Samsung Galaxy Note 10+: mantendo o nível

Com preço salgado, Galaxy Note 10+ reúne melhor tela, hardware e câmeras da Samsung para ser quase perfeito

Paulo Higa
Por
• Atualizado há 10 meses
Samsung Galaxy Note 10+

O Galaxy Note 10+ é o smartphone mais poderoso da Samsung em 2019. Em mais uma geração par, o celular trouxe boas novidades, como um design reformulado, câmeras mais inteligentes e uma caneta mais completa, não só para escrever e desenhar na tela enorme de 6,8 polegadas, mas também para controlar o aparelho à distância.

Como de costume, o smartphone premium da Samsung custa bem caro no lançamento. Será que vale a pena gastar R$ 6 mil em um celular? Eu usei o Galaxy Note 10+ como meu aparelho principal e conto tudo nos próximos minutos.

Análise do Galaxy Note 10+ em vídeo

Design

O Galaxy Note 10+ ganhou um sufixo “Plus” neste ano, mas não é maior que o Galaxy Note 9. A Samsung aumentou a tela de 6,4 para 6,8 polegadas, mas reduziu as bordas e até conseguiu tornar o celular um pouco mais fino. Por isso, a ergonomia é a mesma de sempre: embora eu prefira aparelhos mais compactos, quem está acostumado com a linha Note não deve notar nenhuma mudança significativa na pegada.

Samsung Galaxy Note 10+

A Samsung lançou o Galaxy Note 10 nas cores tradicionais para quem é conservador e ainda compra smartphone preto. Mas para que escolher uma cor quando se pode ter todas? A versão que eu testei, batizada de Aura Glow, é uma mistura de prata com vermelho, com amarelo, com verde, com azul e com qualquer outra coisa dentro do espectro visível. É bonito, parece um CD-ROM e fica mais melado de impressões digitais que qualquer outro celular do mercado.

Samsung Galaxy Note 10+

Demorou, mas a entrada de 3,5 mm para fones de ouvido foi aposentada. A Samsung é a última grande fabricante de smartphones a remover a conexão em um topo de linha e justificou que isso foi necessário para aumentar a bateria em cerca de 100 mAh e melhorar o feedback tátil. De fato, o motor de vibração está mais silencioso, como o do iPhone XS, mas não sei quantas pessoas realmente se importam com esse detalhe.

Samsung Galaxy Note 10+

Na caixa, a Samsung envia um fone de ouvido USB-C com a marca da AKG, com o mesmo bom nível de qualidade sonora das gerações passadas e um fio ligeiramente mais espesso, que evita embolamentos. Infelizmente, o adaptador de USB-C para P2 não está incluso. Portanto, se você quer usar seus próprios headphones e ainda não se curvou ao Bluetooth, deve comprar o acessório à parte. Para quem já vai gastar milhares de reais em um celular, isso não parece ser um grande problema.

Samsung Galaxy Note 10+

Outro componente que foi aposentado é o botão dedicado para a Bixby. Até então, os smartphones premium da empresa tinham o liga/desliga do lado direito, um controle de volume do lado esquerdo e um terceiro botão para chamar a assistente pessoal da Samsung que, inclusive, ainda não fala português do Brasil. No Galaxy Note 10, não existe nenhum botão do lado direito, o que deixou meu cérebro bem confuso no primeiro dia (mas só no primeiro dia).

Não preciso me estender demais sobre a qualidade de construção do Galaxy Note 10: é um sanduíche de vidro e metal com peças muito bem encaixadas e um acabamento que transparece a sensação de smartphone premium a todo momento.

Tela e leitor de impressões digitais

A tela do Galaxy Note 10+ é uma AMOLED de 6,8 polegadas com resolução de 3040×1440 pixels e proteção Gorilla Glass 6 contra arranhões. Faz tempo que a linha Note é equipada com as melhores telas da Samsung e nada mudou na nova geração: é um painel com altíssimo brilho, ângulo de visão perfeito e cores equilibradas.

Samsung Galaxy Note 10+

Mesmo procurando muito, é difícil encontrar algum defeito. Se eu fosse ainda mais chato, talvez apontasse a taxa de atualização de 60 Hz como ponto negativo, afinal, já estamos começando a ver celulares premium com 90 ou 120 Hz. Se a Samsung efetivamente quer conquistar o público gamer, talvez este seja o último detalhe que ainda falta implantar.

