Samsung Chromebook Plus V2: um Chrome OS com requinte

Corpo em alumínio, apps de Android e um computador que consegue quase 10 horas com o Chrome aberto. Este é o Chromebook Plus V2 da Samsung.

André Fogaça
Por
• Atualizado há 10 meses

Este é o Chromebook Plus de segunda geração da Samsung. Por mais que este modelo esteja em sua segunda geração, a Samsung não trouxe a primeira versão pro Brasil. Então, bem, este é o primeiro Chromebook Plus da marca por aqui.

O modelo tem tela Full HD de 12 polegadas em proporção de 16:10, processador Intel Celeron de dois núcleos, 4 GB de RAM e 32 GB de espaço interno. Ele roda o Chrome OS, aceita aplicativos de Android nativamente e eu te conto nos próximos parágrafos se ele pode ser um substituto para seu notebook Windows, ou se é melhor deixar apenas como um segundo computador.

Em vídeo

Design e acabamento

O Plus do nome deste Chromebook não é à toa. O modelo tem objetivo de chamar atenção, de ser mais do que apenas um computador simples e de plástico. Todo o acabamento tem laterais levemente arredondadas, sem pontas ou rebarbas. É quase o mesmo visual dos computadores da linha Style da Samsung e que rodam Windows.

Toda a parte externa é feita em alumínio, com exceção da parte inferior que é de plástico. Poderia ser um ponto negativo, mas como em momento algum do uso eu encosto ou vejo essa parte, então dá pra ignorar. As curvas ainda ajudam neste esquecimento, já que a linha que separa o plástico do alumínio também fica pra baixo, longe de qualquer olhar.

Esta geração pesa um pouco mais do que a primeira e eu falo isso com propriedade: eu tenho o primeiro modelo. A versão que chegou ao Brasil é mais pesada, mais grossa, pouco maior e em cor mais escura. Ele tem mais ou menos 1,33 quilo e espessura de 1,5 centímetro. Na cor agora ele é menos prata e mais grafite, mesmo sem ser grafite.

Em conexões, uma evolução! O modelo anterior tinha apenas duas portas USB-C, uma escolha moderna, mas que me obrigava a andar sempre com um adaptador para transformar uma das portas em USB-A. Neste modelo mais recente ambas as portas ainda existem, mas uma USB tradicional foi adicionada e meu dongle já pode ser utilizado em outros aparelhos.

Existe ainda um leitor de cartões microSD, uma caneta que não é tão sensível quanto a S Pen dos Galaxy Note, mas que consegue detectar mais de 4 mil níveis de pressão, além da inclinação em relação a tela. Dá pra desenhar com bastante precisão.

As portas USB-C servem como entrada de energia do carregador. Qualquer uma delas. Este é um ponto muito positivo, mas olha só (na foto abaixo) o tamanho deste carregador. O com fio maior, em duas partes é da segunda geração. O menor, mais pra cima e com cara de carregador de celular mais gordo é da primeira geração.

Sério, Samsung?! Precisava fazer isso e tornar o carregador um trambolho?

Enfim, o teclado é bastante completo e pouco apertado. Ele não vem com “Ç” e está no padrão inglês internacional. Um pouco de prática e tudo funciona bem (mais fácil pros usuários que já utilizam Macs, por exemplo). A digitação é confortável, mas ele ainda não tem iluminação nas teclas e isso faz uma falta enorme em muitas situações.

E olha só o lugar dessa câmera traseira. É, se você virar o teclado, ela fica na parte traseira e, Jesus, sério, esquece que ela existe. A localização no teclado quebra todo o visual arrojado do conjunto. Ponto negativo!

Tela e multimídia

A tela mudou da geração anterior para essa. Ela perdeu resolução e agora é Full HD (antes tinha 2.400 x 1.600 pixels), a proporção também foi alterada, deixando de ser 3:2 pra ficar em 16:10. Eu prefiro 3:2, mas 16:10 fica melhor pra consumir vídeos e filmes. Já 3:2 é boa para sites da web e fotos. É, eu me acostumo com isso um dia.

O curioso é que o Chrome OS não altera a resolução, mantendo a proporção do tamanho dos ícones e da interface. Deixar em 1.920 x 1.200 pixels faz a leitura ficar impossível até mesmo pra quem não tem problemas com algo próximo da vista. Eu acabei utilizando em 1.600 x 1.000 pixels, que é onde a leitura fica minimamente confortável – mas minha vista parou de reclamar por completo em 1.412 x 882 pixels.

O brilho também não é o mesmo, diminuindo um pouco. São 300 nits, mais do que o suficiente para todas as situações de rua e Sol na cabeça. Neste ponto o downgrade é aceitável, já que diminui o consumo de energia. Olhando pras cores, elas são exibidas como o que se espera de um computador que não é dos mais caros. As bordas me incomodam, mas volto pro ponto de um “intermediário menos caro”. É, fica aceitável.

