de Solidão foi publicado pela primeira vez em 1967. Estima-se que, desde então, 50 milhões de cópias do livro tenham sido vendidas no mundo todo — a obra foi traduzida para pelo menos 46 idiomas. Tamanho sucesso ajudou Márquez a conquistar numerosos prêmios e reconhecimentos, entre eles, o Nobel de Literatura de 1982.

Por ser tão aclamada, Cem Anos de Solidão parecia ter um caminho natural rumo às telas, até porque Gabriel García Márquez teve vários trabalhos ligados ao cinema em sua carreira. Mas a verdade é que o escritor sempre resistiu às adaptações cinematográficas de sua obra mais preciosa. A pergunta é: por quê?

Várias publicações de Márquez foram levadas para o cinema, como O Amor nos Tempos do Cólera e Crônica de uma Morte Anunciada, mas Nicolás Pernett, pesquisador especializado nas obras do escritor, explicou à BBC que, de certa forma, o autor escreveu Cem Anos de Solidão para ser de difícil adaptação às telas.

Havia entre as convicções de Gabriel García Márquez a premissa de que os leitores devem imaginar os personagens como quiserem, sem ter rostos de atores famosos como referência. Além disso, ele temia que uma adaptação de uma obra literária tão complexa não correspondesse às expectativas, a exemplo do que aconteceu com outras de suas publicações que foram parar nos cinemas.

Gabriel García Márquez faleceu em 2014. Coube aos filhos Rodrigo e Gonzalo García aceitar a proposta da Netflix. Por um tempo, eles também resistiram à ideia de adaptar Cem Anos de Solidão para as telas. Porém, Rodrigo García explicou que o momento é favorável para uma série por conta da qualidade das produções atuais e da maior aceitação do público por conteúdo televisivo em idiomas diferentes do inglês.

A questão do idioma é uma das exigências para o licenciamento. A série terá que ser gravada em espanhol. Não que isso seja um problema para a Netflix: o sucesso de produções como Narcos e Roma deixa a companhia confortável para fazer de Cem Anos de Solidão uma grande produção no idioma.

Gabriel García Márquez (foto: Yuri Cortez/Telam)

Gabriel García Márquez (foto: Yuri Cortez/Telam)

Criar uma série sobre uma obra tão sofisticada é que não vai ser tarefa fácil. A história contada em Cem Anos de Solidão se passa em Macondo, cidade fictícia fundada pelo casal José Arcadio Buendía e Úrsula Iguaran. Mas esse é só o começo do começo.

De certo modo, a obra é uma metáfora da situação social e política da América Latina retratada nas várias gerações da família Buendía. O número de personagens que vão surgindo é tão grande que uma árvore genealógica acaba sendo essencial para a compreensão da obra. Pode ter certeza de que a equipe responsável pela adaptação vai perder várias noites de sono.

Os valores relacionados ao licenciamento não foram divulgados. A série será gravada prioritariamente na Colômbia. Rodrigo e Gonzalo García participarão como produtores-executivos. Rodrigo, aliás, tem experiência no assunto: ela dirigiu capítulos de Os Sopranos e o filme Últimos Dias no Deserto, por exemplo.

Ainda não há data para Cem Anos de Solidão estrear na Netflix.

Com informações: El País.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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