AKG N700NC: um fone com cancelamento de ruído mais neutro

Headphone com cancelamento de ruído ativo da AKG é vendido pela Samsung por R$ 1.699

Paulo Higa
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• Atualizado há 10 meses
Fone AKG N700NC

Faz dois anos que a Samsung comprou a Harman, dona das marcas AKG e JBL, em uma transação bilionária. E os resultados começaram a aparecer no Brasil: o AKG N700NC é um headphone com cancelamento de ruído ativo para quem quer ouvir música no avião ou no ônibus sem ser incomodado pelo barulho das turbinas e motores.

Com preço sugerido de R$ 1.699, ele compete diretamente com outros fones de ouvido premium, como o WH-1000XM3 da Sony, que é bastante elogiado em todos os lugares. Será que o modelo da AKG é bom mesmo? Eu testei o N700NC por um mês, em 30 horas de voo, e conto minhas impressões nos próximos minutos.

Análise do fone AKG N700NC em vídeo

Design e conforto

Fone AKG N700NC
Fone AKG N700NC

O N700NC é construído principalmente em plástico, com um acabamento fosco prateado, mas tem partes em metal, bordas chanfradas cromadas em torno dos falantes e uma espuma macia coberta com um material que imita couro. Tudo isso contribui para dar uma impressão de sofisticação, sem contar que a AKG prestou atenção nos detalhes: existe uma faixa numerada nas laterais para ajustar o tamanho dos headphones de forma precisa.

Fone AKG N700NC
Fone AKG N700NC

O fone de ouvido é dobrável e pode ser facilmente transportado na capa que a AKG envia com o N700NC: ela é revestida em tecido, tem um corpo bem rígido e traz um compartimento interno para armazenar os cabos. Além do fio padrão de 3,5 mm, dentro da caixa tem um cabo Micro USB para recarregar a bateria e um adaptador de duas pontas para usar no avião.

Fone AKG N700NC
Fone AKG N700NC

Ele não chega a ser desconfortável, mas é menos confortável que as minhas referências na área, o Sony WH-1000XM3, o Sony WH-1000XM2 e o Bose QuietComfort 35 II. Isso se dá pelo fato de que o AKG é um pouco mais pesado, com 261 gramas (contra 234 gramas do Bose que costumo levar nas viagens), mas principalmente porque o N700NC tem um ajuste mais firme, fazendo mais pressão na cabeça. Ainda assim, consegui usar e até dormir com os fones por 10 horas sem reclamar.

Software e funções

Todo o controle do N700NC é feito por meio de botões físicos. Do lado esquerdo, você pode pausar ou avançar a música e diminuir ou aumentar o volume. Na direita, existe um seletor de liga/desliga (é só segurá-lo por três segundos para entrar no modo de pareamento) e também um botão configurável com um LED azul, que a AKG chama de Smart Ambient.

Fone AKG N700NC
Fone AKG N700NC

Esse botão configurável pode fazer uma das duas funções possíveis. No modo Ambient, basta pressionar para ouvir o que está acontecendo em volta — o N700NC usa os microfones para deixar parte do som ambiente passar. Já no modo TalkThru, além de ouvir o som ambiente, a música que estiver tocando fica no mudo, para que você consiga conversar com alguém. Não é tão prático como no Sony, em que basta cobrir um dos lados com a mão, mas funciona.

Além de permitir a configuração do botão Smart Ambient, o aplicativo da AKG mostra o nível de bateria, tem um equalizador integrado e traz um recurso para desligar automaticamente o headphone se nenhum som estiver tocando, o que ajuda a economizar energia.

Qualidade de som, cancelamento de ruído e bateria

Fone AKG N700NC

Eu pensei muito sobre a qualidade sonora do AKG N700NC: ele é bom, mas ainda não sei se faz sentido. Explico: diferente dos headphones com cancelamento de ruído mais famosos, que tocam um som mais fácil de agradar a massa, o AKG parece que tenta ser mais analítico. Isso fica em linha com o histórico da marca austríaca, tradicionalmente voltada para audiófilos.

Os graves estão presentes, têm profundidade e não são secos, mas não trazem aquele pequeno ganho comum nos produtos mainstream: eles são mais neutros, o que também pode ser visto como algo “menos divertido” por algumas pessoas.