O som é….ele tá lá. Era ruim na versão anterior e melhorou um pouco por aqui. Muito agudo e com total ausência de graves, mas sem distorção quando o volume sobe. Dica: utilize fones de ouvido enquanto a entrada para eles ainda existe.

Desempenho e bateria

Por dentro, controlando tudo isso, tem um Intel Celeron 3965Y que roda dois núcleos em até 1.3 GHz, acompanhado de 4 GB de RAM LPDDR3 e 32 GB de eMMC. Pode parecer pouco para um Windows, mas no Chrome OS é o suficiente pra uma quantidade generosa de apps do Android instalados, desde que você não baixe muitos filmes do Netflix pra memória interna.

Ele não é um monstro da velocidade, mas o tempo de boot é sempre menor do que um Windows – afinal de contas, ele liga o computador que serve para rodar o Chrome e é isso. Se você quer abrir um app do Android, precisa esperar um pouco até que tudo esteja nos conformes.

E, sim, eu falei Android duas vezes. Este Chromebook vem com a Play Store e muitos apps de Android estão por aqui. Eu utilizo alguns deles com frequência, como o Telegram, Spotify, Netflix, Gmail, Slack e até alguns jogos. Este Chromebook não é feito pra eles, mas dá pra rodar Asphalt 9 com alguns engasgos ou jogos mais simples sem essa reclamação.

Como tem teclado e touchpad, e uma porta USB, eu tentei jogar PUBG com teclado e mouse e funcionou mais ou menos. O teclado é reconhecido, controla o movimento do personagem e o mouse serviu apenas pra emular os toques na tela. Deu para clicar e arrastar com o ponteiro e, com isso, controlar a câmera, mas não os disparos. A taxa de quadros por segundo estava boa? Mais ou menos, cai com frequência, mas dá pra jogar se você quiser.

Além de apps Android, o Chrome funciona sozinho. O Chrome OS é isso, um computador inteiro que utiliza o Chrome e que tem exatamente as mesmas funções do Chrome do seu PC – sem qualquer limitação, como o que acontece com o browser em um tablet Android ou no iPad, por exemplo.

Isso significa que há um gerenciador de arquivos com acesso aos arquivos que estão no Gogole Drive, calculadora, editor de texto offline, Google Docs completo e com suporte pra arquivos offline e tudo que você pode encontrar no Android.

Isso inclui o pacote Office, Photoshop Express e até o VLC para assistir filmes ou escutar músicas. Tudo isso sem depender de internet, já que não são webapps. Durante todo o tempo que testei este Chromebook, ele foi meu computador de trabalho. Tudo que eu precisava rodou nele, seja um documento do Word, acesso ao Tecnoblog pelo navegador e até publicar este review sem um Windows por perto.

Ele é tão bom assim, dá pra jogar fora o PC com Windows? Ainda não. É mais ou menos a mesma situação de um tablet Android, só que com navegador mais completo. Você vai esbarrar em alguma limitação, como a impossibilidade de instalar algum programa específico e vai sentir falta do Windows ou do Mac OS.

Os apps de Android diminuem a linha que me faz ainda precisar de um PC, até mesmo pra declarar o imposto de renda que pode ser feito no Chromebook, com o app da receita federal. Mas ainda não dá e os aplicativos são versões limitadas dos programas que você pode ter em um computador.

Enfim, a bateria é de 39 Wh e isso é o suficiente pra algo entre 8 e 9 horas de uso com o Chrome aberto (poucas abas, perto de quatro ou cinco), além de Telegram e Gmail rodando como apps de Android no fundo. Baixando o brilho e economizando nas abas dá para chegar em 10 horas, sem qualquer dificuldade.

Conclusão

Tudo isso funciona muito bem em um segundo computador e que ainda não é um substituto pra um PC. O problema é que ele chegou ao Brasil custando R$ 3,5 mil, no ano passado. Hoje, durante a elaboração deste review, já dá pra encontrar o Chromebook Plus por mais ou menos R$ 2,7 mil em alguns varejistas. O preço realmente é pesado até lá fora, onde ele foi lançado por US$ 500 (o que dá uns R$ 2 mil), mais do que muito notebook com Windows e que roda bem o básico, que é o que este Chromebook oferece. O básico.

Se você pensa em um computador mais portátil e consegue viver apenas com o navegador de internet, ele pode ser um segundo computador que tem bateria que vai durar mais do que um notebook Windows. Tem apps Android pra tampar a falta que fazem alguns programas, mas é caro pra ser tão limitado.

Se você quer traçar um comparativo, pense que este Chromebook é um tablet Android, com Chrome sem qualquer limitação e que tem teclado confortável. É isso.

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André Fogaça

André Fogaça

Ex-autor

André Fogaça é jornalista e escreve sobre tecnologia há mais de uma década. Cobriu grandes eventos nacionais e internacionais neste período, como CES, Computex, MWC e WWDC. Foi autor no Tecnoblog entre 2018 e 2021, e editor do Meio Bit, além de colecionar passagens por outros veículos especializados.

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