Diferente do Galaxy S10, o Galaxy Note 10 tem um furo central, não lateral, para a câmera de selfie. É uma abordagem mais discreta que o notch tradicional por ocupar menos espaço e não formar chifres no painel. E a lente da câmera é tão pequena que passa despercebida no dia a dia. O fato de a Samsung ter abandonado o sensor de profundidade e o leitor de íris na câmera frontal também colaborou para manter um bom aproveitamento de tela.

Samsung Galaxy Note 10+

Também é na tela que fica o leitor de impressões digitais. O Galaxy Note 10 vem com um sensor ultrassônico, que é mais seguro e se mostrou mais inteligente que o leitor óptico do Huawei P30 Pro, por exemplo. Mesmo com o polegar suado ou úmido, o aparelho da Samsung conseguiu reconhecer minhas impressões digitais de forma rápida e precisa.

A Samsung fez uma correção bem-vinda no posicionamento do leitor de impressões digitais: no Galaxy S10, o sensor ficava mais embaixo, talvez em uma tentativa de imitar o lugar dos antigos botões físicos. No Galaxy Note 10, o leitor subiu um pouco, deixando o processo de desbloqueio mais natural. E, como a tecnologia amadureceu nos últimos meses, eu não passei por nenhum problema estranho, como demoras na leitura ou tentativas de desbloqueio no bolso da calça. Funciona como deveria.

Software

Samsung Galaxy Note 10+

O Galaxy Note 10 roda o Android 9.0 Pie com a One UI 1.5, que talvez seja a melhor interface de smartphone disponível atualmente no mercado. É até engraçado como a Samsung, que tinha uma das piores personalizações de Android na era TouchWiz, tenha desenvolvido algo tão bom, com telas limpas, fluidas e harmônicas entre si.

A One UI se sobressai em celulares de tela grande, o que é justamente o caso do Galaxy Note 10. A maior parte dos botões, listas e menus que precisam ser acionados com mais frequência está em uma região que pode ser alcançada com o dedão, assim, você não precisa usar as duas mãos o tempo todo em um smartphone de 6,8 polegadas.

Samsung Galaxy Note 10+

Mas o que realmente importa em um software de Galaxy Note são os recursos da S Pen. A Samsung adicionou um monte de besteirinhas que comento adiante, mas o aplicativo que eu realmente usei foi o Samsung Notes, para fazer anotações rápidas à mão. É bastante prático simplesmente tirar a caneta do compartimento, mesmo com a tela desligada, e começar a rabiscar.

O problema é que, muitas vezes, os manuscritos acabavam perdidos no meio da bagunça: era preciso ser organizado para excluir logo os rabiscos dispensáveis e não perder de vista o que era importante. Mas a Samsung implantou uma tecnologia que reconhece o manuscrito e permite buscar as notas. Foi eficiente, inclusive em português, mesmo para quem não tem a letra mais bonita do mundo.

Samsung Galaxy Note 10+

A S Pen continua precisa e a tecnologia de rejeição de palma da Samsung é muito boa, o que é importante especialmente para canhotos. No Galaxy Note 10, ela ganhou novos sensores para reconhecer gestos no ar. Isso significa que, além de funcionar como um controle remoto para tirar uma selfie ou passar o slide de uma apresentação, é possível dar zoom na câmera fazendo um círculo no ar no sentido horário, por exemplo.

Sinceramente? É uma perfumaria legal para mostrar para os amigos, mas eu ficaria muito surpreso se alguém realmente adotasse algum desses gestos da S Pen no dia a dia. Mesma coisa para os rabiscos em realidade aumentada: dá para brincar no começo, mas a tendência é esquecer que eles existem e focar no que interessa.

Uma possível utilidade poderia surgir em aplicativos de terceiros e, de fato, a Samsung lançou um kit de desenvolvimento para a S Pen. Mas a verdade é que os coreanos não têm tanta força para emplacar um recurso exclusivo dessa forma. Prova disso é que o Galaxy Note 9 também prometia suporte para aplicativos de terceiros com a nova S Pen com controle remoto — e eu estou esperando esses softwares até agora.

Câmera

Teste de câmera do Samsung Galaxy Note 10+

A Samsung vem acertando de forma sucessiva nas câmeras dos smartphones mais caros. O Galaxy S10+ estreou a lente grande angular em um topo de linha da Samsung, que manteve a novidade. A teleobjetiva permanece com zoom óptico de 2x, mas está com uma abertura maior, o que fez muito bem para as fotos, como explico adiante. E a câmera principal tem a famosa lente com abertura dupla, de f/1,5 ou f/2,4, que se adapta às condições de iluminação do ambiente.

