A Superintendência Geral do Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta segunda-feira (9) a compra da Nextel pela Claro. O negócio avaliado em US$ 905 milhões foi anunciado em março de 2019. A aprovação ocorreu sem restrições.
- TIM e Vivo apontam riscos à concorrência na fusão da Claro e Nextel
- Claro anuncia fim da marca NET e absorve TV por assinatura e internet fixa
Nas considerações, o Cade destaca que a Nextel é uma operadora “eminentemente regional”, tendo baixa participação de mercado quando comparada com as demais. Além disso, o órgão destaca que as concorrentes “têm capacidade de absorver uma eventual demanda desviada em virtude de qualquer tentativa de poder de mercado”.
Isso porque em julho de 2019 a Nextel tinha market share nacional de 1,53%, enquanto a Claro possuía 24,71%, sendo a segunda maior operadora em número de clientes. Com a compra da Nextel, a Claro continua no segundo lugar, perdendo para a Vivo, com 32,33% do mercado, além de se distanciar da TIM na disputa do 2° lugar, com 24%.
A superintendência também afirma que concorrentes como Vivo, TIM e, em certa medida, Oi, possuem condições de rivalizar por preços e qualidade em quaisquer mercados geográficos. O estudo do Cade demonstra inclusive ofertas de plano controle das quatro maiores operadoras, todas com valores e franquias de internet similares.
E justamente por isso o parecer aponta que, somado à facilidade da troca de operadora por meio de portabilidade, o mercado de telefonia móvel possui “relativa homogeneidade de preços e tipos de pacotes, havendo uma alta substituibilidade entre produtos de uma operadora para outra”.
Por fim, o Cade conclui que “não há risco de qualquer tipo de fechamento de mercado decorrente da integração vertical analisada”. Dessa forma, a Nextel pode respirar com calma: a operadora corria risco de ficar sem dinheiro caso a fusão não fosse aprovada.
Redução para três operadoras preocuparia
Muito se diz sobre consolidação no mercado de telefonia móvel, e o Cade já deu seu recado: a redução no número de grandes players (de quatro para três), independentemente do arranjo “resultaria em uma clara preocupação quanto ao aumento da possibilidade de atuação coordenada entre eles”, como a formação de um “cartel” entre as empresas atuantes.
Essa notícia chega em uma hora complicada, uma vez que a situação financeira da Oi não é saudável: a operadora passa por um complicado processo de recuperação judicial com dívidas bilionárias. A operadora tenta levantar R$ 2,5 bi em caixa para não ficar sem dinheiro no ano de 2020, e a própria diretoria não descarta um possível desmembramento que permita a venda do negócio móvel.
A operadora tem focado na expansão da sua rede de fibra óptica para aumentar a presença no mercado de banda larga através do formato FTTH. O plano estratégico da operadora nem fala muito da Oi Móvel.
Com informações: TeleSíntese, Cade
Comentários
Envie uma perguntaOs mais notáveis
Se for pra botar fé, eu coloco nas empresas de telecom chinesas ou em fundos de investimento. Até em empresas de telecom de países de terceiro mundo (como o Brasil), como do Egíto e Rússia. Agora as dos EUA e da Europa, duvido muito.
É exatamente o que você disse. Eu torço pra qualquer empresa comprar a Oi, desde que não seja a Claro, Tim e Vivo (ou suas matrizes). De resto, qualquer um.
Creio que sim, mas eu queria que a Oi recebesse uma injeção de recursos pra não precisar vender a divisão de telefonia móvel.
Acho que só comprariam caso o Brasil deixasse de ser o pesadelo burocrático, tributário e trabalhista que é, mas com essa classe política ordinária, sem especificar partido X ou Y, tá difícil...
Não boto fé na at&t. Penso na possibilidade de ser apenas um blefe dela afinal ela tem preocupações maiores. Mas não custa nada sonhar. O que de fato não pode acontecer é a OI cair nas mãos de empresas que já atuam aqui.
A questão é que provavelmente a AT&T está fingindo que quer comprar para receber a aprovação da Anatel sob a compra da Time Warner no Brasil.
Porque na época do início da recuperação judicial da Oi (2016/2017), empresas russas, egípcias e chineses se mostraram interessadas na Oi, mas a AT&T e as americanas não se interessaram. Acho difícil a AT&T querer agora, sendo que ela tem problemas maiores para se preocupar nos EUA (como a fusão da T-Mobile e a Sprint por lá e a própria dividida dela com a compra da Time Warner no mundo).
Por isso a ideia delas é comprar a Oi fatiada. Cada um compra uma região da Oi onde a empresa que está comprando tem pequena participação de mercado regional.
Com isso elas eliminariam uma concorrente (Oi) e evitariam a entrada de uma nova empresa no mercado (chineses, AT&T, etc)
At&t pode comprar a OI só depende da mudança da lei.
Acredito que VIVO, Claro E TIM não iriam receber permissão do CADE para comprar a Oi por conta da concentração de mercado.
Tô mais preocupado é com a Oi, alguma empresa estrangeira tem que comprar urgente a operadora pra afastar o risco de outra concorrente comprar e concentrar ainda mais o mercado.
edit: é só aqui que esse anúncio do Biz e da Vivo abrem sozinho na versão móvel? Duas vezes o anúncio carregou mesmo sem eu clicar.
* OLIGOPÓLIO INTENSIFIES *