Fone AKG N700NC

Os médios são equilibrados, sem grandes picos, enquanto as frequências altas parecem aparecer mais do que de costume, o que dá um bom destaque para as vozes e alguns instrumentos, como pratos de bateria, além de trazer uma sensação de detalhamento e abertura. É algo que eu particularmente gosto, mas está um nível acima do que eu quero em um headphone para ser usado por muitas horas seguidas.

Aqui, vale lembrar que o N700NC não tem suporte a aptX, LDAC ou qualquer outro codec de alta qualidade ou baixa latência. Ao assistir a uma série no avião, o atraso do som ficou bem no limite do aceitável — mas quem é mais sensível ou exigente provavelmente vai querer conectar o cabo.

Cheguei a ver alguns testes de espectro em que o AKG N700NC conseguia até filtrar mais ruído que fones de ouvido como o Sony WH-1000XM3. Não foi o que eu ouvi. No avião, o headphone da AKG foi notavelmente inferior ao clássico da Sony e ao Bose QuietComfort 35 II, deixando passar mais som do motor. Não chega a ser um problema em músicas, mas pode incomodar em filmes e podcasts, nos períodos de silêncio.

Fone AKG N700NC

A bateria agradou, com autonomia de aproximadamente 21 horas com o cancelamento de ruído ativado, conexão Bluetooth e o volume no médio — ou seja, um pouco mais do que as 20 horas prometidas pela AKG. Foi um pouco estranho acompanhar o nível de carga: em 10 horas, a bateria despencou de 100% para 30%, mas os 30% restantes levaram mais tempo para serem consumidos (?). Isso aconteceu em dois dias de teste.

Em todo caso, é uma bateria suficiente mesmo para dar conta de viagens mais longas. Se a energia acabar, um carregamento completo levou em torno de 2h30min nos meus testes.

Vale a pena?

Fone AKG N700NC

Depende. O AKG N700NC está sendo lançado no Brasil pela Samsung, que é dona da Harman, mas me parece ser um headphone que só é ideal para um público específico — e não para a grande massa, que é para quem a fabricante coreana costuma vender. Ele tem um som competente, mais neutro e claro, mas o cancelamento de ruído é apenas ok, abaixo das marcas mais conhecidas nesse segmento.

É claro que existem pessoas que preferem uma assinatura de som mais neutra, mas eu me peguei perguntando se isso fazia sentido para esse tipo de produto. Afinal de contas, não é um fone de ouvido que você vai ouvir nas condições ideais, em um ambiente silencioso, prestando atenção em todas as nuances. Pelo contrário: vai usar em um lugar barulhento, por Bluetooth (o que já comprime o som) e com cancelamento de ruído ativado (o que interfere ainda mais no som).

Fone AKG N700NC

As alternativas no mesmo preço seriam o Sony WH-1000XM3 (no Brasil) e o Bose QuietComfort 35 II (para quem pode comprar fora). O Sony tem um cancelamento de ruído impecável: é o melhor do segmento e superior ao AKG; em compensação, ele tem muita ênfase em graves, o que deixa a maioria das pessoas felizes, mas pode parecer um pouco claustrofóbico e colorido demais para outras. O Bose é mais contido, mas ainda é bastante “musical” e divertido — só não tem todos os recursos da Sony, como o ajuste de pressão atmosférica e o som adaptável.

O headphone com cancelamento de ruído da AKG é meio que um “híbrido”: funciona mais ou menos bem em diversas situações, mas não é o melhor em nenhuma delas. Por R$ 1.699, o AKG N700NC é para poucos, em todos os sentidos da palavra.

AKG N700NC

Prós

  • Assinatura mais neutra é diferente das referências do mercado
  • Bateria com boa duração
  • Confortável para ser usado por longas horas
  • Estojo de transporte rígido e design convincente

Contras

  • Aplicativo poderia ser mais completo
  • Merecia uma conexão USB-C, né?
  • Suporte limitado a codecs de áudio
Nota Final 8.3
Agudos
9
Bateria
9
Conectividade
8
Conforto
8
Design
8
Graves
9
Isolamento
7
Médios
9
Recursos
8

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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