O aplicativo de câmera do Galaxy Note 10 está intuitivo, processa as imagens rapidamente em qualquer condição de iluminação e atende quase todo tipo de público: quem gosta de mexer na abertura, ISO e foco pode fazer isso, mas as sugestões de enquadramento e nivelamento, além das otimizações de cena, facilitam a vida das pessoas mais… normais.

Teste de câmera do Samsung Galaxy Note 10+
Teste de câmera do Samsung Galaxy Note 10+
Teste de câmera do Samsung Galaxy Note 10+

Quanto às fotos, não temos grandes surpresas: o Galaxy Note 10+ tira fotos com excelente definição, zero ruído, foco preciso e um alcance dinâmico extremamente amplo. É muito difícil ver regiões estouradas ou subexpostas, mesmo clicando sob a luz do sol. A lente teleobjetiva atinge um detalhamento muito bom e se mostra útil para fotografar objetos menores.

Teste de câmera do Samsung Galaxy Note 10+
Teste de câmera do Samsung Galaxy Note 10+
Teste de câmera do Samsung Galaxy Note 10+

O estilo do Galaxy Note 10+ é “foto bonita e pronta para postar no Instagram”. Apesar de não ser exagerado, o ganho nos tons de cores para impressionar os olhos é bastante perceptível. A Samsung também adota um efeito de sharpening para causar uma maior impressão de nitidez, mas o filtro é bem mais natural que na época do Galaxy S6, por exemplo, quando causava até serrilhados.

Teste de câmera do Samsung Galaxy Note 10+
Teste de câmera do Samsung Galaxy Note 10+
Teste de câmera do Samsung Galaxy Note 10+

As fotos com a lente principal não fugiram tanto do bom padrão de qualidade, mas fiquei bastante contente com as imagens capturadas pela ultrawide e pela teleobjetiva. O alcance dinâmico da lente com zoom é melhor que nas gerações anteriores, especialmente quando a iluminação não ajuda. E a grande angular quase não gera ruídos ou perdas de definição mesmo em cenários noturnos, quando as cores se mantém bastante agradáveis.

Teste de câmera do Samsung Galaxy Note 10+
Teste de câmera do Samsung Galaxy Note 10+
Teste de câmera do Samsung Galaxy Note 10+
Teste de câmera do Samsung Galaxy Note 10+

Já na câmera de selfie, eu não tinha expectativas altas por causa do novo posicionamento no meio da tela, o que inevitavelmente gera mais desafios de captura de luz; e por causa da redução na abertura da lente, que era de f/1,7 no Galaxy Note 9 e agora passou para f/2,2. Tinha tudo para ser uma câmera pior, mas as melhorias no software aparentemente compensaram a teórica piora nas especificações técnicas.

As selfies da Samsung sempre foram criticadas devido ao excesso de pós-processamento, que remove detalhes dos rostos, mas eu não notei mais esse problema no Galaxy Note 10. O efeito de embelezamento vem ligado por padrão, como em todo celular oriental, mas basta desativá-lo para que a nitidez apareça: dá para ver tranquilamente os poros da pele. Em cenários com pouca luz, o algoritmo entra em ação para compensar as limitações do sensor e remove alguns detalhes, mas a qualidade das selfies ainda é boa.

Teste de câmera do Samsung Galaxy Note 10+
Teste de câmera do Samsung Galaxy Note 10+

Hardware e bateria

O Galaxy Note 10+ vendido no Brasil tem processador octa-core Samsung Exynos 9825, 12 GB de RAM e 256 ou 512 GB de memória flash. O desempenho é o mesmo de qualquer outro smartphone caro do mercado: todas as animações são fluidas, qualquer aplicativo carrega rapidamente e não há nenhum sinal de travamento.

O desempenho em jogos foi muito bom. A Samsung tomou alguns cuidados, como adotar um sistema de resfriamento mais eficiente, para manter a performance por mais tempo e evitar o estrangulamento térmico. Eu coloquei isso à prova, rodando Asphalt 9 com o brilho da tela no máximo em um ambiente a cerca de 25 ºC e, de fato, não notei nenhuma lentidão mesmo depois de meia hora de jogatina.

Samsung Galaxy Note 10+

A bateria é de 4.300 mAh e aguenta o dia todo. O Android da Samsung é mais agressivo com aplicativos rodando em segundo plano, o que ajuda a manter uma boa autonomia no uso diário. Nos meus testes, com cerca de duas horas de música no 4G, uma hora de navegação na web pela rede móvel e brilho no automático, eu sempre chegava ao final do dia com carga entre 35% e 45%, o que é bom para um celular topo de linha.

Uma das diferenças do Galaxy Note 10 para o Galaxy Note 10+ é que o modelo maior suporta carregamento ultrarrápido de 45 watts. Mas, infelizmente, o acessório é vendido à parte: na caixa, a Samsung só manda um adaptador de tomada de 25 watts.

Samsung Galaxy Note 10+

Não é a recarga mais rápida do mundo e me fez sentir um pouco de falta do Huawei P30 Pro, mas o carregador de 25 watts da Samsung faz um bom trabalho. Quando a bateria chegou a 10%, eu coloquei o Galaxy Note 10+ na tomada. Meia hora depois, a carga já estava em 66%. Com uma hora, o nível de bateria atingiu 98%. É velocidade suficiente para você não ficar preso a um cabo se precisar de energia extra antes do final do dia.

Vale a pena?

Samsung Galaxy Note 10+

Não é segredo que eu sou do time do Galaxy S, que não enxerga tanta vantagem nos recursos de produtividade da linha Note, mas é fato que o celular da Samsung com caneta já tem um público cativo, que faz questão de escrever à mão, consumir conteúdo em uma tela gigante e experimentar novos recursos — afinal de contas, a Samsung costuma testar funções primeiro no Galaxy Note, antes de levá-las aos outros aparelhos.

Tanto é que eu não falei de todos os recursos novos do Galaxy Note 10+ para não transformar este review em um livro ou um vídeo de meia hora. Mas ele continua com as boas características dos topos de linha da Samsung, como a certificação IP68, o carregamento wireless (inclusive reverso) e o vídeo com ultraestabilização, além de ter recebido filmagem com desfoque de fundo em tempo real, um scanner 3D para objetos e um DeX mais integrado com o PC.

Samsung Galaxy Note 10+

No segmento premium, a minha escolha de Android continua sendo um Galaxy S10+, que possui desempenho, tela, câmeras e bateria quase no mesmo nível, com a vantagem de ter um preço menos salgado. No Brasil, as marcas foram desistindo das faixas de preço mais altas, então não existem tantos concorrentes — o rival mais direto seria o iPhone XS Max, que é um produto excelente, mas que dificilmente rouba usuários de Android.

Para quem já está acostumado com a linha Note, não tem muito para onde fugir. O aparelho sempre foi caro e, nesta geração, está quase perfeito: a Samsung juntou sua melhor tela, suas melhores câmeras e seu melhor hardware para construir um smartphone bom em tudo. Quem tem um Galaxy Note 9 não deve se preocupar em gastar dinheiro agora, mas o upgrade é bastante considerável para os donos de Galaxy Note 8 e anteriores.

Especificações técnicas

  • Bateria: 4.300 mAh, com carregamento de 25 watts (padrão) ou 45 watts (adaptador de tomada vendido separadamente)
  • Câmera frontal: 10 megapixels (f/2,2)
  • Câmeras traseiras:
    • Telefoto: 12 megapixels (f/2,1), com estabilização óptica de imagem e campo de visão de 45 graus
    • Grande angular: 12 megapixels (f/1,5 ou f/2,4), com estabilização óptica de imagem e campo de visão de 77 graus
    • Ultrawide: 16 megapixels (f/2,2), com campo de visão de 123 graus
    • Sensor de profundidade: VGA (ToF)
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11a/b/g/n/ac/ax, GPS, Glonass, Galileo, Bluetooth 5.0, USB-C 3.1, NFC;
  • Dimensões: 162,3×77,2×7,9 mm
  • GPU: Mali-G76 MP12
  • Memória externa: entrada para cartão microSD de até 1 TB
  • Memória interna: 256 ou 512 GB
  • Peso: 198 gramas
  • Processador: octa-core Samsung Exynos 9825 de até 2,73 GHz
  • Plataforma: Android 9 Pie com interface One UI
  • RAM: 12 GB
  • Tela: 6,8 polegadas, Quad HD+ (3040×1440 pixels), entalhe Infinity-O, painel AMOLED Dinâmico com HDR10+, redução de luz azul, brilho de até 1.200 nits e proteção Gorilla Glass 6

Receba mais sobre Galaxy Note na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

Relacionados